Preparando-se para a festa de Dubrugas |
Meus caros,
pra começar, não
exagero quando digo que Solidão, a Comédia, com Diogo Vilela, foi
o melhor monólogo que assisti em minha vida. Melhor inclusive do que Quadrante,
o monólogo de Paulo Autran; estes são basicamente os dois únicos monólogos de
que eu realmente gostei. Mas também não era pra menos; além do texto de
Vicente Pereira - comentado no programa da peça por Caio Fernando Abreu - e da
direção de Marcus Alvisi - comentada no mesmo programa por Rubens Corrêa - Solidão,
a Comédia tinha cenários de Gringo Cardia e figurinos de Conrado
Segreto. Uma constelação de grandes valores artísticos, muitos dos quais se
foram ainda no primeiro lustro da década de 90. Assisti Solidão, a
Comédia pela primeira vez em maio de 1991, no Teatro Ruth
Escobar, aqui em São Paulo.
Esperando Aline |
No segundo e no quarto sketch - "Coração Santo" e "Paris em Chamas" - Diogo interpretava mulheres: a prostituta Solange e a perua Geneviève. O alívio cômico da peça, mas sempre no limiar do trágico e do patético. O terceiro episódio chama-se "A fogueira das vaidades" e mostra um casal preparando-se para uma festa, na casa do amigo Dubrugas. A ação se desenrola enquanto Diogo espera que sua mulher saia do banho. É um dos meus favoritos. À medida em que sua mulher vai cada vez mais demorando-se no banho, o desespero de Diogo cresce e a tensão se torna insuportável. O medo de que sua mulher o tenha deixado sozinho para ir à festa de Dubrugas, ou mesmo de que o tenha deixado é sentido por todos. O alívio impregnava o teatro quando, no fim do sketch, a porta do banheiro finalmente se abria e Diogo olhava para o público com cara de vitória.
"Te Invejo!"... |
Com Diogo, em 1994 |
Com a saudosa Célia Helena, também em 94 |
Em seguida, Solidão, a Comédia viajou pelo Brasil, numa carreira vitoriosíssima de 3 anos. E eu sempre carreguei a tristeza de não tê-lo visto novamente. Quando a oportunidade surgiu, já em 94, não perdi. Fui assistir a peça no encerramento de sua temporada nacional, no João Caetano. Me emocionei da mesma forma, de novo, assim como todo o teatro. Na saída, lembro-me da saudosa Célia Helena. De olhos marejados, pude ouvi-la comentar: "Que homem de teatro...!"
Solidão, a Comédia é um marco do teatro brasileiro. Uma obra-prima. É um privilégio tê-lo assistido duas vezes.
Eu assistí na época! Me marcou profundamente!
ResponderExcluirNa época não consegui ir ver, cheguei a ver um trecho. E fiquei encantada .
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