segunda-feira, 26 de setembro de 2022

O debate de ontem


O debate do SBT

Vamos à terrível tarefa de fazer um comentário rápido sobre o debate de ontem:

LULA - Não foi. Repetiu expediente comum nas eleições brasileiras: candidato que lidera não perde tempo se chamuscando em debates. O caso de Lula é mais grave porque precisa responder a dezenas de acusações de corrupção, e está fresca em nossa memória o chilique histérico dado pelos petistas quando Bolsonaro fez isso, em 2018. Enfim, nada que já não esperássemos de um desclassificado como Lula.

BOLSONARO - Como sempre soubemos, é o Lula da direita. Que país de merda o nosso: Valdemar Costa Neto, o homem que costurou a aliança de Lula e José de Alencar em 2002, mais tarde condenado e preso pelo mensalão, é hoje colega de Bolsonaro no PL. Bolso atravessou com tranquilidade o debate. Mentiu, se esquivou, citou avanços fictícios e jogou fumaça sobre as acusações de corrupção dele e dos filhos. A presença de inúteis como Soraya, Dávilla e aquela criatura que se diz padre ajudaram a diluir a contundência e a eficácia dos ataques. E de mais a mais, o eleitorado de Bolso é o mesmo de Lula. Vão apoiá-lo não importa que barbaridade ele disser ou fizer.

SIMONE TEBET - Decepcionante. Eu gosto dela e ficarei satisfeito se ela tiver uma boa votação, mas não vejo maior profundidade em seu discurso. Ela embarcou na onda da terceira via e ainda marcou o tento de escalar Mara Gabrilli como companheira de chapa. Pertence, entretanto, a um partido fisiológico que é, hoje, sombra do que foi no passado, e não creio que possa fazer frente aos dois répteis pré-históricos que polarizam as intenções de voto. Deveria ter tido a humildade de aceitar a vice-presidência na chapa de Ciro Gomes.

E não posso deixar passar o fato de que ela pronunciou uma das frases mais horrendas e anacrônicas que já ouvi: "O feminismo no Brasil precisa ser entendido não como uma pauta de esquerda, mas como uma pauta cristã". ARGH! Em cemitérios do mundo inteiro, os ossos de grandes feministas devem ter dado cambalhotas de nojo e revolta. Mulheres que sofreram e morreram lutando pelo direito do aborto. Pelo direito de poderem decidir sobre seu corpo e sua gravidez. Que vergonha, Simone.

CIRO - É de longe o mais bem preparado. É, aliás, o ÚNICO bem preparado. Sempre deixei claríssimas as minhas restrições a Ciro, mas sua superioridade diante desse elenco de candidatos é uma das coisas mais berrantes que já vi. Lamento imensamente que ele tenha flertado tanto com o PT na segunda metade da década passada, e batido tão forte em Sérgio Moro nos últimos tempos, porque isso efetivamente o inviabilizou com o centro e o centro-direita, que o verão para sempre com desconfiança. Ciro é o melhor candidato. Mas há um limite para a quantidade de vezes que um homem honesto pode dar tiros no próprio pé. Rezo para que Ciro ainda não tenha alcançado esse limite.

FELIPE D'ÁVILA - Não conheço mas parece ser boa pessoa. Só que a premência de nos livrarmos de Lula e Bolso é grande demais para que esta eleição sirva de vestibular para gente que quer se lançar na política. A terceira via não aconteceu pelo egoísmo de gente assim. Além de perder, ainda contribui para a vitória de alguém deplorável.

SORAYA - Nada a dizer sobre o Bolsonaro de saias.

CRIATURA QUE SE DIZ "PADRE" - Por que essa criatura ridícula pode participar, e o Eymael fica de fora? Ou seja, esse zé-ruela que ninguém nunca viu mais gordo pode atrapalhar e falar merda numa boa, mas o Eymael, que é ex-deputado constituinte não pode nem estar presente? É o fim da picada.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Minestrone Cultural XX


LUIS GUSTAVO (1934/2021)

Teatro Copacabana, Rio, julho de 1991

Que ano mais terrível... Tatá... Tatá tinha quase setenta anos de carreira. Começou pouco depois da inauguração da TV Tupi mas explodiu, mesmo, em fins da década de 60 com Beto Rockfeller, de Bráulio Pedroso e Cassiano Gabus Mendes. Direção de Lima Duarte. A novela foi um fenômeno. Tatá se tornou o ator mais famoso, mais descolado, mais desejado do Brasil. Era jovem, bonito, divertido, tinha aquelas sobrancelhas expressivíssimas e trazia a temeridade da malandragem. Tatá era Beto e Beto era Tatá. Não havia ninguém mais perfeito para interpretar Beto, do que Tatá.

Desde criança eu via um LP entre os discos de meus pais, com a trilha de uma novela chamada "A Volta de Beto Rockfeller". Associava uma coisa à outra mas só anos depois vim a saber que aquela fora uma tentativa de reeditar o sucesso da primeira. A Tupi investiu pesado, chamou Bráulio Pedroso e grande parte do elenco original, a direção foi para o grande Osvaldo Loureiro, mas a magia não se repetiu. Tatá transcendera o personagem e estava pronto para novas aventuras.

Não sei como escrever um texto sobre Tatá. Sua carreira é vasta e riquíssima, mas ao mesmo tempo ele é uma referência de toda a minha vida, assim como Tarcísio. Acompanho sua carreira na TV desde que me conheço por gente. Era seu fã incondicional. Assistia e gravava TiTiTi todos os dias.

Pude vê-lo ao vivo e beijar sua mão depois de uma apresentação de Ações Ordinárias, no Teatro Copacabana. Mas nada se compararia ao que estava prestes a acontecer, nos anos seguintes. Certa noite , em 1995 (terminada a temporada da peça Batom, que Tatá estrelava com Fúlvio Steffanini, Elaine Cristina e Ana Paula Arósio), vou com meu amigo Alexandre Santilli ao Bodega, bar que Tatá mantinha em Moema, com os sobrinhos Tato e Cássio. Lá pelas tantas, próximo à meia-noite, eis que Tatá aparece e vendo Alexandre (de cuja irmã era amigo), senta-se tranquilamente conosco. Meus olhos brilhavam e meu coração batia descompassado. Deixei-o falar. Precisava de tempo para me acalmar e digerir a presença daquele meu ídolo ali, na minha frente, tão disponível. E de mais a mais, Tatá gostava de falar e era um grande conversador.

Batom: Fúlvio, Arósio, Tatá e Elaine Cristina

Passado o choque, comecei a me inserir na conversa e a trazer informações sobre sua carreira. Pude comprovar pela centésima vez que é o que qualquer artista com décadas de experiência mais aprecia. E passamos em revista a sua longa carreira, desde a Tupi até aquele momento. Ele falava, empolgado e bem-humorado, sobre o Cego Léo ("Te Contei?", 1978), que considerava um personagem injustamente engolido pela fama dos que vieram a seguir. Gostava de Mário Fofoca mas sentia que um de seus maiores momentos fora, de fato, o Victor Valentim da novela TiTiTi. Pergunto-lhe se era verdadeiro o boato de que ele e Reginaldo Farias tiveram rusgas durante a gravação da novela. "Nenhuma. Mas havia uma previsão de que em determinado momento os personagens iam começar a brincar e explorar mais a questão do espanhol e do francês; o Reginaldo toca muito bem o violão, queriam que ele tocasse aquelas melodias francesas, e tal, e no fim ele não quis. Eu, por outro lado, me entreguei a isso de corpo e alma. O resultado é que meu personagem acabou maior e mais rico".

Tatá e Reginaldo Farias, em TiTiTi

Comento a peça que assistira pouco antes no Rio e falo de minha admiração por Sebastião Vasconcelos. "Maravilhoso", me diz Tatá. Quando lhe disse que havia um filme no qual seu papel era feito por Danny Devito e o de Vasconcelos foi para Gregory Peck ele riu: "Imagina comparar um puta ator como o Sebastião a um canastrão como o Gregory". Pergunto-lhe sobre o malfadado último projeto de Cassiano Gabus Mendes, "Mapa da Mina". Ele responde com saudade: "Eu gostei do meu núcleo, com a Paula (Burlamaqui). Fazíamos com carinho, sobretudo por saber que ele já não estava bem. Mas quando ele morreu e a novela acabou eu simplesmente não consegui mais entrar num estúdio para gravar uma novela". E efetivamente, se passaram nove anos até que ele voltasse às novelas. Naquele período ele só trabalhou na série "Confissões de Adolescente". O humorístico "Sai de Baixo" estava no embrião. Tatá nos deu alguns insights curiosos do que foi o projeto inicial: "Estou trabalhando com o Fúlvio na idéia de uma série em que seremos vizinhos. E provavelmente trabalharemos com o Luiz Fernando Guimarães".

Tatá e o elenco de "Confissões de Adolescente"

O próximo encontro ocorreu meses depois, novamente no Bodega, só que desta vez após a gravação de um dos primeiros episódios do "Sai de Baixo". Mesmo jogo: Tatá se senta na nossa mesa, pede sua garrafa de Red Label e inicia-se mais uma conversa deliciosa com essa figura extraordinária de nossa arte. Primeiro, esclarece que o projeto inicial do programa fora abandonado por uma série de razões (Fúlvio estava envolvido com a gravação de infomerciais e no fim Tatá ou a Globo aparentemente optaram por Miguel Falabella, no lugar de Luiz Fernando Guimarães). Estava adorando fazer o "Sai de Baixo" e só tinha elogios para Falabella e Tom Cavalcante. Aracy nem se comentava, porque eram amigos há quarenta anos. Falamos de diversos artistas e me marcou muito o respeito e a admiração com que Tatá se referiu à atriz Ana Rosa (sua colega de "Beto Rockfeller") e sobretudo a Francisco Cuoco: "É um dos maiores atores brasileiros e provou isso, a partir de Boeing-Boeing", referindo-se à peça de Camoletti que Cuoco estrelou em 1964, com grande elenco e direção de Celli.

À certa altura um sujeito com sotaque espanhol se aproxima e o cumprimenta. Estava bêbado, mas falava coerentemente de sua admiração por Tatá no papel de Victor Valentim. Tatá agradeceu, calmo, e o sujeito continuou: "Mas é uma maravilha, a mãe do sujeito faz as coisas e ele leva a fama, e blá blá blá blá", falando da trama e cansando nossos ouvidos e nossa paciência. Tatá ouviu imperturbável e não objetou quando o sujeito pediu para tirar uma foto não deles dois, mas de nós três, sendo que ele ficaria de fora. Se esse inconveniente um dia ler isto aqui, saiba que hoje eu seria capaz de pagar para ver essa foto...

Tatá e o elenco de "Sai de Baixo"

Tatá estava feliz e realizado. Chegando quase aos sessenta e cinco anos, namorava  uma moça de quem gostava muito (a mesma que esteve com ele até o fim) e pretendia trazer à capital o espetáculo solo que chegou a fazer no interior de São Paulo, Meu nome é Beto Rockfeller, no qual contava histórias de sua extraordinária carreira. Ria ao lembrar-se da história que envolvia a desastrosa produção do Julio Cesar, de Shakespeare, com tradução de Carlos Lacerda e direção de Antunes. Curioso, peço-lhe que conte. A resposta foi um balde de água fria: "Essa você terá que assistir no espetáculo". Também sorria ao comentar que pretendia mudar o nome do espetáculo para Luis Gustavo em ConSerto.

Pergunto-lhe sobre sua absoluta ausência em programas de entretenimento ou entrevistas. Ele é categórico: "Não dou entrevistas. Não gosto". Comento seu depoimento ao especial de 40 anos da TV brasileira, na Cultura, em 1990: "Ah, mas aí era o Júlio Lerner, um puta cara competente, excelente profissional". Menciono sua raríssima entrevista a Bob Coutinho: "Esse é meu amigo. E para os amigos a gente abre exceções". Às cinco da manhã Tatá se levantou, veio em minha direção e me deu um abraço: "Foi uma honra conversar com um jovem como você".

Experiências que valem uma vida.

Tanta história e tantas histórias. Preciso de tempo para relembrar muita coisa. Sóbrio, Tatá era absolutamente encantador. Falava de maneira articulada e inteligente sobre TV, Cinema, Teatro e qualquer outro assunto. Só quem o conheceu pode dizer o que era rasgar uma madrugada com ele, proseando e bebendo. 

E agora ele se foi. Tatá era imensamente talentoso. Quem se recorda dele somente por Beto, por Victor Valentim ou Vavá, em "Sai de Baixo", não sabe o ator que ele era. O ator dramático que ele podia ser, quando queria. Quando o papel pedia.

Tatá era único e maravilhoso. (19/09/2021)



CÉLIO DEBES (1926/2021)

Com Fernando Jorge e Célio na Academia Paulista de Letras, 2002

Somente ontem fiquei sabendo que meu querido amigo e mestre Célio Debes - biógrafo de Campos Salles, Júlio Prestes e Washington Luís - se foi no dia 5 de setembro, aos 95 anos.

Havia um maravilhoso sebo 24 horas na Consolação, no fim da década de 90, e lá, certa madrugada, encontro os dois volumes da biografia de Campos Salles. Comprei-os. A leitura era pedregosa, mas a pesquisa era riquíssima. Pouco depois, na bibliografia de um livro de Fernando Jorge encontro citação ao primeiro volume da biografia de Washington Luís, escrito por Célio. Eu mal começara minha pesquisa sobre Jânio e os trabalhos de Célio me despertaram curiosidade.

Procurei-o na lista telefônica. Lá estava seu número. Liguei, falei com ele e dias depois, estávamos em uma prosa que foi de Jânio ao Largo São Francisco, e de lá para o início do século XX, com escalas no Paulista de Macaé e em dezenas de outros políticos paulistas que foram relegados propositalmente ao esquecimento por uma espécie de ditadura getulista de sociólogas e historiadores nacionais.

Célio tornou-se meu oráculo para lançamentos recentes de livros sobre assuntos referentes às décadas de 20 e 30. Naquela época foi lançada a biografia de Antônio Carlos; eram quatro horas de conversa com o Dr. Célio. Murilo Badaró lançou seu livro sobre Capanema; quatro horas de conversa com o Dr. Célio. E muito mais: "Dr. Célio, compro a biografia do Bernardes escrita pelo Bruno Magalhães?" "De jeito nenhum. É um livro tão parcial que chega a ser ridículo. É uma piada!" "Dr. Célio compro a biografia do Afonso Pena escrita pelo Lacombe?" "Ah, sim... o Américo é um grande historiador, o maior conhecedor de Ruy que já tivemos"...

Tenho histórias lindas com o Dr. Célio... sua posse na diretoria do Instituto Histórico (hoje em escombros), com Israel Dias Novaes e Paulo Bonfim... o lançamento do segundo volume do Washington, com Fernando Jorge, Farabulini, Miguel Reale... a amizade colateral com o Dr. Altino... lembranças preciosas. Escreverei sobre o Dr. Célio no blog, quando tiver digerido a tristeza de sua partida.

No momento trago apenas estes vídeos com o Dr. Célio. Filmei uma prosa nossa em junho de 2011 sobre o então ainda inédito terceiro volume de sua biografia de Washington. Praticamente me esqueci que tinha este material, e hoje lamento tão amargamente não tê-lo postado antes.

Célio Debes era um cavalheiro. Na mais ampla e profunda acepção da palavra. Um dos homens mais gentis, elegantes e generosos que conheci. (30/10/2021)

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Célio Debes fala sobre Washington Luís em Batatais (2011)

Célio fala sobre o início da carreira política de Washington Luís em Batatais, como Intendente, e a série de melhorias que empreendeu por lá no último lustro do século XIX.

     

Célio Debes fala sobre Washington Luís no exílio (2011)

Célio fala descontraidamente de Washington Luís no governo e no exílio, e ainda fala sobre seu colega historiador Antônio Barreto do Amaral (1903/1995), autor de diversos trabalhos significativos de nossa historiografia.


      

Célio Debes fala sobre o PRP e a eleição presidencial
que não houve (2011)

Célio fala sobre o PRP, o Partido Constitucionalista de Armando de Salles, sobre Altino Arantes, José Américo, Getúlio e a eleição presidencial de 1938, frustrada pelo golpe do Estado Novo.

     

HÁ 30 ANOS - BIBI E AMAURY JR.

     

Quando gravei esta magnífica entrevista de Bibi para Amaury Jr. (creio eu, no início de 92), não poderia imaginar que o VHS se tornaria obsoleto e que, por não ter mais um video-cassete, eu ficaria mais de duas décadas sem assisti-la.

Na minha recordação, a estréia paulistana do "Bibi in Concert" ocorreu no primeiro semstre de 1992, no extinto Palladium, no Shopping Eldorado. Perdi esse espetáculo e dei graças a Deus quando ele voltou em temporada relâmpago no Cultura Artística, no fim daquele ano. A título de curiosidade, Bibi contou-me, bem depois, que a temporada do Palladium não fora a melhor, pelo pouco tempo que a orquestra - diferente daquela que vemos no especial da Globo, gravado durante a temporada carioca - teve para aprender e estudar as músicas do espetáculo. Em se tratando de Bibi, contudo, quem assistiu pode se considerar amplamente privilegiado.

Bibi gostava de Amaury e sabia que o entrevistador estava lá para fazê-la sentir-se bem e dar uma entrevista gostosa e descontraída. E quando alcançava esse nível de conforto, Bibi se abria em recordações e contava histórias com o charme, o encanto e a bonomia que sempre a caracterizaram. E aqui vemos o melhor de Bibi. Sua memória estava perfeita, ela estava bem-humorada, sorridente, saudável e disposta. Fala sobre os 50 anos de sua carreira, fala do pai, dos amigos, do teatro, de sua idade, de seus espetáculos e de uma porção de outras coisas.

Rever esta entrevista depois de mais de 20 anos é agridoce. É sempre bom rever Bibi. Mas a saudade bate com violência. Bate com crueldade.

Divirtam-se. (07/12/2021)

HOMENAGEM AO DR. ATHOS (MACKENZIE/1996)

       

O grupo de teatro formado por mim e pelo César no Mackenzie enfrentou todos os tipos de dificuldades, desde materiais até a incompreensão, a hostilidade e o absoluto descaso da direção da faculdade. Foi quando conhecemos o Dr. Athos, presidente do Instituto, com quem topávamos ocasionalmente pelo campus ou em eventos protocolares e nos cumprimentávamos com cortesia, mas sem intimidade.

Um dia estávamos no MAM, em alguma exposição da Faculdade de Comunicação e Artes que mal me recordo; seguiu-se uma mesa, com os discursos congratulatórios de praxe e o evento estava prestes a ser encerrado quando, sem qualquer aviso prévio, o Dr. Athos se levantou, na primeira fileira e pediu a palavra. Fez um discurso rápido, mas acalorado no qual assinalou pontos positivos e negativos na condução de determinados aspectos do Instituto e da Universidade. Passou a comentar iniciativas que extrapolavam o campo acadêmico, mas que careciam do apoio e do patrocínio da Universidade: "Por exemplo: nós temos um grupo de teatro", disse, virando-se e olhando diretamente para mim e para César, "que eu aprecio muito e considero da maior importância!" Nosso queixo caiu. Ele continuou falando do grupo e nos fez um elogio extemporâneo, repassado em carinho e gentileza. Acostumados à indiferença, aquilo nos emocionou e nos estimulou.

A partir daquele momento estreitamos relações com o Dr. Athos, passamos a freqüentar sua sala, no prédio 1, recebendo dele todas as atenções e deferências que jamais recebemos por parte da direção da faculdade. Em maio de 1996 veio o convite para inaugurarmos o Auditório George Chamberlain, teatro do recém-finalizado Mackenzie de Brasília. Antes de irmos, tive a idéia de fazermos um video em homenagem ao Dr. Athos; a inauguração do Mackenzie Brasília seria, efetivamente, seu último ato como presidente do Instituto e depois disso ele se aposentaria e se mudaria com a família para sua Belo Horizonte querida. Em junho de 96, portanto, nos unimos no prédio da radiodifusão e gravamos esses depoimentos que vem a seguir. No dia seguinte voltei e editei o video (com um rapaz muito prestativo cujo nome infelizmente me foge) colocando as fotos - que me foram cedidas em segredo por Dona Amélia, esposa do Dr. Athos - e as músicas.

O video foi mostrado antes de nossa apresentação, à noite. Dr. Athos estava acompanhado de sua família e de alguns vice-presidentes do Instituto. Eu me encontrava atrás da cortina, só olhando, emocionado, a reação do público. Terminado o video, sob uma chuva de aplausos, eu ponho minha cabeça pra fora o suficiente para ver que o Dr. Athos chorava convulsivamente. Soluçava, escondendo o rosto com uma das mãos. Ao mesmo tempo, Alexandre vai até o microfone do palco e nas primeiras palavras sua voz se embarga completamente, ele dá meia-volta e retorna aos bastidores, chorando. Ficamos os três, eu, César e Alexandre abraçados, chorando como crianças, ao lado de Céci, que também chorava. Foram necessários alguns minutos até que todos pudessem se recompor e iniciar o espetáculo.

Dr. Athos me contou no dia seguinte que todos eles pretendiam ir embora depois do video, já que haviam assistido a apresentação que fizéramos à tarde, para as crianças. Depois do video e sua imensa carga emocional, eles resolveram ficar. Foi um momento magnífico. Que bom que pudemos homenagear o Dr. Athos e agradecer por tudo que ele fez por nós. E que alegria saber que essa homenagem lhe tocou o coração.

Dr. Athos se foi em junho de 2010, aos 82 anos. (08/12/2021)

THE REAL CHARLIE CHAPLIN (2021)

Interessantíssimo. O assunto pode parecer esgotado para quem o conhece, mas há sempre material inédito aparecendo e neste caso somos agraciados com alguns audios preciosos, como o depoimento de uma amiga de infância de Chaplin a Kevin Brownlow, a famosa entrevista de Chaplin à revista Life, em 1966, palestras de cunho político na década de 40 e - o que considerei fantástico - a horrenda entrevista coletiva do lançamento de Monsieur Verdoux, em 1947, com uma imprensa inteira contra ele, fustigando-o com perguntas sobre seu suposto comunismo, e tachando-o de ingrato.

Os filmes caseiros e os outtakes de Chaplin não são inéditos (estão em sua maioria em documentários como "Unknown Chaplin" e "The Gentleman Tramp"), mas são certamente desconhecidos das duas últimas gerações. E ainda há o acréscimo de entrevistas com Lita Grei e depoimentos de três dos filhos de Chaplin com Oona O'Neill.

Há, por outro lado, algumas omissões inexplicáveis. Não compreendo como o último monólogo de Verdoux pôde ser deixado de fora, sendo tão crítico à política da época e tão carregado de ideologia anti-bélica. E "A King in New York" vira nota de roda-pé, sendo a vingança simbólica de Chaplin contra a ridícula e perversa Comissão de Atividades Anti-Americanas (no que de cambulhada se desperdiça olimpicamente o depoimento de Michael, o filho de Chaplin que trabalhou com ele nesse filme). Também lamentei que mais uma vez se mostrasse apenas seu Oscar honorário e não a homenagem que lhe foi prestada no Festival de Veneza, em 72.

Ainda no quesito "ausências", não entendo o porquê de tanto tempo ser dedicado ao making of da cena da florista, em City Lights, e o magnífico Limelight ter sido reduzido a uma única cena, sendo que Claire Bloom está viva, bem e poderia ter dado um belíssimo depoimento sobre o assunto. Mas marcante, mesmo, é a ausência de qualquer comentário sobre Charlie Jr. e Sidney, seus filhos com Lita Grei. Não por qualquer sensacionalismo (Charlie Jr. morreu de alcoolismo, com menos de 50 anos), mas porque suas existências mereceriam ser mencionadas, pura e simplesmente.

É um ótimo documentário para quem já conhece bem o assunto. Inúmeros filmes são deixados de fora, assim como diversos aspectos de sua carreira artística. Chaplin é um assunto vasto demais para ser encapsulado em um único documentário. Leigos vão apreciar, até certo ponto, mas sem saber que estão na ponta da ponta do iceberg. (16/12/2021)

LURAY CAVERNS


#FBF NATALINO 1984 - As Luray Caverns eram (e ainda são) grande atração turística da Virginia. Em meio às estalagmites e às estalactites, uma barra que delimitava o espaço que podia ser ocupado pelos visitantes. Em determinado local, além da barra, eu e meus irmãos vimos uma formação pétrea que fazia lembrar um ovo de gema cinzenta. Imediatamente posamos para a foto com o ovo, desrespeitando completamente (e intencionalmente) o limite de espaço para a observação dos visitantes.

Inesquecível. E minha foto favorita com meus irmãos. (24/12/2021)

MERCADO MODELO


Orgulhosíssimo de ser nome de rua no Mercado Modelo de Salvador. E na trilha vai “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso, na interpretação de Dilermando Reis, professor de violão de meu pai. (29/12/2021)

PAULO


Tentando copiar a bela imagem do meu irmão Paulo em frente à Igreja de São Francisco, no Pelourinho, em fevereiro deste ano. E o mérito é da lente privilegiada de @danielledsj, autora das duas fotos, e perfeita tanto na frente quanto atrás das câmeras. (29/12/2021)


Encerrando 2021, ano de alegrias e tristezas tão intensas e terríveis, com uma lembrança doce e grata que me foi trazida pela cunhada e amiga Patrícia: a foto dos três irmãos, tirada por minha mãe no Natal de 2005. (31/12/2022)

OSCAR

Chris Rock

Desde a década de 80 eu cultivei a cerimônia do Oscar como um dos momentos mais empolgantes e divertidos do ano, na TV. Não perdia um, gravava todos e passava dias conversando sobre o assunto. Para mim, o Oscar era tão ou mais importante do que os filmes que premiava.

No novo século me dediquei mais aos filmes e menos à cerimônia. Por algum tempo escrevi artigos resenhando todos os filmes indicados. A maratona de resenhas era pedreira à qual eu me dedicava com prazer. Em 2020 eu já tinha todo o trabalho estruturado mas não me sobrou tempo; estamos falando de resenhar mais de 30 filmes, além de análises comparativas sobre todas as versões de "Little Women" no cinema. Penso até em voltar a esse artigo específico, qualquer dia.

Em 2021 me faltou vontade. A decadência do prêmio e de seus critérios de indicação e premiação foram berrantes. Sequer assisti todos os filmes indicados.

Em 2022 meu desinteresse foi tal que pela primeira vez em mais de 30 anos acabei pego de surpresa pelos avisos, na internet, de que ontem seria a transmissão do Oscar.

Não assisti. Mas fui bombardeado, ao longo da noite, com notícias sobre Will Smith. Não tenho palavras para definir meu desgosto com sua atitude. A que ponto chegamos? Um comediante conta uma piada, o sujeito e a mulher dão risada e no minuto seguinte o que vemos é um sujeito de 53 anos subindo ao palco e dando um tapa na cara de outro que tem 57.

O sujeito volta à sua cadeira e grita para o outro não falar de sua mulher, fazendo a mais canhestra expressão de seu personagem em "Um maluco no pedaço"?!...

É a quintessência da vergonha alheia. Espero que a juventude tenha visto, para compreender o verdadeiro significado da palavra "cringe".

Chris Rock é um comediante. Faz piadas, Tira sarro das pessoas. Faz isso há quase 40 anos. Sua piada sobre Jada foi leve e descontraída. Não teve qualquer jaça ou maldade. Está a anos-luz de distância das piadas realmente pesadas que ele já fez em seus espetáculos de stand-up. É o tipo de piada que alguém com alopecia faria sobre si próprio. Já vi comediantes cadeirantes fazendo piadas muito piores sobre sua situação. É da comédia. É da condição humana.

Que coisa RIDÍCULA! No afã oportunista e patético de posar como grande paladino de sua esposa, Will Smith conseguiu macular o maior momento de sua carreira com uma atitude lamentável e desprezível.

Ele levou a estatueta. Mas é impossível vê-la, porque ele está coberto de ridículo, da cabeça aos pés. (28/03/2022)

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Will Smith pediu desculpa. Um pedido tão pífio quanto as razões que o levaram a estapear Chris Rock. Rock fez uma piada divertida, sem qualquer ofensa, sem desmerecer Jada, e pelo que se sabe, sem sequer saber que ela tem alopecia.

Só no Instagram, Smith tem 60 milhões de seguidores. Seu pedido de desculpas deveria ter vindo em video, explicando em viva voz o quanto ele errou fazendo o que fez. O quanto ele não deve jamais ser imitado pelos milhões que o seguem. Porque a população negra do mundo inteiro - sobretudo as crianças - o tem como exemplo e sua atitude deplorável normaliza o que existe de pior entre os seres humanos.

Lamento horrivelmente por tudo isso. E ainda mais por ver que um inacreditável punhado de mulheres achou essa covardia escrota o máximo.

Essa claque é interessantíssima. Feministas de rede social, muito engajadas no facebook. "Não à violência", mas se for o Will Smith "defendendo" a esposa de uma piada de salão, maravilha. E não adianta nem o cara admitir que errou; elas continuam babando ovo. E depois se perguntam como foi que Bolsonaro se elegeu...

E eu me pergunto: se no lugar de Rock estivesse alguém como Shaq, será que Smith teria "reagido emocionalmente"? Ou teria ficado quietinho em seu canto e agido como um pessoa normal e elegante, que é o que deveria fazer sempre? (28/03/2022)

JIM CARREY

    

Obrigado, Jim Carrey, por lavar nossa alma. (30/03/2022)

BILL MAHER

      

Brilhante e clarividente como sempre, o comentarista político e comediante Bill Maher analisa o vexame deplorável protagonizado por Will Smith no Oscar. (30/03/2022)

JUCA


Com Juca de Oliveira nos bastidores de "Procura-se um Tenor", em 1992, e de "A Flor do meu Bem-Querer". Que delícia viver sob a inspiração dessa geração genial de artistas. Viva Juca de Oliveira!!! (02/04/2022)

THE MYSTERY OF MARILYN MONROE:
THE UNHEARD TAPES (Netflix, 2022)

Sou fã de Marilyn desde os quinze anos e o primeiro livro que li sobre ela foi precisamente a biografia escrita por Anthony Summers, que recebeu sua edição brasileira naquele ano de 1987 (Eduardo, dê um beijo no teu pai por mim) e cuja vasta lista de entrevistados é a coluna vertebral de "The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes".

Seguindo a linha dos documentários recentes sobre Brando e Chaplin, que optam por contar sua história através de áudios originais, ao invés de roteiros narrados, este vai atrás dos áudios das centenas de entrevistas realizadas no início da década de 80 por Anthony Summers para poder escrever seu best-seller "Goddess: The Secret Lives of Marilyn Monroe". O título do livro tinha razão de ser, na época, porque de fato ainda havia muitos aspectos da vida de Marilyn que eram desconhecidos (ou secretos). No caso do documentário, o título é simplesmente enganoso, porque não há qualquer "mistério" nessas fitas; o livro de Summers é honesto, explora todas as facetas da vida de Marilyn e disse tudo que precisava ser dito. Mas como ocorre com o trabalho acerca de Chaplin, o assunto já está liquidado há muitos anos, então o documentário se concentra na única questão que ainda levanta alguma controvérsia: o que aconteceu na madrugada do dia 5 de agosto de 1962.

A famigerada foto de Marilyn com os irmãos Kennedy,
no aniversário de Jack


Há três escolas de pensamento:

1 - Marilyn tomou uma overdose de barbitúricos - intencional ou não - foi encontrada desacordada por sua empregada e pronunciada morta por volta das três da manhã.

2 - Marilyn foi assassinada pelo Serviço Secreto dos EUA porque teve um caso com Jack e Bobby Kennedy e temia-se que soubesse demais.

3 - Marilyn tomou uma overdose de barbitúricos - intencional ou não - o Serviço Secreto descobriu e tentou levá-la ao hospital por volta de dez da noite, ela morreu no meio do caminho e foi levada de volta à sua casa. Armou-se toda a cena dela deitada com o telefone na mão e verdadeira varredura foi feita na casa para sumir com quaisquer vestígios de que Jack ou Bobby em algum momento estiveram lá. E ela foi encontrada desacordada por sua empregada e pronunciada morta por volta das três da manhã.

O documentário tenta contar a história amarrando os depoimentos de pessoas envolvidas nos episódios daquela noite, como detetives contratados pela Máfia, o motorista da ambulância, a empregada de Marilyn e outras figuras interessantíssimas que ainda estavam vivas quando Summers começou seu trabalho.

A primeira edição
brasileira do livro de Summers

Achei frustrante. A diretora é uma ilustre desconhecida, sem qualquer trabalho de mérito sob sua direção, e é evidente que seu conhecimento sobre a atriz é recente e ainda precisa ser digerido. Summers conta com nada menos do que 650 horas de depoimentos sobre Marilyn, e seria necessário um grande conhecedor do assunto para poder decupar essa tonelada de material.

Há vários depoimentos que ficaram de fora, assim como circunstâncias que o espectador precisa conhecer para poder tirar suas conclusões. Marilyn se despediu de forma enigmática ou definitiva, em alguns desses telefonemas, o que sustentaria a tese do suicídio. Por outro lado falava de compromissos futuros, o que põe por terra essa hipótese. Por que cargas d'água Jeanne Carmen, que era vizinha de Marilyn e possivelmente a última pessoa a conversar com ela, não foi sequer citada? Por que só segundos da patética entrevista de Peter Lawford, aos prantos, foram mostrados? Isso é poeira de ouro de Hollywood!

Lembro-me também (li o livro há trinta anos) que Summers falava extensamente sobre Eunice Murray, a empregada de Marilyn, que durante anos contou a mesma história padronizada pela polícia de Los Angeles, mas próxima à morte comentou, nos bastidores de uma entrevista de TV: "Por que continuo alimentando essa farsa?", ou coisa que o valha. Nada disso está no documentário. Pelo lado positivo, fico feliz que oportunistas como James Bacon e Robert Slatzer não tenham sido citados, porque passaram sua vida tentando capitalizar sobre suas efêmeras ligações com Marilyn.

Mas no cômputo geral o resultado é bem decepcionante. O documentário tem uma hora e cinquenta minutos, e quando termina não sentimos ter aprendido efetivamente nada novo sobre Marilyn. A tese defendida acaba sendo a terceira, a mesma já conhecida desde que o caso foi encerrado.

Os melhores momentos são aqueles nos quais escutamos o áudio da própria Marilyn, que vem de uma entrevista que deu à revista Life em julho de 1962, e que foi publicada dois dias antes dela morrer. E - a menos que eu muito me engane - a fonte não é sequer citada nos créditos.

Enfim, bola fora. Não entreguem a crianças um trabalho que deve ser feito por adultos. Desperdiçou-se o dinheiro da Netflix e a maior estrela que Hollywood já produziu. (29/04/2022)

PAPA HIGHIRTE, com o Grupo TAPA


Com Rosângela Patriota e Eduardo Tolentino

Com Papa Highirte em pessoa, o grande Zécarlos Machado

A noite de hoje não pode ficar na efemeridade dos stories. Assistir o Papa Highirte, de Vianinha, dirigido por Eduardo Tolentino foi simbólico e catártico por várias razões. Em primeiro lugar a montagem foi excepcional, na excelência da direção, do elenco encabeçado por Zécarlos Machado - brilhante como sempre - e na consagração do texto, tão atemporal e tão tristemente adequado ao Brasil de hoje. Em segundo, trombei de maneira totalmente acidental com Rosângela Patriota, uma de nossas melhores pesquisadoras de Teatro Brasileiro, cujos livros sobre Vianinha e Antônio Fagundes adquiri faz pouquíssimo tempo. Em terceiro, pude conversar sem amarras de tempo com Eduardo, um dos melhores papos da classe teatral e prosa para esquecer das horas. E por fim pude abraçar meu querido ídolo (e culpado - junto a Luis Melo, Diogo Vilela, Marco Pâmio, Walter Breda e Luiz Bacelli - por ter me inspirado a virar ator, na época da faculdade), o grande Zécarlos Machado, onde não se sabe mais o que é maior, seu talento ou sua simpatia. Que prazer imenso!

Recomendo Papa Highirte a todos.
Sexta e Sábado às 20h00, Domingo às 18h00
Até 17 de Julho
Galpão do Grupo TAPA
Rua Lopes Chaves, 86, São Paulo - São Paulo



sábado, 11 de setembro de 2021

Minestrone Cultural XIX


EDIÇÃO PANDEMIA

O PATATIVA


Fico muito satisfeito quando vejo textos do meu blog sendo utilizados em trabalhos acadêmicos. Desta vez trago alguns artigos publicados em revistas científicas, uma tese de mestrado e duas citações em livro. O primeiro artigo é de Michelle dos Santos, para a "Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia", da UEG. Ela é Professora de História Moderna e Contemporânea na Universidade Estadual de Goiás (campus de Formosa), e mestra em História pela Universidade de Brasília.


O segundo é de Lucas Henrique Ribeiro, pesquisador do OBCOM - Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura da USP, núcleo interdisciplinar de apoio à pesquisa que se dedica ao estudo da liberdade de expressão e da censura nas artes e nos meios de comunicação.


O terceiro artigo é  de Walter de Souza Jr., que o escreveu para o livro "Leituras e Releituras" do Instituto Palavra Aberta. O Instituto "promove a liberdade de expressão e informação manifestada na liberdade de imprensa, na liberdade de expressão comercial e na livre iniciativa como pilar fundamental de uma sociedade avançada e sustentável". Ele é Professor doutor pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e é também pesquisador do OBCOM. (24/09/2020)


A tese de mestrado em Artes Cênicas pela ECA/USP é de Stênio Dias Ramos. Chama-se "O que é público não é de vocês: A ATBC e os Modelos de Gestão dos Grupos de Teatro em São Paulo" e foi apresentada em 2019.


Na seqüência temos o artigo de Maria Sílvia Betti: "A Politização do Teatro: Do Arena ao CPC" e faz parte do livro "História do Teatro Brasileiro - Do Modernismo às tendências contemporâneas", organizado por João Roberto Faria para a Editora Perspectiva, em 2013. Betti é doutora em Literatura Brasileira pela USP e realizou pós-doutorado na New York University.


E por fim temos o artigo de Alcides Freire Ramos - "Muito além do ressentimento e da inação: pensando as sensibilidades dos anos 1960, no Brasil, a partir do filme O desafio (1964, Paulo César Sarraceni)", que está no livro "Sensibilidade históricas: entre narrativas, gestos e imagens", organizado pela notável pesquisadora Rosângela Patriota em 2020. Alcides é Doutor em História pela USP e professor titular da Universidade federal de Uberlândia.

O ego agradece. (11/09/2021)

HALLEY

Minha mãe e eu depois de ver o Halley (fev. ou mar./1986)

O Cometa Halley voltou á nossa órbita em fevereiro de 1986. Sua passagem revestiu-se de imensa expectativa, já que os avanços tecnológicos na área da astronomia eram gigantescos desde a última visita do cometa, em 1910. O Brasil, entretanto, não pôde participar dessa festa porque o céu ficou nublado durante semanas e somente um punhado de privilegiados, em planetários ou pontos específicos de observação, conseguiu ver o cometa.

Eu tive a sorte de estar nos Estados Unidos, na ocasião, e - melhor ainda - em uma fazenda cheia de descampados no meio da Virginia. Certa noite do fim de fevereiro ou início de março, eu e minha família levamos uma luneta para o meio de um desses descampados e, munidos de coordenadas relativamente simples, mostradas diariamente pelos jornais para identificá-lo, começamos a observar.

O tempo foi passando e nada. Eu olhava com atenção, com cuidado, meticulosamente. Olhava, olhava e olhava. Olhava com todo o saco do mundo, como só um adolescente é capaz. Todos tentaram encontrar e nada. "The air bites shrewdly", como diria Hamlet. O frio noturno variava entre zero e cinco graus negativos. O pessoal começou a desistir. Eu peguei aquele jornal uma última vez.

Estudei as coordenadas. Constelação tal, estrelas tal e tal, a leste ou oeste de não sei-o-quê e de repente percebo, do nada, o que parecia ser uma estrela cadente. Era o próprio. O tal cometa batizado em homenagem ao astrônomo Edmund Halley (1656/1742), que estudou a órbita do cometa que passou pela Terra em 1682, afirmando que se tratava do mesmo que estivera entre nós em 1456, 1531 e 1607, e ainda previu acertadamente sua volta em 1758.

Minha visão do cometa foi perfeita. Movia-se de maneira lenta e contínua, e quando o observei mais detalhadamente me dei conta de que era estranhamente colorido. Era tricolor. Sua cabeça era avermelhada, a cor se esmaecia levemente no corpo, assumindo tonalidade de uma chama clara, amarelada, e a cauda se azulava. Eram três tons de fogo.


Uma experiência transcendental. Não digo "única" porque ele voltará em 2061, e não duvido que chegarei aos 89 anos. Quem sabe terei o curioso privilégio de ver duas vezes o arredio cometa.

* Na foto estou com minha mãe naquela noite, em uma primeira foto em que trago expressão de zumbi, e na segunda, mais simpática. (10/09/2020)

70 ANOS DE TV NO BRASIL


Não há melhor maneira de comemorar os 70 anos da TV Brasileira do que lembrar do homem que disse, em 18 de setembro de 1950, assim que as luzes foram acesas e a câmera começou a rodar:
"Está no ar a PRF-3 TV TUPI de São Paulo, a primeira estação de televisão da América Latina".

O saudoso Walter Forster (foto de 1991) (19/09/2020)

LARRY KING


Assisti Larry já nos primeiros anos de seu talkshow da CNN. Tenho até hoje a fita na qual gravei, nos Estados Unidos, a entrevista de Ronald Reagan a Larry, em 1989. Decepcionei-me com algumas conversas preciosas que a meu ver ele desperdiçou, como sua entrevista com Sinatra, mas acabei tornando-me espectador de carteirinha depois de vê-lo com Sammy Davis (em estado terminal de seu câncer na garganta), Jerry Lewis, Brando, Mel Brooks e centenas de outros.

Larry não ia atrás da fofoca e não queria encurralar seus entrevistados. Diferia de Mike Wallice nesse quesito. Era do bem. Tinha um estilo simples, quase ordinário; ao contrário do empoado Merv, do charmosíssimo Carson ou do descolado Cavett, King parecia um executivo velho e mal-ajambrado, com cara de sapo e uma risada esquisita. Mas era inteligente e perspicaz. A combinação era exatamente o que lhe dava credibilidade. Não tinha compromisso com nada a não ser consigo mesmo. Aparentava certa frieza, e com isso fazia com que seus entrevistados se abrissem. E não da maneira lacrimosa e apelativa que caracaterizava os entrevistados de Barbara Walters, mas de forma descontraída e, no mais das vezes, divertida.

Transitava com igual desenvoltura e falava com a mesma naturalidade sobre assuntos tão díspares quanto os espinhosos problemas sócio-políticos do Oriente Médio, até as bobagens e os mexericos das celebridades de ocasião. É notável a facilidade com que conseguia conversar com os mais arredios ex-presidentes, como Nixon e Ford. Ou a tranquilidade com que trocava idéias com figuras como Margaret Thatcher. Promoveu debates antológicos entre inimigos figadais, como Jerry Falwell e Larry Flint. Organizou conversas que envolviam sete ou oito artistas homenageando este ou aquele ícone da música, do cinema ou da TV. Também entrevistou artistas reservadíssimos como Prince e Al Pacino.

Assim como Carson e Cavett, colecionou entrevistas históricas e momentos divertidos e inesquecíveis em seu programa da CNN. Depois de 25 anos deixou esse programa e partiu para um formato menor, na ORA TV. Continuava o mesmo. Apenas mais velho e cansado. O cigarro lhe provocara um câncer na próstata e outro no pulmão. Batalhou contra os dois e contra a diabetes. Frágil, ligeiramente corcunda, com seus óculos que mais lembravam janelas de ônibus, e os suspensórios que foram sua marca registrada, ele seguiu firme e forte. Fez excelentes entrevistas com artistas mais novos. Emanava respeito e confiança.

Próximo ao fim - e quiçá prevendo esse fim - tinha prazer em rever seus colegas mais antigos. Suas últimas entrevistas com Regis Philbin, Don Rickles ou Dick Van Dyke foram mais do que entrevistas; eram atestados de amizades que ultrapassavam os sessenta anos. A felicidade de King era visível. Era o encontro de velhos que tinham as mesmas lembranças que remontavam aos anos trinta.

Em 2019 a vida o golpeou com força: separou-se da mulher depois de vinte anos e perdeu dois filhos adultos no mesmo mês, um deles para o câncer de pulmão e o outro com um tumor no cérebro. Ele continuou como pôde. O coronavírus o liquidou, aos 87 anos.

King foi uma grande figura. Infinitamente melhor e mais competente do que Charlie Rose ou qualquer outro dos entrevistadores ditos "sérios". Assisti suas entrevistas até o fim.

Sentirei saudade. (23/01/2021)

TARCÍSIO E PAULO JOSÉ

Tarcísio e Paulo José

Tarcísio e Francisco Cuoco foram desde sempre os galãs fundamentais, basilares de nossas novelas e por isso foi tão difícil vê-los envelhecer e perceber que aos poucos iam se tornando anciães. Assisti Cuoco no teatro em 2006, em O Último Bolero. Ele fazia um galã envelhecido, evidentemente, mas o charme estava todo lá. Aos 73 anos, Cuoco era basicamente o mesmo. Por essa época trombei com Tarcísio em um restaurante. Mesma coisa. Ele ainda mantinha um pouco seu ar de galã. Alto, largo, era um armário vindo em minha direção. Um armário com um sorriso aberto, generoso que conhecemos tão bem. Já quando o assisti - finalmente - no teatro, em fins de 2019, o galã deixara completamente de existir e, aos 84 anos, ele abraçara sua senectude. A condição, por sinal, era positiva para o papel que interpretava - um velho ator.

Intimamente, porém, me doeu ver Tarcísio tão alquebrado. Não era nascido quando Irmãos Coragem foi ao ar mas o Dom Pedro I que interpretou em Independência ou Morte (1972) e em Saramandaia (de 1976, em ponta de luxo de presente para Dias Gomes) foi gravado a fogo em minha memória. Não consegui jamais pensar no Imperador sem pensar em Tarcísio. A cena do grito no Ipiranga é um primor. Que pena que o filme foi jogado numa vala comum de sectarismo ideológico, simplesmente porque foi produzido durante a ditadura para comemorar o 7 de setembro. É um belíssimo filme e deveria ser conhecido e festejado pelas novas gerações.

O Dom Pedro de Tarcísio
Vi quase tudo que Tarcísio fez nas novelas desde o fim da década de 70 até o início da década de 90. Não cheguei a fixar tão bem seu Capitão Rodrigo de O Tempo e o Vento - quase tão marcante quanto seu Dom Pedro, no imaginário popular - e nem seu Hermógenes, de Grande Sertão, Veredas - que Lima Duarte considerou melhor e mais merecedor de todos os prêmios daquele ano, 1985, do que seu Sinhozinho Malta - lacunas pelas quais hoje me penitencio. Talvez eu fosse muito novo para mergulhar no oceano literário daquelas duas obras, tanto é que só muito mais tarde fui assistir seu Beijo no Asfalto. Amor, Estranho Amor marcou minha geração por razões muito diversas a seu valor artístico; e o filme de fato tem valor, escoimando-se os excessos de Walter Hugo Khoury. Já seu Renato Villar de Roda de Fogo, foi, para mim, inesquecível. Mas é inesquecível porque alimentou seu status de grande galã das novelas, sem embargo de Tarcísio já contar mais de 50 anos, na época. Seus melhores trabalhos vieram, como não poderia deixar de ser, quando o galã foi sendo gradualmente aposentado. Eu seria injusto, entretanto, se não relembrasse uma seqüência em particular: em determinado capítulo, Renato tinha um embate violento com seu agora inimigo Labanca (Paulo Goulart). Quando se livra de Labanca, chega sua ex-mulher Maura (Eva Wilma), que confessa ainda estar apaixonada por ele. Assim que ela sai ele não suporta esse choque de emoções e tem um derrame. Tarcísio foi excepcional. Seu ataque apoplético assemelhava-se a um prédio ruindo e destruindo tudo em volta. A seqüência inteira foi dramática, eletrizante, num crescendo fantástico de tensão.

Em 1990 Tarcísio interpretou Euclydes da Cunha na minissérie Desejo, adaptação de Glória Perez da tragédia real de Euclydes, sua esposa Anna e o amante da esposa, Dilermando. Foi, a meu ver, a primeira ruptura interpretativa séria de sua carreira. Tarcísio saiu inteiramente de sua zona de conforto: estava com 55 anos, sendo que Euclydes morreu com 43; não tinha um pingo de semelhança física com o cronista da guerra de Canudos, e, como se não bastasse, ainda estava interpretando um homem atrabiliário e amorosamente frio, o que levava sua mulher a procurar outro homem, jovem e fogoso. O Euclydes de Tarcísio era, por assim dizer, o "anti-galã". E sua performance foi irretocável. Lembro-me de suas discussões com a esposa (Vera Fischer, também brilhante) e seus gritos tonitruantes: "Não és a cavalariça do sargentão?" E a cena crucial do duelo com Dilermando. Baleado duas vezes, o Euclydes de Tarcísio tremia inteiro. Estrebuchava. Uma cena fortíssima.

O Taveira de Tarcísio

O Berdinazzi da primeira fase do Rei do Gado (1996) me deixou absolutamente estarrecido. Tarcísio quebrara, com Euclydes, o molde de seus galãs quadrados e limitados, e com a tragicidade do atribulado personagem criado por Benedito Ruy Barbosa, passava definitivamente a outro patamar. Era a performance de um grande ator. De um ator consumado, realizado e competentíssimo. Tarcísio escorava-se agora só em seu talento. Suas cenas com Eva Wilma e com Antônio Fagundes eram duelos de titãs. A cena de sua morte é antológica e a cereja do bolo veio em 2000, quando interpretou o facinoroso Taveira de A Muralha. Um exercício e um desafio para qualquer ator. Principalmente um ex-galã, já que Taveira era um personagem velho e asqueroso. Eu já nem sequer lembrava mais do galã. Mais do que isso: eu, que rira às casquinadas de seus papéis cômicos - Tarcísio era muito eclético - sobretudo o palhacíssimo Felipe de Alcântara Pereira Barreto, em Guerra dos Sexos, agora me emocionava com ele. Ele alcançou o píncaro de sua profissão. Deixou de ser uma estrela e se transformou em um ATOR.

Paulo José é um daqueles cometas que eu persegui mas não pude tocar. Estudei o Teatro de Arena, conheco praticamente todos os seus membros, mas Paulo, que morava no Rio, eu não pude conhecer. Cecília Thompson tecia loas intermináveis a seu trabalho de ator e diretor em O Filho do Cão, de Guarnieri (onde Paulo conheceu Dina Sfat, diga-se de passagem). Não precisava. Paulo (assim como Tarcísio) era polivalente e brilhou igualmente no teatro, na TV e no cinema nos últimos sessenta anos. Lamento imensamente não ter podido abraçá-lo. Minha admiração por ele é perene.

Perdemos duas referências do teatro, da TV e do cinema.

Em uma época em que somos mendigos culturais. Mas La Nave Va. Eles viveram muito e muito bem. E serão sempre lembrados com carinho e respeito. (12/08/2021)

BEATRIZ E TEREZA

Tereza Rachel e Beatriz Segall (Foto de Bernardo Schmidt)

31 de Outubro de 1993 - Nos bastidores do SESC Consolação, após a apresentação de "A Guerra Santa", de Luis Alberto de Abreu, direção de Gabriel Vilella.

Beatriz Segall saiu de seu camarim e encontrou uma conversa animada que incluía Tereza Rachel, Vilella e José Rubens Chachá (e eu, que levava apenas minha cara de pau e meu amor incontido por todos eles). Tereza - acredito eu - estava lá para ver Gabriel Vilella e não Beatriz. Quando se cumprimentaram amistosamente, não resisti de pedir às duas que posassem juntas para uma foto.

Um encontro antológico, de duas das estrelas mais difíceis e mais brilhantes do Teatro Brasileiro. A antipática Beatriz e a problemática Tereza. De Beatriz, posso dizer que fazia jus à fama; de Tereza, entretanto, guardo a mais doce das recordações. Conversamos, rimos e saímos juntos do teatro. Andamos até a Maria Antônia, ela ficou em um restaurante de cozinha típica nordestina que existia, na época, e lá nos despedimos.

Saudade. É bom ter 21 anos. (26/10/2020)

SÉRGIO E ZÉ CELSO

Sérgio Mamberti e José Celso Martinez Corrêa (Foto de Bernardo Schmidt)

Em novembro de 1997, fui com meu irmão Alexandre assistir a peça "Santidade", de José Vicente, com direção do saudoso Fauzi Arap. O evento revestiu-se de grande valor simbólico pois o texto tinha sido escrito em 1967 e censurado em 1968. Era, portanto, sua primeira montagem depois de quase 30 anos de forçado ineditismo.

O teatro era o Crowne Plaza, que há tempos trazia a direção artística de Sérgio Mamberti. Sérgio era amigo e ex-professor de Alexandre. No fim do espetáculo, estamos conversando com Sérgio quando vejo que Zé Celso estava lá. Mais uma vez, como sempre acontecia, não resisti e pedi aos dois que posassem para uma foto. E aí está ela, depois de quase 24 anos. Dois queridos mestres do teatro.

(Agradecimento especial à Dani Silva de Jesus) (03/09/2021)

Vá em paz, querido, talentoso e aguerrido Sérgio! (Foto de 1999. Festa dos
60 anos de Sérgio, organizada pelo mano Alexandre)


A LEI DO ABORTO E O ABORTO DA LEI, NO TEXAS



Pensei que poderia passar o dia de hoje apenas recordando Mamberti e lamentando sua partida, mas não posso diante do que ocorreu nos Estados Unidos.

O procedimento do Texas, revertendo Roe v. Wade - pela qual a Suprema Corte determinou, em 1973, que a Constituição protege a liberdade de uma mulher grávida optar pelo aborto - proibindo o aborto depois de seis semanas e contrariando aquilo que dita a lei em todo o país é asqueroso. É estúpido e cruel.

Sou favorável não apenas ao aborto até a 20ª semana, ou até a hora que for; sou favorável à absoluta e incondicional descriminalização do aborto.

Que o Brasil esteja na lanterninha da história, não permita sequer que o assunto seja discutido, e ainda se deixe controlar e guiar moralmente pelos ditames cínicos e medievais da religião e de suas batinas emboloradas e grudentas, não me surpreende. Mas que um estado norte-americano, a esta altura de nossa história, dê uma de Curupira e comece a andar para trás, cobrindo o país inteiro de vergonha, é grotesco. (03/09/2021)

RICKLES E OUTROS, LEGENDADOS

CARRIE FISCHER ROASTS GEORGE LUCAS (2005)

            

Homenageado pelo AFI em 2005, George Lucas recebe um "roast" exemplar da eterna Leia, Carrie Fisher.

RICKLES ROASTS FRANK SINATRA (1978)

            

Em noite especialmente célebre do "The Dean Martin Celebrity Roast", no dia 7 de fevereiro de 1978, a vítima foi o grande amigo de Dean, Frank Sinatra. Rickles foi o último roaster e não decepcionou, roçando ombros com Ronald Reagan, Gene Kelly, George Burns, Redd Foxx, Jimmy Stewart, Flip Wilson, Telly Savalas, Jonathan Winters, Orson Welles, LaWanda Page, Red Buttons, e etc.

FRANK SINATRA AND DON RICKLES -
THE TONIGHT SHOW (1977)

           

No dia 14 de novembro de 1977 foi ao ar na NBC o The Tonight Show with Johnny Carson, e o apresentador convidado foi Frank Sinatra. Os convidados foram George Burns, Angie Dickinson, Carrol O'Connor e - claro - Don Rickles. Desnecessário dizer que foi a melhor entrevista, e Frank certamente passou a pensar duas vezes antes de aceitar os convites de Carson para ser o guest-host.

RICKLES ROASTS JOHNNY CARSON (1968)

            

O "The Kraft Music Hall Friars Club Roast" de Johnny Carson foi ao ar em 23 de outubro de 1968. Contou com o apresentador Alan King e os "roasters" foram Groucho Marx, os apresentadores Ed Sullivan, Steve Allen e Dick Cavett, os comediantes Flip Wilson e Don Rickles, além de seu colega Ed McMahon e o prefeito de Nova York, John V. Lindsay.

Alguns comentários:

1 - Para aqueles que conheceram Rickles mais velho e mais calmo, deve impressionar o nível de sua agressividade nas piadas com Ed Sullivan. Nada se compara, entretanto, ao pelourinho a que o comediante foi submetido pelo próprio Carson em um roast um ano antes, ou no início daquele ano, no Friars ou em outro clube. O audio está no Youtube.

2 - Ainda no que concerne ao relativo mau gosto das piadas com Sullivan, é notável a expressão de absoluto desagrado manifestada por Groucho Marx. Também me parece significativo que Rickles não tenha mencionado Groucho.

3 - A expressão "the bowl blew up" era inteiramente desconhecida para mim. Na Internet, encontrei uma explicação que remete ao consumo exagerado de maconha ou - se optarmos pela inocência - de narguile. Por não ter qualquer certeza a respeito, coloquei simplesmente que a pessoa fumava muito. Se alguém tiver uma tradução mais fiel, me avise. Estou sempre disposto a aprender.

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Veja mais:



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