sábado, 28 de maio de 2016

Minestrone Cultural V

BICHAS NOVAS


"Bichas Novas, hamburguesas recebidas diretamente pelo vapor Gironde, vendem-se por atacado e a varejo, e mais em conta do que em outra qualquer parte". (Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1871)

Quem poderia dizer que trata-se de anúncio medicinal? As tais "bichas" eram sanguessugas, vindas de Hamburgo, para a realização da proverbial sangria, procedimento medieval utilizado até o início do século XX. (6/2/2016)

RUY


Propaganda de 1917.
O velho estava vivo. Será que aprovou a tal "homenagem"?
Será que foi consultado em relação a isso? (08/03/2016)

CALLAS - UNA VOCE POCO FA

 

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Primeira ária cantada por Rosina no Barbeiro de Sevilha.

Simplesmente sublime. Vendo-a jovem, linda, envolvente, no auge, fazendo o que quer com sua voz sem o mais ínfimo esforço, entende-se o porquê de Callas ser cultuada e amada até hoje. Ela Não tem paralelo.

Ela é a primus inter pares.

(Como gostaria que meu irmão Vicente Adorno enriquecesse este post com sua cultura frondosa e eclética...)

BÉATRICE MONZON - SÉGUEDILLE




Béatrice Uria-Monzon
Foi a interpretação da francesa Béatrice Monzon em uma montagem de Carmen em 1993, transmitida pouco depois pela Globo, que me abriu os olhos para a magnífica ópera de Bizet. Nunca esqueci daquela "Habanera", que considerei tão superiora a outras que assisti antes ou depois.

Béatrice, além da voz maravilhosa, é de longe a Carmen mais linda e sensual que já vi. Maria Ewing vem num segundo lugar distante, mas Béatrice é imbatível.

Neste video ela canta a "Seguedille". A montagem é de 2004, ocorreu durante o Chorégies D'Orange, na França. Ela tem um deslize na primeira frase, mas dali em diante é muito apaixonante. Não importa quem faz Don José, porque é impossível desviar o olhar de Béatrice.

MARKETEIROS DE ANTANHO


1928 - O que pensavam os marketeiros daquela época??? Para anunciar roupas de banho, mostra-se a mulher enforcando uma foca, e ainda preservando a expressão de horror da foca! (31/3/2016)

JERRY E JIM, PAI E FILHO



Recentemente houve um documentário sobre Jerry Lewis. Alguns depoentes interessantes - como Spielberg - misturados a gente como Jerry Seinfeld e Billy Cristal, comediantes simpáticos mas que estão longe de pertencer sequer à liga de gênios como Lewis. O que se notou no documentário não foi a presença de quem quer que fosse, mas justamente a ausência de Jim Carrey, herdeiro presuntivo do humor de Jerry. No fim, em meio aos créditos, um fã se aproxima de Jerry e lhe pergunta: "Is Jim Carrey your son?" Jerry, sempre violento nos one-liners e no contato com fãs e turistas de seus shows, disparou: "I don't know but I fucked his mother a lot!", para o gargalheiro e a surpresa de todos.

No dia 9 de abril, Jerry completou 90 anos. Comemorou a data discretamente com um punhado de amigos no distinto Friars Club de Nova York. De repente um rapaz se aproxima e o cumprimenta. Jerry, visivelmente surpreso, ainda pergunta: "Are you?...", ao que Jim atalha, rapidamente: "Yes, you're the one that fucked my mother!"

Esse encontro estava fazendo falta.
Reis da comédia. Ouro puro. (12/04/2016)

ENTRARAM PELO CANNES



Eu não agüento, rsrsrs... adoro protestos em Cannes. Sobretudo aqueles em que Sônia Braga e um bando de desconhecidos erguem folhas de papel sulfite improvisadas com mensagens alarmistas de golpe de estado, acompanhadas de um sorriso triunfante e feliz...

#‎VergonhaAlheia (17/05/2016)

CARSON E LETTERMAN



Carson e Letterman, 1988
Lembro-me de minha tristeza quando Carson se aposentou, em 92. Era uma das maiores figuras da TV e considerado - à época e ainda hoje, mais de dez anos após sua morte - o maior apresentador de talk-shows de todos os tempos. Havia, porém, um consenso de que sua carreira atingira ápice insuperável e a comemoração de seus 30 anos no comando do The Tonight Show era uma boa oportunidade de parar sem deixar o topo. Soube depois que a saúde também representou fator decisivo em sua despedida.

Desavindo com Jay Leno, sucessor que a NBC lhe apontou a despeito de sua escolha pessoal - Dave Letterman - Carson vingou-se não aparecendo jamais no programa de Leno. Pior do que isso: sua última aparição televisiva foi no programa de Letterman, que não tolerou sua preterição por Leno e deixou a NBC pela CBS.

Carson fez seu último Tonight Show em 22 de maio de 1992. Letterman fez seu último Late Show há exatamente um ano.

Este video, com a última aparição televisiva de Carson no programa de Letterman, foi no dia 13 de maio de 1994.

Uma cena antológica e inesquecível. (24/05/2016)

FILMES

SHOOTER (2007)

Kate, em "Shooter". Como diria Sammy Davis, "where are the words"'...

Pausa nos filmes do Oscar para assistir "Shooter" com nove anos de atraso, por indicação de meu bom mano Leandro. Trama interessantíssima, na qual sargento atirador é cooptado por agência obscura do governo norte-americano para arquitetar a proteção do presidente contra possível atentado. Acaba se vendo em meio a uma intrincada conspiração nos moldes da sofrida por Lee Harvey Oswald.

Mark Whalberg encabeça o elenco, mas o prazer fica por conta de rever Danny Glover e Ned Beatty. Também não machuca ver Rhona Mitra no papel de agente do FBI.

Mas o filme vale mesmo é pela presença de Kate Mara, que nem precisava ser a ótima atriz que é, sendo tão extraordinariamente linda. Cada cena de Kate é uma verdadeira visão celestial. (14/1/2016)

VICTORIA (2015)


Sensacional.

Duas horas seguidas, sem um único corte, na vida intensa da espanhola Victoria, na madrugada de Berlin.

Direção arrojada, ótimos atores, história simples e envolvente.

Recomendo. (17/12/2015)

LOLA RENNT


Com 18 anos de atraso assisti "Corra, Lola, Corra", de Tom Tykwer.

Comentário único: Impossível não amar Franka Potente. (07/05/2016)

THE BROADWAY MELODY (1929)


Estudando para escrever sobre os dois musicais de Carmen Santos na década de 30, resolvi fazer algo que venho adiando há pelo menos dez anos: assistir o primeiro musical norte-americano, The Broadway Melody, de 1929.

Da esquerda, Anita Page, Bessie Love
e Charles King

Como conheço profundamente a trilha sonora de Nacio Brown e Arthur Freed (parte dela usada em "Singin in the Rain", 22 anos depois), minha expectativa era alta. O filme superou essas expectativas. É um verdadeiro deleite do início ao fim. Nos primeiros três minutos do filme meu coração já cantava Broadway Melody com Charles King e Nacio (incógnito) no piano. Uma coisa envolvente, bem-feita, bem urdida, bem ensaiada.

Acresça-se a lindíssima e adorável Anita Page, a talentosa e carismática Bessie Love, um roteiro divertido e enxuto e números musicais que não chegavam a ser primorosos, mas eram indicativos do progresso cinematográfico trilhado até lá.

O Brasil nunca alcançou essa excelência no cinema. Nem na Cinédia, nem na Atlântida, nem na Vera Cruz. No teatro de Revista, talvez. Ou em novelas.

Recomendo para os verdadeiros fãs de musicais. (04/04/2016)

SEN TO CHIHIRO NO KAMIKAKUSHI

Acabo de assistir "A viagem de Chihiro", 千と千尋の神隠し ou até "Spirited Away", título em inglês através do qual encontrei um cópia boa em torrent (com o áudio original, evidentemente).

ESPETACULAR.

Explica-se facilmente por que foi Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2002 e Oscar de Melhor Animação em 2003. Merecia ter concorrido a melhor filme, mesmo. E certamente à melhor trilha sonora, que é uma das mais lindas que ouvi ultimamente.

O filme de Hayao Miyazaki é, com todo o mérito, a maior bilheteria do cinema japonês em todos os tempos. (03/04/2016)

GAKE NO UE NO PONYO


Seguindo o ciclo de Hayao Miyazaki, depois de "Sen to Chihiro no kamikakushi" (2001) e "Hauru no ugoku shiro" (2004), assisti "Gake no ue no Ponyo", de 2008.

Absolutamente maravilhoso. Está começando a ficar chato falar sobre os desenhos de Miyazaki porque não há outros adjetivos que descrevam melhor a excelência do japonês em contar histórias infanto-juvenis com uma abordagem tão universal, lúdica, que encanta qualquer idade. "Ponyo" - na absoluta simplicidade de sua história - é uma sucessão quase ininterrupta de algumas das cenas mais lindas, mais cheias de sensibilidade e de beleza que já tive a oportunidade de assistir. Como não se emocionar com a felicidade de Ponyo correndo sobre as ondas, o encontro de seus pais, a cena final... poderia citar dezenas. 


Miyazaki se baseou na "Pequena Sereia" de Hans Christian Andersen e na lenda japonesa "Urashima Taro". Como artista superior que é, melhorou cada uma delas e criou sua própria fábula moderna.

Diz ele que se inspirou no filho para criar o menino Sôsuke. Gostaria de saber em quem ele se inspirou para criar Ponyo, que emociona da primeira à última cena. É certamente uma das personagens mais extraordinárias e cativantes de todos os tempos, seja da literatura ou do cinema infanto-juvenil.

Sem palavras. Há que assistir imediatamente. (30/04/2016)

NECROLÓGIOS

LEMMY



Não consigo imaginar maneira melhor de homenagear esse titã do Heavy Metal, esse velho e querido ogro que nos deixou ontem, aos 70 anos, do que compartilhando com vocês a música que chamou inicialmente minha atenção para o Motorhead, lá pelos idos de 84, 85.

Para os mais velhos, não será só uma viagem à década de 80, mas também uma lembrança do programa de clipes, "Realce", da Gazeta, que utilizava cenas do clipe de Iron Fist em sua abertura.

Por fim fica também a homenagem a Phil "Philthy Animal" Taylor, o baterista do Motorhead, que morreu no dia 11 de novembro deste ano. (29/12/2015)

BOWIE



Absolute Beginners é um filminho bobo lançado em 1986. Nunca assisti. Mas a música tema é de David Bowie e foi um grande sucesso nas rádios. Eu já ouvira o camaleão antes em Let's Dance, de 1983, mas foi com Absolute Beginners que realmente o conheci. Antes de Ziggy, antes de Heroes, antes de Under Pressure.

Eu tinha 14 anos, no auge da minha adolescência, e aquela música me transportou (e ainda transporta) por viagens maravilhosas que me tornaram fã de Bowie para sempre.

Descanse em paz.
E OBRIGADO. (11/1/2016)

SEVERINO



Minha alma está de luto.
Morreu Severino Filho, líder e arranjador dos Cariocas.
Chora a MPB de qualidade. Chora o talento. Chora a humildade dos gênios.
Choram as almas sensíveis, amantes da boa música.
Só não chora o grande resto deste lixo de país, que não tem idéia do gigante maravilhoso que foi o maestro Severino Filho. (01/03/2016)

Segue um pequeno texto que escrevi em 2011 para explicar como entrei em contato com o universo dos Cariocas:

Capa da fita com "o melhor de" Os Cariocas
"1989 - Compro na Hi-Fi duas fitas K7 de aniversário para minha mãe. Eu ia dar uma e meu irmão, a outra. Uma delas é a trilha sonora nacional da novela das oito, "O Salvador da Pátria". A outra é um obscuro "o melhor de" com capa horrorosa, de um grupo que ouvi no rádio certa vez, e que minha mãe elogiou efusivamente como sendo um dos grupos mais famosos do início da década de 60, quando ela chegou ao Brasil. Ao ver as duas fitas, meu irmão riu da fita com "o melhor de" e imediatamente sentenciou: "Eu dou a trilha". Aceitei numa boa, meio que já prevendo o que aconteceria. E assim foi. Minha mãe ficou enlouquecida e quase chorou ao ver a fita dos Cariocas. Já a trilha da novela foi ouvida uma vez, por respeito à belíssima "Jade" de João Bosco, e relegada ao esquecimento eterno. Quando minha mãe cansou de ouvir a fita, eu a surrupiei e praticamente a destruí de tanto ouvir. E mudou minha vida. Curioso o que uma simples e preciosa dica materna pode fazer". (26/04/2011)

Encontro com Quartera e Severino no show dos Cariocas no Jazzmania, em 14/07/1989

TEREZA RACHEL

Tereza e Paulo Autran em Édipo, 1966, direção de Flávio Rangel
Tereza subiu aos céus, aos 82 anos. Era nossa melhor atriz trágica, desde Itália Fausta. Certamente muito superior à Itália, que vinha da escola declamatória do século XIX.

Recordo-me de que certa vez a Globo fez uma brincadeira com ela, pedindo-lhe que dramatizasse a leitura da lista telefônica. Jamais esquecerei. Ela lia os nomes, os endereços e os telefones entre gargalhadas histéricas e ataques convulsivos de choro. Absolutamente genial.

Geniosa, temperamental. Tinha uma personalidade quase tão grande quanto seu talento. Era realmente única. Sofreu o inferno quando seu marido ocupou o ministério da cultura do governo Collor. Sua carreira - modelar, irrepreensível - não voltou mais aos trilhos desde então. Foi vítima inocente. Por proxy. Não merecia.

Que bom poder tê-la enchido de abraços e beijos quando a encontrei no SESC Consolação, há alguns anos, junto a Gabriel Vilela, Beatriz Segall e José Rubens Chachá. E que pena que ela não recebeu nem sombra do reconhecimento que mereceria. Que lhe era devido pelo público, pela imprensa e pela classe artística. Por ter sido o que foi para o Teatro Brasileiro.

Com Gabriel Vilela, Chachá e Tereza

Pelo menos temos sua Valentine de "Que rei sou eu?" para lembrar e rir de vez em quando.

Vá em paz, Rainha. (04/04/2016)

PRINCE



Prince e Apollonia em um show, na década de 80
Há dois meses se foi a maravilhosa Vanity, e hoje foi o Prince. Para que os mais novos entendam o estado de desolação que estamos todos nós, dessa geração, é preciso saber que na década de 80 houve três divindades do pop: Prince, Michael Jackson e Madonna.

Conhecia Michael por Billy Jean desde 84 e de vez em quando o Som Pop passava o clip de 1999, do Prince, mas fui conhecê-lo mesmo quando assisti "Purple Rain" nos Estados Unidos, em 1985, e nunca esquecerei o que senti. Em primeiro lugar, adorei as músicas. Em segundo, invejei Prince por tocar guitarra, por saber dançar, por ser insanamente cool, e acima de tudo, pelo romance que ele mantinha com a atriz Apollonia Kotero, no filme (e certamente na vida real). Para aqueles que freqüentaram meu quarto na longínqua década de 80, lembrarão de dois posters de Apollonia em tamanho natural, nas paredes.

Minha amada Apollonia, na famosa cena de Purple Rain

Continuei admirando-o ao longo dos anos, mesmo quando parecia que ele tinha pirado, com aquela história de mudar o nome. Não achei nada de sua tão decantada trilha sonora para o "Batman" de Tim Burton, mas quando ele veio ao Brasil, em 91, foi tão encantador durante o show que compreendi o que todos sabiam: ele podia fazer o que quisesse, até mesmo desaparecer por anos a fio, e seguiria sendo amado e cultuado.

Sua morte é uma surpresa triste. Vou celebrar sua vida e sua magnífica obra compartilhando com vocês o clipe de "Let's go crazy", que era promocional de "Purple Rain". Acabo de revê-lo, depois de muitos anos. O prazer é o mesmo. E meu amor por Apollonia segue inabalável.

Bernardo
PS - Procurei esse video no Youtube e não houve Cristo que me fizesse encontrar. Por isso compartilhei de um site qualquer que nos deu a benção de fazer o upload de "Let's go crazy" em sua versão original. (21/04/2016)

FARO

Fernando Faro
Ah, Baixo... criador do MPB Especial, do Ensaio... mais do que responsável pela divulgação de nossa melhor música, Baixo é responsável pela oportunidade que temos hoje de poder ver, vivos, cantando e falando, praticamente 100% dos nossos ícones musicais. Impossível citar um... são jóias múltiplas... Cyro Monteiro, Braguinha, Nássara, Jackson do Pandeiro, Roberto Martins, Nelson Cavaquinho, Vinícius... seu programa com Tom, "As Nascentes", é obra-prima de nossa televisão...

Encontrei o Baixinho uma vez só, em 94 (creio), no "Brasileiro Profissão Esperança" que Bibi fazia com Gracindo Jr. Abracei-o, agradeci por sua contribuição gigante, imensurável à nossa memória musical. Falamos de Isaurinha Garcia, que morrera há pouco. Perguntei-lhe por que tudo isso não estava em video, ainda. Explicou-me que a burocracia era intransponível. Direitos autorais teriam que ser pagos a milhares de pessoas. Pelo menos enquanto um patrocinador graúdo não se envolvesse, era impossível. Isso é Brasil.

Durante os dez anos do Orkut tive uma comunidade para o programa "Ensaio" que fiz questão de batizar "Ensaio - Fernando Faro". Não queria homenagear o programa e manter seu maravilhoso idealizador anônimo. Mas é a sina do grande incentivador e promotor cultural. Faro é um dos maiores, nessa lista de beneméritos praticamente desconhecidos do grande público; pessoas a quem devemos tanto e nem sabemos; pessoas que deram e ainda dão a vida para que nós possamos conhecer melhor a nossa própria cultura. Faro, Julio Lerner, Jurandyr Noronha, Orlando Miranda, Simon Khoury, Miguel Nirez...

Descanse em paz, Baixinho.
Muito, MUITO obrigado por tudo. (25/04/2016)

ELIS E CAUBY



"Bolero de Satã", de Guinga e Paulo César Pinheiro, é a unica música que Cauby e Elis gravaram juntos. A interpretação deles é simplesmente sublime, e outra coisa não se esperava daqueles que são convencionalmente considerados melhor cantor e cantora brasileiros de todos os tempos.

Graças à Internet podemos ouvi-los não apenas cantando, mas em alguns momentos do ensaio, conversando, cantarolando, brincando e rindo.

Alimento anímico. (28/04/2016)

Fiz esse post sobre "Bolero de Satã" quinze dias antes do amado Cauby subir aos céus. Foi um artista superior e um ser humano maravilhoso até o fim. Obrigado, amado Cauby!
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quarta-feira, 25 de maio de 2016

Pílulas Janísticas — 6

Compilação de publicações da página da biografia de Jânio Quadros no Facebook


ELA VEM AÍ...




...anunciava o cartunista da Revista Manchete, CLAUDIUS, em novembro de 1960, sobre a vassoura do presidente eleito. E suas charges mostram o símbolo de Jânio em alguns momentos, assim como a espada de Lott em outros. (30/03/2016)

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MANCHETE - 22/10/1960


Nem aliados e nem rivais. Jânio desconsiderou a existência de Jango durante os sete meses em que ocupou a presidência. Houve uma rusga quando o presidente abriu uma comissão de inquérito que indiretamente implicava Jango, mas nada aconteceu.

Talvez Jânio devesse ter cultivado a amizade de Jango como fez com Brizola, naquele período. Consumada a renúncia, os dois nunca mais se viram. No início da década de 70, perguntado por uma revista qualquer sobre o que pensava de Jango, Jânio foi incisivo: "Está criando gado, que é o que deveria ter feito sempre". (03/04/2016)

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CAMPANHA DE 1982


Jânio e Eloá desembarcando no interior de São Paulo. Na base do suco de laranja, sem beber uma gota de álcool por meses - não só por prescrição médica mas porque os tempos eram outros e ele não levaria uma campanha nos ombros bebendo como bebia nas campanhas de sua juventude - Jânio estava magro e abatido. E, ironicamente, saudável. (11/04/2016)

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ELEIÇÃO DE 1960


Na capa do Cruzeiro de 15/10/60, o povo representado pela mulher tem que decidir entre Jânio, Lott e Adhemar, desenhados pelo caricaturista Àppe.

Mas a decisão já fora tomada em 3 de outubro. E Jânio venceu com larga vantagem. (12/04/2016)

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MAIO DE 1961




Jânio recebe Sukarno, da Indonésia. (24/04/2016)

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ANOS 70


Efervescência eterna de uma mente caótica: Jânio em sua biblioteca.

A única foto que reconheci é a que se encontra sobre ele, que o mostra em 60 com José Américo. (24/04/2016)

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VITÓRIA - ES, 22/8/1961


Enquanto os conservadores discutiam ad eternum se Jânio devia ou não ter condecorado Che Guevara, ele vai à Vitória para uma inauguração. No aeroporto é recebido pelo governador Carlos Lindenberg (no centro) e pelo prefeito Adelpho Poli Monjardim (à direita).







Adelpho foi prefeito de Vitória duas vezes. Morreu em 2003 ao 99 anos. Não tem um mísero verbete na wikipédia. Isso é Brasil. (03/05/2016)

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ABRIL DE 1953


Jânio acabava de ser eleito prefeito de São Paulo, derrotando uma coligação de doze partidos e virtualmente todos os caciques da política paulista. Sua vitória era uma conquista popular sem precedentes e a imprensa não estava alheia a isso.

Nessa charge de Luis, na edição de abril de 1953 do jornal Il Moscone, da colônia italiana, o garçom não se furta de despejar um prato de sopa na cabeça de um cliente (sugestivamente referido como "patrão") que se atreveu a falar mal de Jânio. (05/05/2016)

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XINGU - 1955


Jânio já era ligado ao jornalista Jorge Ferreira desde os tempos de deputado estadual. No governo do Estado, em 1955, foi levado por Jorge e os irmãos Villas Boas à Serra do Cachimbo, entre o norte do Mato Grosso e o sul do Pará (fotos).

Seis anos depois, já na presidência, Jânio criou o Parque Nacional do Xingu, utilizando 25.000 km² dessa região:

"Durante a fase da Expedição Rocandor-Xingu, foram mais 1,5 mil quilômetros de picadas abertas, onde surgiram 40 cidades, um mil quilômetro de rios navegados e o surgimento de bases militares estratégicas para a segurança nacional. No meio dessa experiência, descobriram os índios que viviam nessas terras e a história dos irmãos Villas Bôas tomou novos rumos. No ano de 1952, Orlando, o antropólogo Darcy Ribeiro, Heloísa Alberto Torres (diretora do Museu Nacional) e o brigadeiro Raymundo Vasconcellos Aboim apresentaram um anteprojeto de lei para a criação do Parque Indígena do Xingu, no nordeste de Mato Grosso. Em 1961 a proposta se consolidou, durante o governo do então presidente Jânio Quadros, e até hoje é o único no Brasil". (09/05/2016)

Jânio e Orlando Villas Bôas


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11 DE MAIO DE 2016


Impeachment. (11/05/2016)

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JÂNIO E A CHARGE DE OTELO


"Crise de identidade. Em charge publicada na primeira página do GLOBO em 6 de abril de 1962, Otelo brinca com as muitas personalidades do ex-presidente Jânio Quadros, que renunciara em agosto de 1961". (17/05/2016)


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PIB


Rápida estatística: em apenas sete meses de governo, Jânio deixou um PIB de 8,6%, o quarto melhor de toda a República.

Dilma sofreu o impeachment depois de seis anos, deixando um PIB com média de 2,5%. O terceiro pior da República. (17/05/2016)

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JÂNIO EM CATANDUVA - SP, 1954


"20.06.1954 – Na foto Jânio Quadros em comício em Catanduva na Praça da República, tendo ao lado o Dr. Antônio Mastrocola que na ocasião foi eleito deputado estadual com 5.791 votos. Na época Jânio Quadros era Prefeito de São Paulo e fazia campanha que foi vitoriosa ao governo de São Paulo. Criou o símbolo da vassoura para sua campanha com a qual dizia que iria limpar a cidade da corrupção e o slogan era "A vassoura que varreu a Capital varrerá o Estado". Falaram no comício além de Jânio Quadros, José Antônio Borelli, Orlando Zancaner, Antônio Mastrocola, Porfírio da Paz, Auro Soares de Moura Andrade e Sebastião Pereira. A votação em Catanduva foi Jânio 3.396, Adhemar 2.861 e Prestes Maia 1.708. Jânio ganhou a eleição no Estado de São Paulo com 660.264 votos, Adhemar de Barros teve 641.960 e Prestes Maia 492.518. Jânio teve uma pequena margem de votos de 1% e os comentários eram que muitos eleitores de Prestes Maia votaram na última hora em Jânio para derrubar o líder do PSP Adhemar de Barros que tinha muitos aficionados". (19/05/2016)


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JÂNIO E ALBERTO ANDALÓ

Jânio em Rio Preto. À sua direita, o prefeito Alberto Andaló

Alberto Andaló nasceu em 1916 e foi colega de Jânio no Largo São Francisco. Foi vereador em Rio Preto mais ou menos na mesma época em que Jânio exercia esse cargo em São Paulo. Ambos renunciaram a seus cargos para concorrer à assembléia legislativa, em 1950 e Se elegeram, Jânio com o apoio da capital e Andaló por Rio Preto.

Jânio renunciou ao mandato para concorrer à prefeitura de São Paulo em 1953, e, eleito, renunciou à prefeitura no ano seguinte para concorrer ao governo. Andaló cumpriu seu mandato de deputado estadual, candidatou-se a deputado federal em 1954 e ficou na suplência. Assumiu o cargo interinamente algumas vezes e em 1955 se candidatou a prefeito de Rio Preto. Foi eleito.

Essa foto não tem indicação de data, mas vemos Jânio com Alberto Andaló à sua direita. Trata-se de provável visita do governador ao prefeito do município de Rio Preto. Andaló morreu no exercício de seu cargo, em 2 de novembro de 1959. É considerado o melhor prefeito que Rio Preto já teve. (20/05/2016)

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JÂNIO E PAULO KONDER BORNHAUSEN

Paulo Konder, o deputado Dario Salles e Jânio em campanha, em Jaraguá do Sul

Momentos vividos com Jânio Quadros

"Fui amigo de Jânio Quadros bem antes de ele ser Presidente da República. Tivemos muitas conversas, encontros em São Paulo em sua residência e em casa de amigos, até o hospedei com a Dona Eloá e a filha Tútú em minha casa em Joinville. Era um homem culto, inteligente, de raro senso de humor. Uma criatura envolvente e encantadora, quando expunha suas idéias.

Saía das nossas conversas embevecido e pensando “agora vamos ter o Presidente que tanto necessitamos”. Verdade se diga, abusava da bebida, principalmente o Whisky, até ao exagero, mas fora do trabalho". Artigo completo no link abaixo. (20/05/2016)


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LACERDA E JÂNIO


Quando Brasília se tornou Distrito Federal, a cidade do Rio de Janeiro, que até então fora a capital do país, se transformou em Estado da Guanabara. Seu primeiro governador foi Carlos Lacerda, eleito em 1960 com sólido apoio de Jânio, que por sua vez chegava à presidência no mesmo pleito.

Embora fizesse um tremendo drama e ameaçasse renunciar por ocasião do episódio da mala, Lacerda governou até o fim de seu mandato, em 11 de outubro de 1965.

Ontem a morte de Carlos Lacerda completou 39 anos.

Abaixo um panfleto trazendo a chancela valiosa de Jânio para a candidatura de Lacerda. (22/05/2016)

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CASA CIVIL


Estatística rápida: Em seis anos Dilma teve quatro pessoas na Casa Civil, sendo que os três primeiros - Antonio Palocci, Gleisi Hoffmann e Aloizio Mercadante - são acusados de participação em escândalos de corrupção. O quarto foi Jaques Wagner, que passivamente aceitou abdicar do cargo para que Lula fosse blindado das investigações da Polícia Federal. Empossado no dia 17 de março de 2016, minutos depois ele teve sua posse sustada pelo juiz Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal, pela juiza Graziela Bündchen, da 1ª Vara Federal de Porto Alegre (irmã de Gisele, curiosamente) e pela juíza Regina Coeli Formisano, da 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

Regina foi direto ao ponto em seu despacho:

“Ao nomear o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, para o cargo de Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República e estando o mesmo sob investigação, na Justiça Federal do Paraná, acusado de crimes os mais diversos, teve por objetivo, tão somente, conceder-lhe o foro privilegiado, inerente ao cargo, tipificando “escolha de Juízo”, incorrendo assim em desvio de finalidade e ilegalidade do objeto”.

Nos sete meses em que exerceu a presidência, Jânio teve como Chefe da Casa Civil o francano Francisco de Paula Quintanilha Ribeiro (1915/1972). Menor de idade em 1932, falsificou sua carteira de identidade para poder lutar por São Paulo junto aos constitucionalistas. Formou-se advogado pelo Largo São Francisco. Foi Chefe da Casa Civil de Jânio no governo de São Paulo e na presidência da República. Foi Secretário das Finanças do prefeito Faria Lima e encabeçou o "Grupo Executivo do Metropolitano" que viabilizou, finalmente, a construção e inauguração do metrô, em São Paulo, do qual foi seu primeiro presidente. Era homem inteligente, equilibrado e discreto. (22/05/2016)

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JÂNIO E CARVALHO PINTO EM COLINA - SP



Visita do governador Jânio e de seu secretário da Fazenda, Carvalho Pinto, ao município de Colina, SP. Não há indicação de data.

São recebidos pelo prefeito Fernando Pereira Vianna (1906/1989). (25/05/2016)


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JÂNIO E FERNANDA MONTENEGRO


Há exatos 55 anos

Em maio de 1961, o presidente Jânio Quadros baixou um decreto exigindo a aplicação de lei anterior que estabelecia uma proporcionalidade entre o número de peças nacionais e estrangeiras apresentadas por temporada, nas companhias teatrais. A medida tinha óbvia finalidade de valorizar o autor nacional, e foi recebida com a mais profunda satisfação pela classe artística. Fernanda Montenegro, na época levando multidões ao Teatro Ginástico para assistir a comédia de Feydeau, "Com a pulga atrás da orelha", fez questão de consignar sua felicidade e gratidão pelo gesto do presidente:

"Desde sua posse, o Sr. Jânio Quadros só tem protegido o nosso teatro e sua gente. Começou atendendo à sugestão que lhe fizemos do nome de Clóvis Garcia para a direção do SNT; depois criou a Comissão de Teatro dentro do Conselho Nacional de Cultura e, em seguida, por ocasião dos últimos convênios do Brasil com a Argentina, não esqueceu também do teatro, que foi num deles contemplado com facilidades que permitirão com maior freqüência o intercâmbio dos elencos dos dois países. Com o recente decreto, pois, o presidente dá apenas prosseguimento a uma série de serviços ao teatro brasileiro". (Correio da Manhã, 28/5/1961)

Sem ministério da Cultura. Sem lei Rouanet. Tínhamos um presidente e tínhamos uma classe artística digna, inteligente e operosa. Que trabalhava com sua bilheteria e com seu esforço pessoal, pedindo somente cooperação do governo. Hoje vemos uma sub-classe de parasitas exigindo aquilo que não merecem, produzindo lixo, invadindo próprios estaduais e federais em protestos vazios, inúteis, que incomodam e atrapalham sem nada construir, sem pensar, sem mudar. Ou uma elite que não precisa de qualquer ajuda mas recebe autorização para captar milhões e cobra ingressos de 500 reais.

Outros tempos. (28/5/2016)
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