segunda-feira, 13 de abril de 2015

"Almanaque Brasil", de Noemi Marinho (1993)


Texto e direção de Noemi Marinho. Direção musical de Pedro Paulo Bogossian, que também estava no teclado. Rosi Campos, Gerson de Abreu, Roney Facchini e Helen Helene. Betinho Sodré na percussão. Estreou em fevereiro 1993 no Teatro Ruth Escobar e pouco depois foi para o Teatro Hilton.

Foi lá que assisti três vezes. Certamente um dos melhores espetáculos que vi na minha vida. Em uma das vezes levei um pequeno gravador e registrei partes significativas da peça, que divulgo, finalmente, 22 anos depois.

Divirtam-se.
Bernardo

1993 - Acima com Gerson de Abreu e Helen Helen, e abaixo
com Roney Facchini e Rosi Campos
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1 - "Início - Cinta Moderna"

O espetáculo começa com a locução de Gerson de Abreu e a propaganda da "Cinta Moderna" (fundada em 1927 e que ainda existe), cantada por Rosi Campos e Helen Helene.


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2 - "Le Pate"

Aqui eles cantam uma paródia de "O Pato" (Jaime Silva).

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3 - "Jamais Saberás" e "Estação Redentora"

Aqui ouvimos dois sketches: "Jamais Saberás", com Gerson de Abreu (Arandir), Rosi Campos (Zulmira), Roney Facchini (Peçanha) e na seqüência a "Estação Redentora", diálogo entre a Princesa Isabel e José do Patrocínio, sobre a abolição da escravatura, terminando com Rosi Campos cantando o samba "Raça negra" (Ailce Chaves e Paulo Gesta), de 1951.

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4 - "Mar Português (Padrão)"

Aqui ouvimos o saudoso Gerson de Abreu cantando "Mar Português", trecho do famoso poema de Fernando Pessoa, publicado no seu livro Mensagem (1934) e musicado décadas depois pelo baiano André Luiz Oliveira. É de arrepiar.

III. PADRÃO

O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.

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5 - "Madita Cocaína"

Aqui Rosi Campos protagoniza um dos melhores momentos do espetáculo cantando "Maldita Cocaína", canção de 1929 composta pelos portugueses Cruz e Souza e Almeida Amaral para um musical chamado "Charivari".

Trata-se de uma música que na época era dramática e descrevia com crueza os males da cocaína. Com o tempo, entretanto, a letra foi se tornando cada vez mais boba e melodramática, o que criou terreno fértil para a comédia brilhante e superior de Rosi Campos.

Não esqueço a noite fatal
Em que vi o meu amante
O olhar duro e tão brilhante
Como o aço de um punhal.

A sua boca mordia
Suas mãos eram tenazes
Deixando nódoas lilases
No meu corpo que sofria.

Maldita cocaína, roubaste o meu amante
pra sempre enlouqueceu
O teu poder fascina
És um corpo de Bacante
Com melodias de Orfeu
Maldita cocaína
Odeio-te e gosto de ti
És a minha companheira
Embora a mais traiçoeira
Que eu amei e conheci.

Hoje não posso deixar
Esse pó de maldição
Eu vivo da sua ilusão
Acordada e a sonhar.

E de instante a instante
Sinto que me vai roubando
Mas, ai de mim, aqui sonhando
É que me dou ao meu amante.

Maldita cocaína, roubaste o meu amante
Pra sempre enlouqueceu
O teu poder fascina
És um corpo de Bacante
Com melodias de Orfeu
Maldita cocaína
Odeio-te e gosto de ti
És a minha companheira
Embora a mais traiçoeira
Que eu amei e conheci.

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6 - "Filho de Maria"

Roney Facchini canta "Filho de Maria", de Moacyr Franco.


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7 - "Canção para inglês ver"

Aqui eles cantam "Canção para inglês ver", composta por Lamartine Babo em 1931.


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8 - "Samba do Avião"

Aqui, Gerson de Abreu entrava com um piano de brinquedo pendurado a ele e fingia tocar, ao mesmo tempo em que cantava o "Samba do Avião", de Tom Jobim. Era mais um daqueles momentos que emocionava o público não tanto pelo humor, mas pela absoluta simplicidade e graça do número musical.


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