sexta-feira, 8 de abril de 2011

Leitura de "Eles não usam Black-Tie" no centenário de Lélia Abramo


No dia 4 de abril, como parte das comemorações do centenário de Lélia Abramo, realizou-se no Teatro de Arena uma leitura de Eles não usam Black-Tie, de Guarnieri. O local e a peça não poderiam ser mais emblemáticos, porque foi no minúsculo retângulo da Teodoro Baima que Lélia começou sua carreira em 1958, primeiro em uma figuração de A Mulher do Outro, de Sidney Howard, direção de Boal, e em seguida como a antológica Romana de Black-Tie, com direção de José Renato.

Inútil falar da carreira de Lélia. De sua Romana e a penca de prêmios que recebeu por essa sua estréia; da Mãe Coragem de Brecht, com direção de Alberto D’Aversa; de Os Ossos do Barão, de Jorge Andrade, com direção de Maurice Vaneau; de sua extraordinária Clitemnestra, para o Agamemnon de Mauro Mendonça, direção da professora da EAD, Maria José de Carvalho; do Ricardo III que fez com Juca de Oliveira sob a batuta de Antunes...

A Romana de Lélia Abramo

A carreira de Lélia fala por si só, embora ela tenha – voluntariamente ou não – nos últimos anos, sido bem mais lembrada pela sua militância política do que por seu notável trabalho como atriz. Mais do que isso: a ligação umbilical com o PT e sua posse na presidência do SATED acabaram prematuramente com sua carreira de atriz e lhe provocaram uma avalanche de problemas de saúde, quando a Globo a retirou da lista de protagonistas no fim da década de 70. Mas disso ela não tinha como fugir; a militância anarco-esquerdista estava no sangue da atriz, era apanágio da família Abramo. Lélia morreu em abril de 2004, com a alegria de ter visto Lula chegar à presidência da República. Que bom que ela não viveu para ver o que se tornou essa presidência, dentro do aspecto ético e moral que ela tanto prezava e que constituiu a espinha dorsal de sua existência.

Lélia, no programa original de Eles não usam Black-Tie
O elenco, durante a leitura
O video a seguir traz os melhores momentos dessa noite de homenagem à Lélia. Flávio Guarnieri interpretou com vigor e emoção o personagem Tião, criado por seu pai na montagem de 1958. Coube à Sônia Loureiro – que trabalhou com Guarnieri durante todo o primeiro lustro da década de 70 – a responsabilidade de interpretar Romana, e ela se desincumbiu galhardamente da tarefa. Flávio Dias viveu o velho operário Otávio, a competente Lia Antunes interpretou o papel de Maria, Greta Antoine – uma notável jovem atriz que dividiu o palco com Guarnieri na última peça em que o grande mestre subiu a um palco, O Pequeno Livro das Páginas em Branco, de Jaime Celiberto – foi Tézinha, dando ao pequeno e descompromissado papel um humor e uma brejeirice que se sobressaíram por todo o espetáculo. Esteve muito afinada com Rodrigo Duarte, o Chiquinho criado por Flávio Migliaccio. Contou-se com a luminosa presença de Chico de Assis – o "Jesuíno" da montagem original – na platéia. Divirtam-se:



Esse elenco se reunirá para entrar em temporada com Eles não usam Black-Tie a partir de 7 de maio de 2011 no teatro do MUBE, av. Europa, 218. É uma excelente oportunidade para rever esse monumento teatral composto pelo querido e saudoso Gianfrancesco Guarnieri.

2 comentários:

  1. Muito bom o seu blog. Parabéns.

    www.ofalcaomaltes.blogspot.com

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  2. Quem conheceu a atriz, diretora, professora de línguas, militante e pessoa voltada a moral e ética, sabe, que ela foi totalmente injustiçada pela imprensa, pelo Partidos dos Trabalhadores e totalmente esquecida pela sociedade. Quem a conheceu não esquece jamais está grande estrela humanizada. Fecham - se as cortinas e ficam os aplausos!

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