terça-feira, 22 de setembro de 2020

Pílulas Janísticas — 11

Compilação de publicações da página da biografia de Jânio Quadros no Facebook

JÂNIO E JANGO TOMAM POSSE


Na verdade, a posse de Jânio e Jango só ocorreu no dia 31 de janeiro de 1961. Foi a primeira posse de um presidente em Brasília. E antes de se dirigirem ao parlatório, para a transmissão da faixa e o célebre encontro dos TRÊS JOTAS, presidente e vice foram para a diplomação no STE, presidida pelo ministro Ary Franco.

Deve ter sido a última vez em que Jânio e Jango se cumprimentaram com um sorriso no rosto. (01/01/2019)

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SALÉM


Escrevi no ano 2000 um artigo sobre William Salém, um político paulista da década de 50. Na época surgiu a possibilidade dele ser publicado no suplemento literário de um jornal; tal, porém, não ocorreu. Publiquei-o no blog em 2011 e em 2017 ele virou uma das fontes do livro que a Escola do Parlamento - órgão de pesquisa da Câmara Municipal de São Paulo - publicou sobre a 2ª Legislatura da Câmara depois do Estado Novo.

Fico satisfeito.

Quem quiser ler o artigo, basta clicar AQUI. (29/01/2019)

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GASTONE

Com Gastone no Palácio dos Bandeirantes, em 25/01/2017

Dia 17 Gastone Righi se foi, aos 83 anos. Nascido em Santos, foi daquela leva notável de janistas que trazia Mário Covas e Esmeraldo Tarqüínio. Inteligente, operoso e ótimo advogado, representou os presos do navio Raul Soares, episódio heróico que ainda precisa ser contado em detalhes; eleito deputado federal pelo MDB em 1966, foi cassado na primeira lista do AI-5; voltou com a abertura e se elegeu deputado em 1982 pelo PTB; em 1986 se reelegeu e foi líder do PTB na constituinte.

Debochava publicamente de Erasmo Dias. Quando Armando Falcão lançou um livro de memórias, lembro-me de Gastone no programa de Maria Lídia, dizendo "agora, depois de todo esse tempo esse homem vem falar esse monte de bobagens" e espinafrou o livro, para o espanto e o deleite dos parlamentares petistas presentes.

Em 1989 ele tentou promover a união do PTB e do PDT em torno de Leonel Brizola, como uma coroação simbólica do ideal trabalhista de Getúlio; trombou nas ambições de Afonso Camargo, que insistiu em lançar sua ridícula candidatura, derrotada desde o primeiro dia. Em 1992 alinhou-se à tropa de choque que defendeu Fernando Collor no processo de impeachment e sua carreira política acabou liquidada.

Minha primeira entrevista com Gastone em sua casa durou sete horas. Era bem-humorado, solícito, divertido. E ao mesmo tempo sério e compenetrado. Que cabeça tinha esse homem! Uma memória prodigiosa, certeira, detalhista, um raciocínio rápido, lógico, objetivo e uma oratória caudalosa, escorreita, que nos fazia ver a história com seus relevos, suas depressões, suas reentrâncias, seus mistérios e tudo aquilo que ele observou ou do qual participou. Tinha aquela mente privilegiada desses janistas que chegaram calejados pela política, na década de 80, como Faria Lima, Baldacci e Mastrobuonno, pessoas com quem eu poderia passar a vida proseando.

Fiquei sem vê-lo pelos anos seguintes e só o reencontrei em 2017, na cerimônia de comemoração do centenário de Jânio, no Palácio do Governo. Abracei-o efusivamente. Com a gratidão do formado que reencontra o professor. Gastone me tratou com carinho e consideração num momento inicial de minha pesquisa, dando-me subsídios e informações inestimáveis sobre sua longa convivência com Jânio. E instado pelo filho Flavio ele chegou a comentar em um dos posts de minha página sobre o livro. E suas palavras, sempre inspiradas e repassadas de sua bonomia e sua gentileza, são perfeitas para este momento triste de despedida:

É meu passado! Suspiro de saudade! Nada tenho do que me arrepender!
Orgulho-me de meus leais amigos e companheiros!
Especialmente dos jovens!
Feliz deles que participaram da construção de uma pátria livre e democrática, podendo agora assisti-la, sendo passada a limpo, varrendo-se, da política, a demagogia e a corrupção.
Espero, neste ocaso de vida, que nosso povo tenha aprendido a lição.
Eleja, com seu voto, governos e representantes que imponham e respeitem os mais elevados princípios de dignidade, honradez e moralidade, na vida pública.

Obrigado, mestre!
Por tudo. (19/04/2019)

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JÂNIO E A GENEALOGIA


A Revista NEP é feita pelos membros do Núcleo de Estudos Paranaenses do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Paraná, e segundo eles, “tem o propósito de constituir um espaço permanente de interlocução com sociólogos e pesquisadores de áreas afins, no país e no exterior que se dedicam ao estudo do Paraná, em específico e a temática Sociedade, Instituições e Estado, em geral”.

No Volume IV, nº2, de 2018, os pesquisadores Ricardo Costa de Oliveira, doutor em Ciências Sociais, e Mônica Goulart, doutora em Sociologia, contribuíram com o artigo “Jânio Quadros: genealogia e conexões paranaenses”, que não apenas utilizou extensamente a biografia de Jânio, como acrescentou excelentes informações que aproveitarei na segunda edição do primeiro volume.

É um belo artigo, cuja leitura recomendo com prazer, e pode ser lido AQUI. (26/04/2019)

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300 ANOS DE POLÍTICA


Jânio, Montoro, Laudo, Paulo Egydio, Maluf e prosa para meses seguidos. Da esquerda para a direita: Faria Lima (sobrinho do Brigadeiro, duas vezes deputado federal), Tonico Ramos (três vezes deputado estadual) e Jacob Pedro Carolo (vereador e prefeito de Pontal, deputado federal por um mandato e estadual por quatro mandatos). (30/04/2019)

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JÂNIO, LIMA E ALENCAR


O Dia da Literatura Brasileira se comemora em 1º de maio porque coincide com o aniversário de José de Alencar, um dos nossos maiores romancistas.

O diretor Lima Barreto (1906/1982), celebrizado por dirigir o magnífico "O Cangaceiro", em 1953, acalentou durante anos o sonho de levar às telonas o romance "O Sertanejo", de Alencar. Preparou roteiro, locações, escalou Paulo Ruschel para o papel de Cirino, mas infelizmente não conseguiu transformar o projeto em filme. Segundo se diz por aí, ele era uma espécie de Orson Welles nacional: talentoso mas difícil de se conviver, então acabava sempre afastando os potenciais investidores.

A foto é de 1957 e mostra o governador Jânio - que já conhecia Lima da época de "O Cangaceiro" e incentivava calorosamente o cinema nacional - em uma locação de "O Sertanejo", onde Lima lhe fala sobre a indumentária do personagem interpretado por Ruschel. (01/05/2019)

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JÂNIO, INEZITA E CRAVEIRO

     

A visita do presidente português Craveiro Lopes ao Brasil, em junho de 1957, foi memorável em todos os sentidos. Sua estada em São Paulo foi antológica, não só pelas visitas à Beneficência Portuguesa, à Casa de Portugal e a outras associações luso-brasileiras, mas porque ele veio em um período político controverso em que Jânio era governador e Adhemar era prefeito, o que provocou involuntariamente o encontro protocolar dos dois grandes adversários da política paulista.

Craveiro chegou em 15 de junho e depois de um dia inteiro de solenidades, Jânio ofereceu-lhe uma recepção no Palácio dos Campos Elíseos (à qual Adhemar preferiu não comparecer). Uma das artistas responsáveis pelo entretenimento da noite foi Inezita Barroso, já considerada rainha do folclore brasileiro e integrando, na época, os Jograis de São Paulo, grupo teatral que realizava espetáculos de poesia e música, fundado pelo ator, diretor e poeta Ruy Affonso, e formado pelos atores Ítalo Rossi, Felipe Wagner e Rubens De Falco (atrás de Inezita são visíveis Ruy Affonso e De Falco).

No video podemos identificar a presença de Ângela Maria (lindíssima como sempre) e o jornalista Carlos Spera. Curiosamente, era o aniversário de 28 anos de Spera. (07/05/2019)

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JÂNIO E JUAREZ


“União Democrática Nacional (UDN) lança a candidatura do general cearense Juarez Távora à Presidência da República. É a terceira vez consecutiva que o partido aposta num nome do meio militar — nas duas eleições anteriores (1950 e 1955), o candidato foi o brigadeiro Eduardo Gomes.

Nas articulações que resultaram na escolha de Juarez, o primeiro nome cogitado havia sido o de Etelvino Lins, dissidente do PSD, apoiado por Carlos Lacerda. O governador Jânio Quadros também foi lembrado, mas ele abriu mão da disputa ao saber que Távora pleiteava a candidatura.

(...) Por isso, a derrota de Juarez já era esperada até pelos udenistas antes mesmo do início da campanha, mas seria o candidato da UDN com a menor margem de diferença para o primeiro colocado desde 1945 — obteria 28,7% dos votos, contra 33,82% de Juscelino Kubitschek (PSD), presidente eleito. Em São Paulo, onde teve o apoio de Jânio, seria o segundo mais votado, com 626 mil votos, perdendo apenas para o ex-governador Ademar de Barros (PSP)”.

Fonte - http://memorialdademocracia.com.br/card/o-vice-rei-do-norte-pede-votos

Na verdade Jânio estava louco para concorrer, mas tendo renunciado à prefeitura com apenas um ano de mandato e exercido o governo do Estado por ainda menos tempo, seria uma temeridade renunciar novamente. Seus planos acabaram obstados pelas articulações partidárias. Inicialmente Jânio ficou irritadíssimo com sua preterição, mas relevou e embarcou de corpo e alma na campanha de Juarez.

Na foto vemos Jânio, Juarez e o prestigioso deputado federal do PSD, Antônio Sylvio da Cunha Bueno, que exerceu por pouco tempo o cargo de Secretário do Governo na gestão de Jânio. (12/05/2019)

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LEONOR


Posse de Jânio na presidência. Na foto vemos sua mãe Leonor, sua filha Tutu e o genro Alaor Gomes.

Apesar da expressão hilária na foto, Leonor não trazia em sua personalidade a loucura fundamental dos Quadros. Era uma mulher discreta, divertida e inteligente. Jânio teve na mãe o esteio emocional indispensável para lidar com a perda da irmã, com o pai irascível, com a política e com todas as suas dificuldades.

Tutu disse-me resoluta, sem rodeios, que possuía uma ligação de mãe e filha muito mais forte com a avó do que com a mãe, Eloá.

Era uma mulher notável e muito querida pelos que a conheceram.

(Foto da Manchete, 11/2/61) (12/05/2019)

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JÂNIO E BOLSO

     

Apesar de Villa errar ao repetir a bobagem de que Jânio se elegeu apenas para uma suplência nas eleições de novembro de 1947, suas colocações são corretíssimas.

Comparar Jânio - um homem brilhante, bom orador, político extraordinário, grande administrador e campeão de votos - a um completo boçal como Bolsonaro é ridículo.

O comentário está em 2:53:07. (16/05/2019)

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GABRIEL QUADROS


O jornal A NOITE noticia o assassinato de Gabriel, em 1957. (01/06/2019)

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JÂNIO E A ARTE


Em novembro de 1959 a revista Radiolândia - famosíssima nos anos 50 - resolveu fazer uma sabatina com Jânio, então candidato à presidência, levando artistas como Tônia Carrero, Grande Otelo, Caribé, Maysa, Joel Silveira, Ary Barroso e outros, liderados por Flávio Cavalcanti, para que perguntassem o que quisessem ao candidato, no assunto ARTE.

Como já era de se esperar, sendo Jânio um eterno amigos dos artistas e dos intelectuais, a sabatina foi divertida e edificante. O trecho com Tônia é significativo nos dias de hoje, em que pessoas insistem no erro crasso de comparar Jânio a Bolsonaro, que é, em tudo e por tudo, seu antípoda e seu contrário.

Jânio não era um refinado cultor das artes mas era um homem culto, de mente aberta e sabia valorizar, festejar e estimular as variadas manifestações artísticas de nosso povo. A pessoa que hoje ocupa a presidência é um ignorante exatamente como os dois que o precederam. (12/11/2019)

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JÂNIO E REINALDO ELIAS


Trabalho impecável de Reinaldo Elias sobre a foto de Chico Albuquerque. (26/11/2019)

https://www.facebook.com/colorizandoopassado/

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DÉCIO GRISI (19/06/1918 + 02/01/2020)

Décio, em 2013

Só esta semana tive a triste notícia de que no dia 2 de janeiro deste ano morreu Décio Grisi, aos 101 anos. Ele era o último remanescente da Legislatura Municipal de 1948, a primeira depois do Estado Novo, na qual foi colega (e amigo) de Jânio, Ermano Marchetti, José Diniz, Cantídio Sampaio, Marrey Jr. e tantos outros.

Lendo o manuscrito do 2º volume da biografia
de Jânio, da qual é um dos protagonistas. O
terno velho e os sapatos sovados são símbolo
de uma vida simples e honesta (foto de 2012)
Por sua longevidade, sua extraordinária memória, mas, acima de tudo, por sua gentileza e sua inestimável amizade, tive a sorte de poder estar com Décio inúmeras vezes desde que o procurei pela primeira vez, há mais de vinte anos. Ele sempre me recebeu com boa vontade, satisfeito e animado de poder compartilhar com as novas gerações suas múltiplas experiências no Palacete Prates, naquele quatriênio inigualável de 1948 a 1951.

Minhas conversas com Décio são inesquecíveis. Sei que tanto ele, com 101 anos, quanto Chico Ladeira, com 100, viveram vidas longas, intensas e completas. Mas minha convivência com esses dois - cujos depoimentos são pedra angular do segundo volume da biografia de Jânio - é um presente que eu daria tudo para poder desfrutar por mais tempo. Chico partira há algum tempo quando lancei o primeiro volume, mas Décio o viu publicado, vibrou comigo a realização desse sonho, tanto dele quanto meu, e esperava ansioso pelo segundo. Não deu tempo.

Vou escrever sobre Décio brevemente. Por enquanto estou sofrendo com sua partida. Queria ter podido abraçá-lo e agradecer tudo que fez por mim uma última vez. (03/05/2020)

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2X JÂNIO E DÉCIO

     

Décio Grisi - colega de Jânio na Câmara Municipal - conta, neste video inédito que filmei em 2008, a maneira como conheceu Jânio quando ambos eram candidatos a vereador, em 1947, e a história do discurso que Jânio fez em homenagem a um diplomata italiano que visitava a Câmara em outubro de 1948, e a reação a esse discurso por parte de Higino Pellegrini, que não perdeu a oportunidade de aludir a um certo jogo de futebol ocorrido em abril daquele ano. (06/05/2020)

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JÂNIO E THEODORO MENDES

José Theodoro Mendes, ou como era popularmente conhecido, Theodoro Mendes, foi advogado, radialista, professor, bancário e político. Em 72 elegeu-se vereador de Sorocaba, em 74 elegeu-se deputado federal e em 76 elegeu-se prefeito. Tentou a reeleição para deputado em 78 e, perdendo, ficou na prefeitura. Essas fotos são provavelmente de 1980, quando Jânio viajou o interior paulista fazendo palestras e procurando cooptar todos os prefeitos peemedebistas (caso de Theodoro) que pudessem ajudá-lo em sua tentativa de filiação ao PMDB. O objetivo era a eleição de 1982, a primeira em 20 anos e considerada favas contadas para quem fosse lançado pelo partido.

Não deu outra: Montoro fez tudo para impedir a entrada de Jânio, conseguiu a candidatura e se elegeu. Sua única vitória em um pleito para o executivo. Jânio engoliu seco, se filiou ao PTB, perdeu 82 mas voltou prefeito em 85, derrotando o candidato de Montoro, que não era outro senão Fernando Henrique Cardoso.


Deixando a prefeitura em 1982, Mendes se elegeu deputado federal e conseguiu a reeleição em 1986, quando se tornou deputado constituinte. Terminado esse mandato em 1990, ele tentou voltar ao congresso três vezes, e uma vez à prefeitura, mas não foi eleito. Mendes morreu em janeiro, aos 78 anos, em um desastre automobilístico.

* Agradecimento a Mateus Rosa Tognella pelas informações e pelas fotos. (06/08/2020)

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JÂNIO E SUPLICY - 1978


Não sei ao certo qual foi o evento que reuniu os dois; provavelmente uma palestra que juntou o jovem candidato à Assembléia e o velho ex-presidente. com os direitos políticos restabelecidos há pouco, mas disposto a não concorrer no pleito legislativo de 1978.

Suplicy vinha de linhagem capitalista, seu patronímico incluía as famílias Cochrane e Suplicy. Pelo lado da mãe temos os Matarazzo, maior fortuna brasileira do início do século XX. Ele, entretanto, além de inteligência invulgar, preparo e combatividade, demonstrou desde o início de sua carreira uma tendência humanista, de identidade popular e libertária, que o aproximou da ala mais progressista do MDB, pouco depois responsável pela criação do PT.

Naquela eleição Jânio declarou voto em dois candidatos: para o Senado, Fernando Henrique Cardoso. Para a Assembléia Legislativa, Eduardo Suplicy. Ambos se tornaram seus adversários na eleição municipal de 1985 e foram derrotados. FHC desde então fala discretamente sobre Jânio. Já Suplicy, sempre soube ver o antigo político por uma lente menos draconiana, mais abrangente, mais compreensiva, como líder de um movimento político que gerou grandes colegas seus, como Plínio de Arruda Sampaio e Hélio Bicudo.


Houve respeito entre os dois até o fim. E quiçá até estima. Mas a política encobriu isso. (07/09/2020)
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Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia
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Bernardo Schmidt
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