Terça-feira, 4 de junho de 2013. Um dia como vários que
tenho vivido, inesquecíveis, desde o lançamento do primeiro volume de minha biografia de Jânio Quadros. Desta
vez me tocou roçar ombros com Jô Soares em seu programa de entrevistas que já
vai entrando de rijo pela segunda década sem sinais de fadiga. Jô, que assisto desde o Planeta
dos Homens, apresentado por ele na década de 70 junto a Paulo Silvino,
Miele e Agildo Ribeiro, esse mesmo Agildo maravilhoso que por conta de seu
imensurável talento — e a arrepiante e impagável história do biliquê — acabou
tornando-se, com a maior justiça, o grande homenageado de nossa conversa.
Jô, cujo Viva o Gordo
assisti religiosamente todas as segundas por anos a fio, aprendendo ali (e com
Chico Anysio, evidentemente) quem eram esses titãs do humor teatral e
televisivo que a memória brasileira cruelmente esqueceu, como Milton Carneiro,
Luiz Delfino, Henriqueta Brieba, Paulo Celestino, Ema D’Ávilla...
Assisti várias vezes a gravação do extinto Jô Soares Onze e Meia, nos estúdios que
o SBT mantinha no Sumaré. Lá pude ver o gordo entrevistando personagens tão
díspares como Fernando Henrique, Guilherme Arantes, o Ira, Florinda Bulcão, Luiza
Erundina, Magic Paula, a saudosa Hebe... o câmera “Eddie Murphy”, o
contra-regra e “pai de santo” Tião... cheguei a colher um depoimento com o
próprio Jô em seu camarim, para um trabalho escolar que fiz na época (e que
trarei a vocês um dia, quando conseguir, enfim, transformar em DVD as centenas
de fitas de vídeo que entulham meus armários).
Com Jô nos estúdios do Sumaré, em 1991 |
No novo século, desde sua volta para a Globo, não surgira
ensejo para presenciar in loco a
gravação de seu programa. E eis que acabei fazendo-o não na qualidade de
espectador, mas de entrevistado. Logo após o talentoso e divertido Nando Cunha
(o proverbial tough act to follow).
Não há mais o que dizer, a não ser que assistam o vídeo, cujo link vai abaixo, mas admito que fiquei impressionado ao ver Jô falando sobre Jânio com tal
admiração, já que tenho fresca na lembrança a apresentação de Viva o Gordo — que trazia montagens de
Hans Donner fundindo o humorista em outras imagens, mostrando-o em cenas
cômicas com celebridades do mundo inteiro — onde Jô fazia troça com o
ex-presidente, trazendo-lhe uma bandeja com copos de whisky. Sinal dos tempos.
Jô, seguramente, como tantos outros brasileiros, soube o que era o governo com
Jânio, sem Jânio e com aqueles que tanto o atacavam, e que hoje ocupam o poder,
servem ao poder e, sobretudo, se servem do poder.
O belo estúdio de Jô na Berrini |
Antes de encerrar, duas curiosidades e dois esclarecimentos. Primeiro as curiosidades: Jô contou a história de sua desavença com Jânio e a troca de cartas que se seguiu, desembocando em uma chuva de pétalas de rosa de parte à parte. Fausto Silva tem uma história idêntica com o ex-presidente, que contarei em um dos volumes futuros. E o guitarrista Marcinho Eiras, que está substituindo o Tomate — recuperando-se de uma grave crise pulmonar — foi o grande animador do público, na espera antes do início da gravação. Sua rendição do tema do joguinho “Mario Bros”, utilizando suas guitarras como pianos (marca registrada do guitarrista, trazendo ecos de Stanley Jordan), foi muito divertida.
Linda foto tirada por Natália Negro no momento em que Jô exibia a célebre imagem de Jânio com os pés cruzados, que valeu a Erno Schneider, do JB, o prêmio Esso de jornalismo
Os esclarecimentos, àqueles que já me perguntaram, e àqueles
que ainda têm a dúvida: quando cumprimentei Jô, naquela caminhada até nos
sentarmos, agradeci a ele pela imitação de Jânio, ressaltando que até hoje,
depois de 15 anos pesquisando o velho, infelizmente não aprendi a imitá-lo. E o
que o Bira desejava dizer mas Jô não deixou é que o ritual do “lava-pau”, na
Bahia, era referido como “lavar o cabo João”. Ouro puro. Memórias para todo o
sempre. Agradeço à belíssima produção do Jô, de gentileza fidalga
desde o motorista até o produtor-executivo. E também à Natalia e o Alexandre,
indispensáveis, sem os quais o dia não teria sido tão delicioso.
Divirtam-se.
Bernardo Schmidt
Assista abaixo a entrevista de Bernardo Schmidt a Jô Soares:
Jô Soares entrevista Bernardo Schmidt sobre Jânio Quadros from Bernardo Schmidt on Vimeo.
Jô Soares entrevista Bernardo Schmidt sobre Jânio Quadros from Bernardo Schmidt on Vimeo.
______________________________________
Adquira a BIOGRAFIA DEFINITIVA DE JÂNIO QUADROS
Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia
Vol I: "Um Moço Bem Velhinho"
Bernardo Schmidt
Editora O Patativa
350 pgs ilustradas
R$ 30,00 (Frete incluso para todo o Brasil)
Compre através do e-mail editora.opatativa@gmail.com
_________________________________________
Ver também:
_________________________________________
Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia
Vol I: "Um Moço Bem Velhinho"
Bernardo Schmidt
Editora O Patativa
350 pgs ilustradas
R$ 30,00 (Frete incluso para todo o Brasil)
Compre através do e-mail editora.opatativa@gmail.com
_________________________________________
Ver também:
_________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário