domingo, 30 de dezembro de 2018

Pílulas Janísticas — 10

Compilação de publicações da página da biografia de Jânio Quadros no Facebook

1985


Jânio, Eloá e a vassoura gigante.
Foto de Jair Malavazi (Estadão) (25/03/17)

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JÂNIO E O PASQUIM


Primeira página da entrevista ao Pasquim, em junho de 1977. Foi uma das conversas mais divertidas e sinceras de Jânio em todos os tempos. Ele estava bem-humorado, falador e os entrevistados souberam apertá-lo sem deixá-lo retraído. Quatro ou cinco entrevistas como essa e meu trabalho seria bem mais simples. (28/03/17)

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JÂNIO E CARVALHO PINTO


Em 1961, exercendo a presidência, Jânio vem a São Paulo e visita o governador Carvalho Pinto nos Campos Elíseos. Sobre eles, o quadro do grande Rodrigues Alves, ex-governador, ex-presidente e tio-avô de CP. (12/04/17)

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JÂNIO E ALTINO ARANTES


Em visita aos Campos Elíseos, durante sua presidência, Jânio dá entrevista coletiva e toma um café sob o retrato do velho Altino Arantes (1876/1965), governador do Estado na década de 10.

Sobre Altino, a quem conheceu anos antes, Jânio dizia, referindo-se ao respeito que tinha pelo velho governador, e por sua altura privilegiada: "É homem a quem se cumprimenta na ponta dos pés". (15/04/17)

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MINAS - 1960


Não sei quem é mais teatral, nesta foto da campanha de 1960: Jânio ou o repórter. José Aparecido assiste como se estivesse na platéia de uma das tragédias político-históricas de Shakespeare. (16/04/17)

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DONA GABRIELA



Qualquer brasileiro de cultura mediana já está cansado de saber que Jânio jamais disse "fi-lo porque qui-lo" e muito menos falou em "forças ocultas".

Mas é sempre bom relembrar as pessoas. (19/05/17)

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O "HOMEN" DE DUAS CARAS


"Jânio Quadros jamais seria ninguém na vida se não o fossem buscar nos pantanais do Mato Grosso. Surgiu das cafundas mato-grossenses com o pelo arrepiado, sem ser onça, mas possuidor da malícia dos felinos que ele jamais teria coragem de enfrentar"...

Os panfletos anti-Jânio que surgiram quando começou a se aproximar a eleição de outubro de 1960 - na maioria dos casos pagos pela campanha de Adhemar de Barros - são tão toscos, tão idiotas, tão mal-escritos que chega a ser covardia que fossem utilizados contra Jânio.

"O homen de duas caras" apareceu nessa época, em princípios de 1960. Vem de uma editora do Rio que aparentemente se
especializava em espinafrar pessoas públicas por encomenda.

Nunca ficamos sabendo o porquê da palavra "homem" ter sido grafada com N na capa. Em determinado ponto (página 9) comenta-se apenas que Jânio não encontrará respaldo diante do povo, "nem como 'homem' nem como candidato". Talvez a resposta seja essa; Jânio não mereceria, no ponto de vista do autor, ser considerado sequer um homem com M. A idéia é tão cretina quanto a frase da página 36: "Daí vem a propósito lembrarmos aquela célebre frase de Shakespeare em 'Otelo': SER OU NÃO SER... Jânio Quadros!"... Queira Deus que Jânio não tenha lido isso. Entregar o "Ser ou não ser" a Othello é a única coisa que o indignaria, neste mísero panfleto.

O autor não se identifica mas no fim do livro o leitor é avisado de que já está no prelo o livro negro de Ângela Maria... (05/06/17)

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JÂNIO E TANCREDO




Encontro do governador de São Paulo com Tancredo, em 56 ou 58, quando o mineiro ocupava um cargo no Banco do Brasil, por indicação de JK. (FGV) (24/08/17)

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56 ANOS DE RENÚNCIA


Curioso que Jânio tenha renunciado há 56 anos, porque segundo Carlos Zigon, autor de um tijolo estrambótico de 250 páginas que não chega a absolutamente nenhuma conclusão, "Jânio Quadros não renunciou!"

Lançado em 1990, traz na mensagem final uma propaganda da monarquia, com vistas no plebiscito que viria pouco depois: "Este livro foi elaborado com a melhor intenção de divulgar a experiência nacional, possibilitando aos moços e à posteridade um futuro de paz, progresso e constante bem-estar. Oxalá se constitua numa pálida mensagem à Restauração do Parlamentarismo, sob uma única dinastia vitalícia, a exemplo do glorioso Reinado de S. M. D. Pedro II!" (25/08/17)

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JÂNIO POR TRIMANO (1968)


Interessante caricatura de Jânio feita pelo artista argentino radicado no Brasil, Luis Trimano, para a Veja de 1968. (23/09/17)

Fonte: http://trimano.blogspot.com/2014/02/trimano-caricatura-na-imprensa-janio.html

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MONIZ BANDEIRA (1935/2017)


Moniz Bandeira morreu, aos 81 anos. Era polivalente: formado em Direito, doutor em Ciência Política pela USP e professor de História da Política Exterior do Brasil, na UnB. Doutor Honoris Causa pela UniBrasil, do Paraná, bem como pela UFB. Em 2006, a UBE elegeu-o, por aclamação, Intelectual do Ano de 2005, conferindo-lhe o Troféu Juca Pato, por sua obra "Formação do Império Americano (Da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque)".

Em de 1960, com 24 anos, Moniz era redator político do Diário de Notícias e assessor político do deputado Sérgio Magalhães, do PTB. O jornal pediu que ele acompanhasse a comitiva de Jânio na viagem à Cuba e ele teve uma visão privilegiada, em primeira mão, de toda a presidência de Jânio. Seus dois livros sobre a renúncia vêm repassados de suas opiniões pessoais, muito particulares, são muito esclarecedores, pois foram escritos no calor do momento. É rico seu depoimento ao site Sul21.

Viajei com Jânio Quadros seis meses, durante todo o primeiro semestre de 1960. Durante a viagem, escutei diversas vezes Jânio Quadros declarar que processaria o Congresso perante o povo, promoveria sua responsabilidade, caso ele não lhe desse as leis que pedia, culpando-o pela situação do país, por não lhe dar os instrumentos necessários para governar. Jânio Quadros manifestava o inconformismo de ter de governar dentro dos marcos constitucionais. Repetia que não poderia governar “com aquele Congresso”. A Leonel Brizola, governador do Rio Grande do Sul, o presidente Jânio Quadros disse que, “com aquele Congresso”, dominado pelos conservadores, não poderia avançar para a esquerda, tomar iniciativas para reformar as instituições e promover a transformação da estrutura econômica e social do país: limitação das remessas de lucros para o exterior, lei antitruste e reforma agrária. Precisava, portanto, de poderes extraordinários. Seduzido, Brizola comentou com o ex-presidente Juscelino Kubitschek o objetivo de Jânio Quadros e sua disposição de apoiá-lo. Porém, com Carlos Lacerda, a conversa era diferente, embora a conclusão fosse a mesma. “Com aquele Congresso”, dentro do regime democrático, não poderia governar, sem fazer “concessões às esquerdas e apelar para elas”. Necessitava, em consequência, de poderes extraordinários.

Com formação acadêmica, pois era formado em Direito, em Ciências Sociais e Jurídicas, e conhecimento de História, pude interpretar as manifestações que ele fazia e deduzir que sua pretensão era jogar a opinião pública contra o Legislativo e, provavelmente, dar um golpe de Estado, suspeita essa que começara a tomar corpo, desde maio de 1961, na Câmara dos Deputados. Para mim, desde a campanha eleitoral, estava claro de que a política exterior de Jânio Quadros tinha, em larga medida, caráter de propaganda política, para manter a esquerda na expectativa e conquistar-lhe a simpatia. E, como chefe da seção política do Diário de Notícias, possuía inúmeras informações sobre preparativos de um golpe de Estado, adensadas por várias iniciativas que Jânio Quadros estava a tomar na área militar. Porém, que golpe? A deflagração da crise, portanto, não me surpreendeu.


Em agosto de 1961, fui à Bolívia fazer uma pesquisa sobre a execução dos acordos de Roboré, para a exploração em Camiri, por empresas brasileiras. De Santa Cruz de la Sierra, que me pareceu uma cidade do far-west dos Estados Unidos, na segunda metade do século XIX, com cadáveres nas ruas, após tiroteio entre forças do governo e do senador Sandoval Morón, fui a Camiri assistir ao trabalho de exploração do petróleo, e depois viajei para Cochabamba e La Paz.

Em La Paz, estava hospedado na residência do embaixador do Brasil, Mario Antônio de Pimentel Brandão, quando ele me mostrou telegramas do Itamaraty sobre o agravamento da crise política. Decidi regressar imediatamente ao Brasil. No dia 25 de agosto, tomei o avião para Santa Cruz de la Sierra, onde embarquei para o Brasil, em aparelho da companhia Cruzeiro do Sul. E, ao chegar a São Paulo, por volta das 14h, escutei a notícia de que Jânio Quadros renunciara à presidência da República, pois Carlos Lacerda, governador do Estado da Guanabara, havia denunciado pela televisão que ele estava a articular um golpe contra as instituições, a fim de adquirir poderes especiais, por meio do ministro da Justiça, Oscar Pedroso d’Horta. Com as informações que possuía, foi-me fácil concluir que Lacerda havia lancetado o tumor. Viajei então para o Rio de Janeiro e João Dantas, o proprietário do Diário de Notícias, mandou que fosse imediatamente para Brasília acompanhar a evolução da crise.

Acompanhei os acontecimentos, de dentro da Câmara dos Deputados, pois o deputado Sérgio Magalhães, meu amigo pessoal e em cujo apartamento eu sempre me hospedava, assumira a presidência do Congresso, quando o deputado Ranieri Mazzilli foi investido na presidência da República.Tinha tantas informações, de bastidores e cujas fontes (muitas das quais militares) não podia revelar. Assim, dois meses após a renúncia, em novembro, publiquei o livro O 24 de Agosto de Jânio Quadros, no qual deslindei o enigma, ao mostrar que ele renunciou à presidência da República esperando voltar ao governo com o apoio das multidões. O respeitável jornalista Carlos Castelo Branco, seu secretário de imprensa, ouviu-o dizer a Francisco Castro Neves, ministro do Trabalho: “Não farei nada por voltar, mas considero minha volta inevitável. Dentro de três meses, se tanto, estará na rua, espontaneamente, o clamor pela reimplantação do nosso governo”.


Marx comentou, no prefácio ao 18 Brumário de Luiz Bonaparte, que a história se repete, uma vez como tragédia, e a outra, como farsa. A renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, foi a farsa com que ele tentou repetir, excluindo evidentemente o tiro no coração, a comoção popular que a tragédia do suicídio de Vargas, no dia 24 de agosto de 1954, provocou. Até uma carta ele escreveu, dizendo: “Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo. Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração”. Até o estilo da carta-testamento de Vargas ele tratou de imitar. Depois da renúncia, ao embarcar para a Europa, declarou: “Enxotaram-me. Mas voltarei como Getúlio”.

Quadros imaginou que podia compelir o Congresso a outorgar-lhe o poder legislativo e entrar em recesso permanente, diante da mobilização popular em seu favor (que não houve) e do impasse político e constitucional que se criaria com o veto previsível dos ministros militares à investidura no cargo do vice-presidente João Goulart. Ele pretendia constituir-se como alternativa para a junta militar por ele próprio sugerida aos ministros militares. Porém, muitos acreditaram que Quadros fora deposto pelos militares por causa de sua política exterior, em defesa da autodeterminação de Cuba. Porém, dois meses depois da renúncia, em novembro, revelei o que acontecera, ao publicar O 24 de agosto de Jânio Quadros, prefaciado pelo deputado Sérgio Magalhães, do Grupo Compacto do PTB. (11/11/17)

Fonte: https://www.sul21.com.br/postsrascunho/2011/06/moniz-bandeira-janio-tentou-repetir-a-comocao-popular-ocorrida-com-o-suicidio-de-vargas/

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1955


Licenciado do governo de São Paulo para ajudar Juarez Távora em sua campanha presidencial. (23/05/18)

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1985


Nesta espinhosa eleição presidencial, em que temos um elenco tão lamentável de postulantes ao cargo onde já estiveram Rodrigues Alves, Washington Luís, JK e Jânio, vamos recordar este panfleto da campanha de 1985, provavelmente elaborado por João Mellão Netto e a equipe da Juventude Janista. (20/09/18)

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ELEIÇÃO PRESIDENCIAL


Capa da Manchete, de 8 de outubro de 1960. A escolha dos brasileiros era entre Jânio - o popular, Lott - o militar, e Adhemar - o "rouba mas faz".

Repilo comparações entre Jânio e Bolsonaro ou qualquer outro. Jânio tinha disputado cinco eleições e vencido TODAS. Era experiente. Era um campeão de votos. Tinha uma longa lista de serviços prestados a São Paulo. Não era o tal "salvador da pátria" que aparece do nada e galvaniza as atenções por mero populismo. Jânio podia até ser populista e desprezar partidos, mas vinha de treze anos de trabalho incansável. Era vinho de outra pipa, como todos os outros.

Como pudemos decair tanto? (03/10/18)

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CARETA (1960)


Edição de 20 de agosto de 1960, portanto cerca de um mês e pouco antes da eleição presidencial.

A publicação não fazia qualquer segredo de sua pronunciada inclinação janista, ou do favoritismo de Jânio, e Théo, o mestre caricaturista responsável pela parte artística da revista, preparou uma capa que mostrava Jânio como Guliver em campanha entre seus adversários liliputianos, Adhemar e Lott, e o candidato a vice na chapa de Lott, João Goulart.

A comparação pode ser analisada. Em termos de experiência administrativa, Jânio e Adhemar eram equivalentes e experimentados em cargos legislativos e executivos. Valeria o gigantismo moral de Jânio em relação a Adhemar. No caso de Lott era uma questão de experiência, mesmo. O general era figura ínclita mas sem qualquer traquejo político ou administrativo.

E quanto a Jango, seu problema era o mesmo dos outros dois: eram vistos como entulho getulista que precisava ser varrido.

Jânio varreu Adhemar temporariamente. Lott foi de vez. E Jango não só não foi varrido como foi eleito vice - dentro da lei arcaica que permitia uma chapa presidencial desvinculada - e assomou à presidência sete meses depois.

Como comparar essa extraordinária campanha com o show de horrores que estamos presenciando hoje? (07/10/18)

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LOTT E JÂNIO


Curioso que na campanha de 60 o candidato militar - Lott - era apoiado por Prestes e os comunistas, e mesmo que os militares já tivessem dado o golpe em 24, 30, 37, 45 e 55, era Jânio - um campeão de votos, invicto de eleições democráticas - que representava a possibilidade de guerra civil.

(Correio da Manhã, 18/07/1960) (10/12/18)

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CARETA - 1958


"Como artista é um espetáculo! Uns acham que ele está vivendo um drama, outros que interpreta uma farsa, uma comédia. Ele entra em cena, porém, como se fosse representar uma tragédia!..."

Os partidos, já pensando na eleição presidencial de 1960, tentam entender o histriônico e popularíssimo governador de São Paulo.

Interessante como o grande desenhista Théo simbolizou cada um: PTB - getulismo sindicalista (real ou fictício), UDN - esquerda engomada e bacharelesca, e PSD - getulismo fisiológico.

Jânio não precisava de nenhum deles. Se elegeria por qualquer partido. No fim acabou cobiçado por todos. (11/12/18)

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NA SAÍDA DA IGREJA


Jânio acabava de ser eleito presidente. Dias depois sua filha única se casou. Na saída da igreja, o público avança sobre o presidente com esperança e otimismo.

O presidente eleito rompe o bloqueio da polícia e abraça um sujeito que se jogou sobre ele por cima de um carro. Ele sorri. Os policiais tentam tirar o sujeito mas também não conseguem sopitar um sorriso de alegria.

Nunca o Brasil foi tão real. E nunca mais será. (30/12/18)

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HISTÓRIA ENTRELAÇADA


O Grupo de Pesquisa em Historiografia da Língua Portuguesa, ligado ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Língua Portuguesa da PUC-SP e ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Mackenzie lançou, em 2014, o sexto volume da coleção “História Entrelaçada”, tratando de “Língua Portuguesa na década de 1960: Língüística, Gramática e Educação”.

Para tanto, as autoras Neusa Barbosa Bastos e Dieli Vesaro Palma fizeram uma pesquisa abalizada e profunda, e tive o prazer de constatar que a biografia de Jânio foi de grande ajuda às duas professoras. Jânio também teria ficado satisfeito, vendo um trabalho a seu respeito sendo utilizado para compor um estudo sobre a Língua Portuguesa.
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Jânio - Vida e Morte do Homem da Renúncia
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Bernardo Schmidt
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