Mais uma efeméride. Desta vez o jubileu de ouro do falecimento da maravilhosa Marilyn Monroe: 5 de agosto de 1962. Em 1987, quando o Globo Repórter ainda era o melhor programa jornalístico da TV, e não uma mera extensão do “Mundo Animal”, como hoje, houve uma edição dedicada aos 25 anos da morte de Marilyn. Assisti e, na efervescência dos meus 15 anos, me apaixonei descontroladamente pela linda e sofrida Norma Jean. A data também alavancou o lançamento de novas biografias da atriz, entre elas a mais completa até então, escrita pelo inglês Anthony Summers. O documentário da Globo e o livro de Summers marcaram o início de minha paixão não só por Marilyn, mas pelo cinema, e, mais à frente, pelo teatro. Quando olho para trás verifico que, embora tenha me tornado um expert na vida e na carreira dessa moça de Los Angeles, nascida em 1º de junho de 1926, ainda estou longe de esgotar sua filmografia.
Filme da coleção VHS da CBS/FOX
(é meu, mesmo, tenho até hoje)
No fim da década de 80 a internet não existia, a tecnologia digital engatinhava, o compartilhamento de arquivos ainda era ficção cientifica e se alguém quisesse assistir filmes antigos, especialmente os desconhecidos, teria que se dedicar a um garimpo dos mais ingentes pelas lojas de vídeo dos Estados Unidos. O Brasil sequer entrava nessa cogitação.
Fiz isso. Comprei dezenas de filmes das belíssimas coleções de VHS da Fox, e de outros estúdios, sempre que necessário. Mas pouco se fala dos primeiros 15 ou 20 filmes de Marilyn, os que ela fez entre 1948 e 1952. E nem há muito o que dizer; com raríssimas exceções, não fizeram fama, não tiveram notoriedade e não têm qualquer valor, mas como contém cenas, ainda que mínimas, com a jovem Marilyn, receberam automaticamente seu lugar na história. Vamos a um pequeno comentário sobre eles, para situar os fãs que estão chegando agora, e espanar a memória daqueles que, como eu, já cultivam esse mito há algumas décadas.
Marilyn, à esquerda, na canoa |
O primeiro filme, uma idiotice chamada Scudda Hoo! Scudda Hay!, de 1948, é tão inútil que a única cena de Marilyn, muda, dentro de uma canoa, não sobreviveu à sala de edição e não aparece no produto final. Em Dangerous Years e Ladies of the Chorus (também de 48) ela tem seus cinco segundos, que não foram suficientes para torná-la menos desconhecida, mas acabaram lhe valendo uma cena junto a Groucho Marx em Love Happy, filme esquecível dos Irmãos Marx produzido pela United Artists em 1950. É esse o ano que marca sua entrada definitiva no cinema. Ela se divide entre bobagens como A Ticket to Tomahawk (veículo para o cantor e dançarino Dan Dailey), The Fireball (veículo para Mickey Rooney) e The Right Cross (em que roça ombros com talentos como Lionel Barrymore, Ricardo Montalban e Dick Powell sem sequer constar dos créditos) com papéis pequenos, mas de fundamental importância em duas obras-primas do cinema: The Asphalt Jungle, de John Huston, e All About Eve, de Joseph Mankiewicz.
Foto publicitária de Let's Make it Legal |
Cada vez mais "Marilyn"... aqui, em foto
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O ano de 1952 ainda teve mais três filmes completamente diferentes: Don’t Bother to Knock, primeira protagonista dramática de Marilyn, com Richard Widmark e a jovem Anne Bancroft. A iniciativa foi arrojada, não se pode negar, e a oportunidade não era ruim, mas o filme é risível, tal a canastrice da lindíssima Marilyn. As críticas foram mistas, ninguém chegou a destruir a esforçada iniciante, mas foi melhor jogá-la em nova comédia para que se mantivesse seu status de promessa. O resultado foi Monkey Business, que, sem maiores predicados, traz Cary Grant e Ginger Rogers nos papéis principais. Aquele ano, em que se operou a grande virada na carreira de Marilyn, quatro anos após sua estréia morna e sem graça, terminou com uma pequena participação junto a Charles Laughton em um dos episódios de O’Henry’s Full House.
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O ano de 1952 ainda teve mais três filmes completamente diferentes: Don’t Bother to Knock, primeira protagonista dramática de Marilyn, com Richard Widmark e a jovem Anne Bancroft. A iniciativa foi arrojada, não se pode negar, e a oportunidade não era ruim, mas o filme é risível, tal a canastrice da lindíssima Marilyn. As críticas foram mistas, ninguém chegou a destruir a esforçada iniciante, mas foi melhor jogá-la em nova comédia para que se mantivesse seu status de promessa. O resultado foi Monkey Business, que, sem maiores predicados, traz Cary Grant e Ginger Rogers nos papéis principais. Aquele ano, em que se operou a grande virada na carreira de Marilyn, quatro anos após sua estréia morna e sem graça, terminou com uma pequena participação junto a Charles Laughton em um dos episódios de O’Henry’s Full House.
Marilyn, em cena célebre de Niagara |
Curiosamente, eu estava em Los Angeles em 2001, quando se comemorava seu 75º aniversário. Fui a Hollywood e vi suas mãos e pés no cimento, em frente ao Grauman’s Chinese Theater. Não tive a epifania que esperava. Aquilo é pouco. Sinto que o melhor de Marilyn ainda estava por vir. Há quem diga que sua morte veio no momento exato de se eternizar a imagem da atriz como deveria ser, e que o futuro teria dissolvido o mito. Talvez.
Volto a Marilyn em detalhes no blog, assim que possível. Também falarei de Dulce Damasceno de Brito, correspondente de Chatô nos Estados Unidos na década de 50, e que privou com Marilyn como poucos. Dulce era uma pessoa doce, gentil, inteligente e fico triste de ver que, com sua extraordinária carreira, tendo sido a única brasileira a conhecer e a conviver com os maiores astros da Hollywood dos anos de ouro, sua morte passou em brancas nuvens, em 2008. (21/8/2012)
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