quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Charlie Chaplin, Um Rei nos Estados Unidos - Parte 1/2


Amigos têm-me perguntado como cheguei a despertar contra mim toda essa aversão dos americanos. Meu enorme pecado foi, e ainda é, o de ser um independente. Embora não pertença ao rol dos comunistas, recuso-me a entrar na trilha dos que os odeiam. Isso, decerto, chocou a muitos, inclusive o pessoal da Legião Americana. Não sou contra essa instituição em seus verdadeiros propósitos construtivos, (...) mas, quando os legionários abusam dos seus legítimos privilégios e, sob a capa do patriotismo, utilizam a influência que têm para oprimir outras pessoas, então desrespeitam os próprios fundamentos do governo americano. Tais super-patriotas poderiam construir células capazes de transformar os Estados Unidos numa nação fascista. (Chaplin, 1964)

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Desde a época em que era primordialmente um romancista, Carlos Heitor Cony não negava sua intensa admiração por Charlie Chaplin. Escreveu textos sobre o cineasta, críticas, análises e até um pequeno ensaio, em 1967, que juntou a uma série de artigos de outros autores, brasileiros e estrangeiros, lançando-o com o nome de Charles Chaplin, pela Civilização Brasileira. A parte mais importante do ensaio é a filmografia comentada, cujo mérito está no fato de que o acesso aos filmes de Chaplin, na época, era limitado e as cópias geralmente estavam deterioradas. Cony oferece a ficha técnica de cada um deles, uma sinopse e, dependendo da importância do filme, um comentário. Sobre Um Rei em Nova York, por exemplo, logo após a ficha técnica, eis o que diz o escritor:

Comentário: O argumento do filme é de fácil exposição: o rei da Estróvia é deposto por uma revolução e emigra para os Estados Unidos. Na hora da fuga, o ex-ministro da Fazenda foge com os dinheiros públicos e o rei desembarca pobre em Nova York. Para se sustentar, termina aceitando o único trabalho que lhe é oferecido: servir de moço de propaganda. Há um menino que prega idéias socialistas e o rei acaba afeiçoando-se ao garoto e o levando, quando regressa à Europa.

De uma forma geral, podemos dizer que o filme decepcionou a muitos. Como construção, tem o mesmo plano elementar das obras de Chaplin. Os “gags” são bons, sem serem brilhantes. É um filme sem emoção, mas com aquilo que se convencionou chamar de mensagem. Chaplin já estava, há anos, fora dos Estados Unidos. Levara suas chagas e não esquecia seus ressentimentos. Como Arthur Miller em “The Crucible”, ele procurou denunciar a opressão macartista que dominou um largo período da vida norte-americana. Nesse ponto, o seu filme se explica e, ao mesmo tempo, se justifica. (págs. 118/19)

Carlos Heitor Cony
“De uma forma geral” quem decepcionou mesmo foi Cony, porque seu comentário não é apenas superficial, mas apresenta erros absurdos que nos fazem perguntar se ele de fato viu o filme, ou se fez como Paulo Francis, que costumava julgar filmes sem tê-los visto: de onde foi que ele tirou a idéia de que o rei Shadov leva o menino Rupert com ele quando regressa à Europa? Toda a última seqüência do filme é para mostrar a despedida dos dois, em que o rei diz, especificamente: “When all this histeria is over, I’ll have you and your family come and visit me”, ao que o garoto pergunta “you promise?”, e o rei responde, “I promise”. Como se isso não bastasse, Cony diz que “na hora da fuga, o ex-ministro da Fazenda foge com os dinheiros públicos”, o que também está flagrantemente errado; Voudel é o Primeiro Ministro de Shadov, e não ministro da Fazenda, e ele não foge “na hora da fuga”, redundância triste, e sim no dia da chegada do rei deposto aos Estados Unidos, durante a noite. A comparação com The Crucible é válida na medida em que ambas as obras denunciam o macartismo, mas Chaplin não usa – a exemplo de Miller – um episódio histórico para denunciar algo atual; ele vai na jugular do nefasto Comitê de Atividades Anti-Americanas, ridicularizando-o diretamente, sem subterfúgios, como já fizera com Hitler e Mussolini em O Grande Ditador, revelando sua extraordinária e inigualável coragem.

No mais, dizer que “os gags são bons, sem serem brilhantes”, ou que “é um filme sem emoção” são opiniões pessoais de Cony e acredito serem conseqüência do fato de que Um Rei em Nova York prioriza a sátira sobre a tônica abertamente sentimental dos outros filmes de Chaplin. Com exceção dos dramas Casamento ou Luxo e Luzes da Ribalta, e da comédia de humor negro Monsieur Verdoux, as comédias do gênio do cinema são sempre de superação das adversidades e equilibram a comédia com a melancolia, a pobreza, a injustiça, a compaixão ou a tristeza natural da condição humana. Já em Um Rei em Nova York, a sátira está em primeiro lugar, e em segundo vem o drama de Rupert, o que não quer dizer, em absoluto, que o filme seja desprovido de emoção. Esse desconhecimento sobre Um Rei em Nova York, entretanto, pode também ser debitado ao próprio Chaplin, que não dedicou ao filme, de 1957, uma linha sequer de sua autobiografia, lançada em 1964. Com isso, cristalizou-se a noção de que se trata de um filme “menor” de Chaplin, epíteto que pode ser jogado sobre A Condessa de Hong Kong, mas não no filme em questão.

A simples verdade é que me parece haver um problema de timing sobre os últimos filmes de Chaplin, em que fatores externos acabaram atrapalhando o lançamento de todos eles, empanando-lhes o brilho por esta ou aquela razão. Este modesto artigo em duas partes faz uma gênese das circunstâncias que levaram Chaplin a ser expulso dos Estados Unidos e os primeiros anos de sua vida Europa, durante o processo de criação e lançamento de Um Rei em Nova York.

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Chaplin não tinha como evitar de ser uma das figuras mais polêmicas de todos os tempos. Seu personagem, o “Vagabundo” (“Carlitos”, no Brasil), representava a vingança dos fracos e oprimidos contra um sistema que os mantinha há séculos no subsolo da pirâmide social, e os Estados Unidos eram o país perfeito para satirizar, já que foram sempre um exemplo da aplicação do capitalismo no último volume. O país escolhido por Charlie para montar seu império cinematográfico, por sua vez, estava disposto a agüentar a ocasional alfinetada do cineasta, desde que ele pagasse seus gordos impostos em dia. Filmes como Ombro, Armas! eram vistos muito mais como comédias inocentes do que como declarações de cunho anti-bélico, e em última análise, ninguém imaginaria que um indivíduo tão rico e famoso perderia tempo intrometendo-se em assuntos políticos. Ele era apenas um estrangeiro que produzia riqueza nos Estados Unidos e como tal, não convinha incomodá-lo. Quando veio Tempos Modernos em 1935 e Chaplin maravilhou o mundo com a famosa gag da bandeira vermelha que cai de um caminhão, é apanhada pelo Vagabundo, que começa a agitá-la a fim de chamar a atenção do motorista, e acaba involuntariamente liderando uma passeata comunista, a reação do governo foi de riso. Nem mesmo os norte-americanos seriam tão idiotas de encontrar qualquer subtexto comunista em uma piada tão óbvia.

Acima, Mussolini e Hitler e abaixo,
a maravilhosa sátira com Hynkel (Chaplin)
 e Napaloni (Jack Oakie)

No ano em que eclodiu a Segunda Guerra, Chaplin já estava filmando O Grande Ditador, paródia violentíssima, genial, que mostrava Hitler e Mussolini como dois palhaços que deixavam ao talante de sua cretinice o destino de seus países e da Europa. Neste filme Chaplin fez uma provocação dupla: além de ser um barbeiro judeu – dentro de um país conhecido pelo preconceito, pelo racismo e pelo anti-semitismo – ele ainda encerrava o filme com um longo discurso pacifista dizendo coisas como “soldiers, in the name of democracy, let us all unite!” A princípio, quando o filme foi lançado no segundo semestre de 1940, a reação foi positiva, primeiro porque os Estados Unidos pendiam para o lado dos Aliados e ficaram satisfeitos de ver Hitler e Mussolini sendo ridicularizados publicamente, e segundo porque a indústria cinematográfica estava (e ainda está) quase que integralmente na mão dos judeus. Só que passado o primeiro momento, ficou um gosto amargo na boca dos anti-semitas e dos capitalistas mais reacionários. Determinados órgãos da imprensa nova-iorquina (entre eles o Daily News) denunciaram as tintas comunistas no discurso de Chaplin. Concomitantemente, ele teve um encontro com o dono do The New York Times, Arthur Sulzberger e com o ex-presidente Herbert Hoover. Hoover – presidente dos Estados Unidos durante a crise da bolsa de NY, entre 1929 e 1933 – falou da necessidade de enviar suprimentos com urgência à Europa ocupada. Chaplin concordou, desde que “a distribuição dos víveres e medicamentos pudesse ficar a cargo dos judeus”, num cuidado claro para que tais provisões não caíssem nas mãos dos nazistas. Hoover se fingiu de surdo nas primeiras duas vezes em que Chaplin disse isso. Na terceira ele não teve mais como fingir e respondeu, simplesmente: “Oh, isso não seria possível”. Em menos de uma semana, portanto, Chaplin foi para o radar do FBI como um comunista em potencial, e para a lista de personas non gratas de toda a (enorme) facção anti-semita dentro da imprensa. Não obstante, O Grande Ditador foi um sucesso avassalador e uma grande bilheteria, que só não foi maior porque acabou proibido em todos os países que faziam parte do Eixo, na Europa.

Não foi até que Pearl Harbour fosse bombardeado, em dezembro de 41, que o comunismo se tornou o calcanhar de Aquiles de Chaplin. No primeiro semestre de 1942, os russos guerreavam para impedir a entrada dos nazistas em Moscou, e clamavam pela formação de uma segunda frente européia que incluiria os norte-americanos. Nos Estados Unidos a reação era de pouca simpatia; ser russo era ser comunista, e ser comunista era comer criancinhas, de modo que a carnificina entre nazistas e russos era algo que os norte-americanos viam com deleite, sem entreter qualquer necessidade de participar. Chaplin, é evidente, via as coisas pelo prisma pacifista e não generalizava; para ele, a segunda frente era uma contingência humanitária, uma obrigação de todos os povos em solidariedade a um povo – o russo – que estava enfrentando o mal maior, que era Hitler e o nazismo. Em maio de 42, realizou-se a reunião de um tal “Comitê Norte-Americano para o Socorro de Guerra Russo” em São Francisco e o embaixador norte-americano em Moscou, Joseph L. Davies, falaria em prol da formação da segunda frente.

Na última hora o embaixador ficou com laringite e não pôde comparecer. O presidente do Comitê convidou Chaplin para substituí-lo. O cineasta aceitou e diante de um salão com dez mil pessoas, a quem chamou de “camaradas”, arrancando risos e aplausos, falou durante 40 minutos. “Os russos são nossos aliados”, disse Chaplin; “não combatem apenas para defender o seu sistema de vida, mas também o nosso, e conheço bem os americanos para saber que eles querem participar da peleja”. Pensando ingenuamente no bem da humanidade e em expressar-se com sinceridade, Chaplin não tinha noção das bombas de nêutrons que estava lançando pela boca. “Existe algo que Stalin está desejando, que Roosevelt tem pedido e que devemos todos apoiar... a abertura imediata da segunda frente!” O público aplaudiu, frenético, por minutos a fio. No futuro Chaplin declararia: “Creio que foi então que tiveram início as minhas contrariedades”. Dois meses depois veio o convite de um grupo de sindicatos de Nova York para mais um pronunciamento, desta vez no Madison Square Garden. Aparentemente o presidente compartilhava da iniciativa e no grande auditório, em 22 de julho de 1942, estiveram presentes o prefeito La Guardia, o vice-governador, senadores e outras figuras de igual ou maior envergadura.

Chaplin no Carnegie Hall
Chaplin não compareceu, mas seu discurso de 14 minutos, ao telefone, foi transmitido pelas caixas de som durante o evento. Mais nitroglicerina: “A sorte das Nações Aliadas está nas mãos dos comunistas”. “Os russos necessitam desesperadamente de ajuda. Pleiteiam a abertura de uma segunda frente. (...) Se os russos perderem o Cáucaso, será a mais dura de todas as provações para os Aliados”. O nome de Chaplin começou a aparecer em listas indesejáveis. Em outubro ele recebeu um convite para falar, junto a outros artistas, sobre a segunda frente no Carnegie Hall, também em Nova York. A princípio considerou que já fizera o suficiente e não havia mais necessidade de participar desses comícios. Só que dias antes, jogando tênis com Jack Warner, o empresário lhe disse, claramente: “Não vá”. O cineasta quis saber por quê. Warner foi lacônico: “Siga o meu conselho, não vá”. Foi o que bastou para que Chaplin aceitasse. Não admitia ser manipulado ou intimidado por quem quer que fosse. A imprensa mais uma vez deu larga cobertura ao evento. As conseqüências foram diametralmente opostas: ao mesmo tempo em que passou a ser convidado a todo e qualquer comício sobre a participação dos norte-americanos na guerra, sumiram os convites para freqüentar a sociedade nova-iorquina e suas “suntuosas casas de campo”. Em sua autobiografia Chaplin analisa seu próprio comportamento naquele período em que cutucou os leões anti-semitas e anti-comunistas que habitavam os EUA:

Via-me agora colhido por uma tormenta política. Principiei a conjecturar que razões me levaram a isso... até onde fôra eu impelido pelo ator que havia em mim e pelo influxo do público presente? Ter-me-ia lançado a essa aventura quixotesca se não houvesse feito um filme anti-nazista? Ou seria uma sublimação de todos os meus exasperos e de toda a minha ojeriza ao cinema falado? Suponho que isso tudo contribuiu, porém o motivo mais poderoso foi o meu ódio e o meu desprezo pelo sistema nazista.

Joan Barry

No primeiro lustro da década de 40 a vida de Chaplin foi virada do avesso. Em meados de 1941 conheceu uma maluquete chamada Joan Barry, com quem começou a ter um caso. Não resisto de transcrever aqui a maneira cheia de eufemismos hilários que o cineasta utilizou em sua autobiografia para descrever seu tesão pelos seios enormes da moça: “A Srta. Barry era uma mulher de vinte e dois anos, bonitona, de tipo graúdo, boa compleição, com as rotundidades do busto extrarodinariamente desenvolvidas e realçadas pelo excessivo decote da roupa de verão. Isso (...) despertou a minha curiosidade lúbrica”. Além das rotundidades, Chaplin viu também potencial dramático em Barry e comprou os direitos da peça Shadow and Substance, de Paul Vincent Carrol, a fim de roteirizá-la e transformá-la num filme que seria protagonizado por ela. Começou a trabalhar no roteiro, só que a “atriz” não tardou em mostrar um misto de oportunismo e desequilíbrio mental. Quando não era convidada a passar dias (ou noites) na casa de Chaplin, invadia sua propriedade, quebrava janelas, fazia cenas e dava escândalos. Depois de um ano da tumultuada e esporádica relação, Chaplin se cansou. Despediu Barry e engavetou o roteiro de Shadow and Substance.

Chaplin e Welles, no comício do Carnegie Hall
No meio tempo, o comício da segunda frente no Carnegie Hall o fez estreitar relações com Orson Welles, também presente à reunião. Este comentou, tempos depois, que gostaria de dirigir Chaplin em um filme-documentário sobre o assassino francês Henri Landru (1869/1922), que assassinara mais de dez esposas. Chaplin gostou da oferta a princípio, porque andava cansado de escrever, dirigir e protagonizar seus filmes, mas pouco depois lhe veio à cabeça a idéia de Henri Verdoux e todo o mote de um filme sobre um “barba-azul”, baseado em Landru. Declinou a oferta de Welles, arregaçou as mangas e mergulhou no roteiro de Monsieur Verdoux. Welles ficou putíssimo, exigiu 5 mil dólares e seu nome nos créditos como autor da “idéia” de fazer um filme sobre o assunto, e em entrevistas posteriores declarou, despeitado, que Chaplin se “acovardara” diante da proposta, e que ele (Welles) teria feito um filme melhor, se Chaplin o tivesse deixado dirigir.

Chaplin e Oona, logo depois de casados

Os fatos começaram a se precipitar. No início de 43, Chaplin conheceu a jovem Oona O’Neill, de 18 anos incompletos, atriz amadora e filha do célebre dramaturgo norte-americano Eugene O’Neill. Apesar da diferença de 35 anos entre os dois, eles começaram a namorar e Chaplin logo cogitou ressuscitar Shadow and Substance, desta vez para Oona. Casaram-se em junho, só que a alegria durou pouco. Em meados do mesmo ano, Joan Barry, grávida, entrou na justiça acusando Chaplin de ser pai do filho que ela estava esperando. Chaplin contratou duas feras da advocacia, Loyd Wright e Jerry Giesler, e as partes fizeram um acordo: Joan Barry receberia uma quantia fixa em dinheiro para sustar o processo até que a criança nascesse, quando então um exame de sangue seria feito na criança, em Barry e em Chaplin. Era uma espécie de pré-história do exame de DNA, onde a inocência do acusado se comprovava se no sangue da criança “houvesse elementos que não correspondessem nem ao da mãe nem ao do suposto pai”, ou seja, vinham de um terceiro. Chaplin tinha, segundo ele mesmo contou, uma chance em catorze.

Chaplin e Jerry Giesler
Barry aceitou, Chaplin deu sua versão dos fatos no tribunal em setembro de 43 e no mês seguinte nasceu a criança. À esta altura o governo norte-americano abandonou qualquer sutileza e resolveu iniciar sua desforra contra os pronunciamentos de Chaplin sobre a Rússia, meses antes. Considerando que a ação de paternidade era pouco, o governo aproveitou que Chaplin havia viajado uma ou duas vezes com Barry e indiciou-o por transgredir o “Decreto Mann”, uma lei jurássica, de 1910, que tratava do transporte de prostitutas de um estado a outro. A batalha judicial, que já era suja, ficou sórdida. Em fevereiro de 1944 veio a prova cabal, endossada por três médicos, de que o tipo de sangue da criança era totalmente incompatível com o de Chaplin. Pelo acordo estipulado entre ambas as partes, o assunto se encerrava ali. O governo, porém, aferrou-se imoralmente a uma tecnicalidade: quem entrara com o processo fôra Barry, mas desde então a tutela da criança fôra transferida para o governo, portanto o processo seguiria em frente, impetrado, agora, pelo próprio governo.

Refrigério temporário: Populares cumprimentam
Chaplin, absolvido no processo do Decreto Mann

O processo pela transgressão ao Decreto Mann ocorreu entre fevereiro e abril de 1944. Neste processo Chaplin foi absolvido. Em julho nasceu a primeira filha dele e de Oona, Geraldine. Mais uma vez, o refrigério familiar teve vida curta; em dezembro começou o processo de paternidade. A imprensa, que recebera conveniente acesso aos tribunais desde o começo, pôde testemunhar o circo em que aquilo foi transformado por Joseph Scott, um velho asqueroso de 77 anos que representava Barry. Ele foi fundo e explícito na caracterização de Chaplin como um tarado que seduzia suas atrizes e desfiou-lhe apodos como o de “projeto de Svengali”, “cockney grosseiro e ordinário” e até mesmo “pequeno vagabundo” (little tramp), em alusão cruel ao magnífico Carlitos, personagem que fez de Chaplin uma estrela mundial. No fim do processo, em janeiro de 45, o júri de sete mulheres e cinco homens não conseguiu chegar a um consenso (embora o placar tenha ficado em sete a cinco pela absolvição). Em abril o processo foi novamente a julgamento, desta vez com 11 mulheres e um único homem no júri. A despeito do exame sangüíneo, em menos de 13 dias o processo chegou ao fim, com a condenação de Chaplin, por onze votos a um. Ele teve que pagar uma pensão semanal de 75 a 100 dólares à filha de Joan Barry até que a criança completou 21 anos.

Joan Barry chora dramaticamente
nos ombros do velho abutre Joseph Scott
A título de (mórbida) curiosidade, Joan Barry, depois de mais algumas maluquices, acabou indo para um hospício em 1953. Efetivamente, não se sabe o que aconteceu com ela. Alguns sites dizem que ela morreu em 1996, mas tal afirmativa é feita sem qualquer prova concreta. Sendo verídica, ela teria na ocasião 76 ou 77 anos, já que sua data de nascimento também está em questão. Sua filha, Carol Ann Barry, hoje com 67 anos, está viva, bem, mudou de nome e mora nos Estados Unidos.

Depois de dois anos desse freak show, a reputação de Chaplin ficou em frangalhos. O governo norte-americano largou o osso por um tempo, mas o cineasta tornou-se objeto de investigação perene por parte do FBI e seu chefe todo-poderoso, um homossexual enrustido e repulsivo que atendia pelo nome de J. Edgar Hoover. Para piorar, os grandes amigos de Chaplin durante todo esse período de perseguição foram justamente figuras notórias do comunismo nacional e internacional como o escritor alemão Lion Feutchwanger, o compositor também alemão Hanns Eisler e o dramaturgo e roteirista norte-americano Clifford Odets. Como sempre indiferente à grita paranóica dos reacionários, Chaplin voltou ao roteiro de Monsieur Verdoux.

Diante da declaração de Oona, de que realmente não desejava ser atriz, ele descartou definitivamente Shadow and Substance e concentrou-se única e exclusivamente no trabalho sobre o barba-azul. Segundo Chaplin, “apesar de haver passado por crises periódicas de enjôo e desalento quanto à minha carreira, nunca se me abalou a fé de que uma boa comédia poria fim a todos os meus problemas”. Pobre Chaplin. Depois de tudo que passara, continuava otimista. Não perdia por esperar.

Terminado o roteiro de Verdoux e enviado ao Breen Office – divisão burocrática da Legião da Decência, responsável pela censura dos filmes produzidos a cada ano – Chaplin recebeu uma carta desse organismo anunciando dezenas de cortes, os mais bobos e inexplicáveis, a seu roteiro. Em visita ao Breen Office teve um diálogo terrível com um dos censores, que tentou aniquilar praticamente todas as cenas, fossem elas cômicas ou não. Chaplin ignorou as recomendações, fez um ou outro corte que não comprometia nada e filmou Verdoux. No início de 1947, apresentou o filme para 30 membros da Legião da Decência. “Nunca me senti, em toda a minha vida, tão só como nessa ocasião”, disse o cineasta, anos depois. O resultado foi de frieza total por parte dos censores, mas o filme acabou aprovado por Joseph Breen. Antes de seu lançamento, entretanto, houve um último susto: Chaplin foi incluído pelo facinoroso Comitê de Atividades Anti-Americanas numa lista de 19 artistas e intelectuais suspeitos de comunismo.

O Comitê, como se sabe, seria responsável ao longo de toda a década seguinte pela desmoralização e destruição da carreira de inúmeros artistas, baseando-se no temor patológico e demente de uma conspiração comunista no país. O cineasta recebeu uma notificação para comparecer a Washington, mas logo depois veio um telegrama cancelando a audiência. Dias depois, mais uma notificação e mais um cancelamento. Quando isso ocorreu pela terceira vez, Chaplin ficou farto e escreveu uma carta ao Comitê. É ele quem conta, em sua autobiografia:

Passei telegrama aos convocadores, acentuando que tinha em suspenso uma vasta empresa, com prejuízos sensíveis; a seguir ponderei que, como a Comissão viera recentemente à Hollywood, para interrogar o meu amigo Hanns Eisler, bem poderia ter aproveitado o ensejo para também me ouvir, poupando o dinheiro dos contribuintes. “Contudo”, concluí, “como declaração prévia, posso desde logo adiantar que não sou comunista, nem jamais me inscrevi em qualquer partido ou organização política, sendo apenas o que se chama ‘um pacifista’. Espero que isto não chocará a Comissão. Solicito a gentileza de marcar definitivamente a data em que devo comparecer a Washington. Atenciosamente, Charles Chaplin”.

Chaplin no papel de Verdoux

A sinceridade, ou a assertividade do telegrama deve ter impressionado o Comitê, porque a resposta foi “cortês” e instava Chaplin a dar o assunto por encerrado. Há quem diga que o Comitê preferiu não convocá-lo por medo que ele humilhasse os obtusos inquiridores com seu humor e sua inteligência, o que de fato ocorreu em algumas sessões do Comitê, sendo uma delas com o grande artista negro Paul Robeson. Fosse o que fosse, nada estava encerrado. Tudo contribuiu para um lançamento problemático e hostil de Monsieur Verdoux. Chaplin estava marcado a ferro como comunista e corruptor de moças inocentes. Aos olhos do povo, catequizados pelo governo e facilmente influenciáveis pelo sensacionalismo barato da imprensa marrom, Chaplin pregara uma aliança com os russos, engravidara uma atriz e casara-se com outra, menor de idade. Para coroar a situação, produzia agora uma comédia de humor negro que tinha o subtítulo nada sutil de “Uma comédia de assassinatos” onde mulheres eram mortas pelo seu dinheiro, críticas violentas eram feitas à indústria da guerra e Carlitos sequer aparecia. A entrevista coletiva para promover Monsieur Verdoux foi tenebrosa. Chaplin ensaiou seu melhor sorriso, foi doce, simpático e amistoso em sua apresentação, mas de cara percebeu que a platéia de repórteres estava integralmente contra ele. O que se seguiu foi um cross-examination dos mais agressivos. Perguntaram-lhe se era comunista, fustigaram-no por não ter se naturalizado norte-americano, perguntaram de sua amizade com Hanns Eisler, até ex-combatentes católicos manifestaram-se, e absolutamente nada se falou de Verdoux. Chaplin retirou-se da coletiva arrasado, temendo pelo sucesso do filme. E não estava errado em temer.

Chaplin como Verdoux e sua inspiração,
o barba-azul Henri Landru
Monsieur Verdoux estreou em abril de 1947. A crítica ficou atônita com a diferença desse para os outros filmes de Chaplin. Em geral os comentários foram mais positivos do que negativos, mas um mal irremediável havia sido feito à sua reputação. Já não se discutia mais se Verdoux era um filme bom ou ruim; o que importava era Chaplin dizer que “as a mass killer I’m an amateur”, comparado aos fabricantes de armas, ou “one murder makes a villain; millions a hero. Numbers sanctify”. Estava queimado com um setor conservador, reacionário, cretino e, infelizmente, numeroso da sociedade, e tal setor não permitiria que o público formasse sequer uma opinião própria sobre o filme. Grupos de arruaceiros começaram a fazer piquetes e demonstrações na frente de cinemas que exibiam Monsieur Verdoux. Nos cartazes, dizeres como “Chaplin é a favor dos comunistas”, “Expulsemos do país o adventício”, “Já chega de ter Chaplin como hóspede”, “Chaplin, ingrato e simpatizante do comunismo”, “Que Chaplin vá para a Rússia” e mimos do mesmo jaez. Conseguiram o que queriam. Donos de cinemas por todo o país estrearam o filme com grande sucesso e foram obrigados a retirá-lo de cartaz em pouco tempo, ou mesmo no dia seguinte, temendo represália dos manifestantes da Legião Católica, da Legião Americana e de outras organizações de carolas reacionários.

Como se pode ver, Chaplin estudou as fotos do julgamento real de Landru e posicionou a câmera e o policial da mesma forma, em seu filme

Lançado na Europa, Monsieur Verdoux teve um sucesso de bilheteria mais substancial. Insuficiente, porém, para que desse lucro. “Mal deu para equilibrar o custo”, diria Chaplin, depois. De qualquer forma, o cineasta guardou carinho pelo filme e declarou, em sua autobiografia: “Creio que Monsieur Verdoux é o melhor e o mais brilhante dos filmes que já fiz”. Era um perseverante. Nem bem sofrera o açoite ininterrupto que foi todo o processo de preparação e lançamento de Verdoux, e já tinha Luzes da Ribalta no embrião. “Porque permanecia otimista”, explicou Chaplin, “e ainda não me convencera de que houvesse perdido inteiramente a afeição do povo americano; custava-me crer que esse povo estivesse tão politizado e tão destituído de humor a ponto de boicotar quem poderia diverti-lo. Nascera-me uma idéia e sob a sua inspiração já nem me importava o que viesse a acontecer; o filme tinha que ser feito”.

Calvero (Chaplin) e Terry (Claire Bloom)
em Luzes da Ribalta
Chaplin levou um ano e meio escrevendo o roteiro de Luzes da Ribalta, e entrou na década de 50 filmando a belíssima história de amor entre o velho comediante Calvero e a jovem dançarina Terry. O filme abandonava o “pessimismo frio” de Verdoux, e voltava às raízes sentimentais de Chaplin, com o diferencial, desta vez, de colocar o drama sobre a comédia. A filmagem teve seus percalços. O cineasta não chegava a estar paranóico, mas observava com o maior cuidado os funcionários mais humildes, que operavam máquinas no estúdio, ou responsáveis pelo transporte de rolos de filmes, e coisas assim, preocupado que fossem da Legião Americana e estivessem lá para sabotá-lo. No início de 1952 ele fez uma sessão fechada do filme para algumas dezenas de amigos. As reações de apreciação foram unânimes e Chaplin ficou satisfeito em relação ao retorno de seu investimento. Vivendo essa tranqüilidade, resolveu que aquele seria um bom momento para visitar a Inglaterra, coisa que não fazia desde 1931, quando Luzes da Cidade estreou. A situação era propícia, Oona já era mãe de quatro filhos de Chaplin e desejava que eles conhecessem a terra do pai, e o filme se passava na Inglaterra, o que tornava um lançamento londrino excelente estratégia de marketing.

Como já se viu anteriormente, quando Verdoux está sendo sentenciado à guilhotina, ele faz um libelo anti-guerra. Em determinado momento, diz: “As for being a mass killer, does not the world encourage it? Is it not building weapons of destruction for the sole purpose of mass killing? Has it not blown unsuspected women and little children to pieces, and done it very cientifically?

Harry Truman e J. Edgar Hoover

É perfeitamente provável que quem sentiu de forma mais intensa o golpe, ao ouvir tais frases, foi Harry Truman, então presidente dos Estados Unidos e responsável pela morte de 200 mil civis, quando autorizou o lançamento de duas bombas atômicas sobre o Japão. Teria Truman, um caipirão bronco e ignorante, esperado o momento exato para se vingar de Chaplin? O certo é que mesmo tendo entrado três meses antes com os papéis de autorização para viajar e retornar, Chaplin não recebera nenhuma resposta até aquele momento, em que Luzes da Ribalta era mostrado ao público de convidados. De repente o cineasta recebeu uma comunicação da Receita Federal, dizendo-lhe que devia 2 milhões de dólares. Organizadíssimo com suas finanças, ele ficou indignado e respondeu que não pagaria um centavo, e que se quisessem poderiam processá-lo. A cobrança foi arquivada, como num passe de mágica. A seguir, veio nova comunicação, desta vez anunciando que o cineasta seria visitado por quatro funcionários do Departamento de Imigração. A entrevista foi como a coletiva de Monsieur Verdoux, só que elevada ao cubo. Questionaram a autenticidade de seu nome, se era comunista, se seguia a linha do partido, por que utilizara o termo “camaradas” no longínquo comício do Comitê para o Socorro de Guerra Russo, por que não se naturalizara norte-americano e até se já cometera o adultério. Outra pergunta era típica dos interrogatórios do Comitê de Atividades Anti-Americanas: “Se este país fosse invadido o senhor lutaria em sua defesa?” Chaplin não titubeou: “Naturalmente. Eu quero bem a este país... É o meu lar, onde tenho vivido há 40 anos”.

Chaplin e Oona
A sabatina durou três horas. Uma semana depois Chaplin foi intimado a comparecer ao Departamento de Imigração, em Los Angeles. O funcionário de lá o tratou com toda a cordialidade, desculpou-se pela entrevista exaustiva e deu-lhe os papéis, autorizando a viagem e o retorno. Num daqueles momentos em que o sexto sentido transforma-se na diferença entre a vida e a morte, Chaplin pediu a Oona que se tornasse titular de sua principal conta bancária. Ela relutou, pediu que tratassem disso na volta, mas ele insistiu, e dez minutos antes dos bancos fecharem, a conta passou a ser conjunta. Em 6 de setembro de 1952 a família partiu para Nova York, de onde embarcariam para Londres. Sem nenhuma vontade, Chaplin seguiu o conselho de seu assessor Harry Crocker e se encontrou com jornalistas das revistas Time e Life, a quem permitiu uma sessão privada de Luzes da Ribalta. O tiro de Crocker saiu pela culatra. O clima do encontro foi de absoluta frieza e ambas as publicações espinafraram o filme. No dia 17 Chaplin e a família embarcaram no Queen Elizabeth. Segundo o cineasta, o primeiro dia da viagem foi divino, de pura liberdade e prenunciava uma jornada maravilhosa, ao fim da qual ele poderia mostrar sua Londres à mulher e aos filhos. Mas Harry Truman e J. Edgar Hoover tinham uma última maldade para despejar sobre Chaplin.

Chaplin, Oona e os quatro
 filhos no Queen Elizabeth

O almoço do segundo dia foi agradabilíssimo, até que alguém entregou um radiograma a Harry Crocker, pedindo resposta urgente. Era de James McGrannery, procurador-geral do governo Truman, revogando a autorização de retorno. Declarava que Chaplin estava proibido de voltar aos Estados Unidos, e se desejasse entrar novamente no país teria que se submeter a uma comissão de inquérito no Departamento de Imigração, por violar uma lei que restringia a entrada de estrangeiros acusados de inidoneidade moral ou subversão ideológica. Para Chaplin, foi a gota d’água: “Crisparam-se todos os meus nervos. Já pouco me importava tornar ou não àquele país desventuroso. Gostaria de dizer à sua gente que me livrar o mais cedo possível da sua atmosfera impregnada pelo rancor seria o melhor para mim; que a América já me fartara com seus insultos e o seu moralismo pomposo; que tudo isso já me aborrecera além da conta”.

As coisas, contudo, não eram tão simples; Chaplin dera um jeito de salvaguardar sua fortuna mas ainda havia propriedades, ações da United Artists (estúdio fundado por ele, Mary Pickford, Douglas Fairbanks e D.W. Griffith 33 anos antes) e mais um emaranhado de questões legais para tratar. A abordagem inicial de Chaplin à sua expulsão, portanto, foi de dizer apenas que lamentava aquilo e que lutaria para voltar ao país onde vivera por quase 40 anos. Em novembro, Oona foi quase em segredo para os Estados Unidos. Tratou da questão bancária, fechou a casa onde moravam, em Beverly Hills, que havia sido varejada pelo FBI pouco depois da partida deles e retornou à Londres.

Douglas Fairbanks, Mary Pickford, Chaplin e D.W. Griffith, fundadores da United Artists, em 1919. Douglas e Griffith já estavam mortos quando Chaplin foi expulso dos Estados Unidos

Chegada a Londres
Chaplin foi recebido como um rei, em seu país, e sua alma foi lavada pelo carinho dos fãs que o saudaram por toda Europa, e pelo sucesso maciço de Luzes da Ribalta por lá, transformando o filme na maior bilheteria de todos os filmes de Chaplin. Nos Estados Unidos, por outro lado, os vexames continuavam. Exibido discretamente em alguns cinemas, a Legião Americana ensaiou piquetes semelhantes aos da época de Monsieur Verdoux. Chaplin não lhes deu a satisfação; através de seus representantes na United Artists, pediu o recolhimento imediato das cópias. Os norte-americanos tiveram que esperar mais de 20 anos para assistir o filme. (Quando foi lançado nos Estados Unidos, em 1972, o filme recebeu o Oscar de Melhor Trilha Sonora. Ironicamente, o único Oscar competitivo recebido por Chaplin em toda sua vida, honra que ele dispensava e que além de tudo vinha tarde demais)

Entrevista coletiva em Londres, com Oona, Claire Bloom e
o filho Sidney, para promover Luzes da Ribalta

No início de 1953 Chaplin e sua família encontraram uma grande propriedade no vilarejo de Corsier, em Vevey, na Suíça. Em abril ele jogou uma pá-de-cal nas esperanças de quem sonhava vê-lo novamente nos Estados Unidos. Foi ao consulado norte-americano em Genebra e devolveu sua permissão de retorno, que por sinal não valia. De volta a Londres, no mesmo mês, acompanhou Oona à embaixada dos Estados Unidos, onde ela entrou com os papéis para renunciar à sua cidadania norte-americana e requerer a naturalização inglesa.

À imprensa, Chaplin foi direto e objetivo: “Desde o fim da última guerra mundial, tenho sido o objeto de mentiras e propaganda por parte de poderosos grupos reacionários que, por sua influência e com a ajuda da imprensa amarela [termo que remete a publicações sensacionalistas e escandalosas do século XIX, e que traziam tiras do primeiro personagem da história em quadrinhos, o “Yellow Kid”], criaram uma atmosfera insalubre na qual indivíduos de mente liberal podem ser isolados e perseguidos. Sob essas condições acho ser virtualmente impossível continuar meu trabalho cinematográfico, e portanto renuncio à minha permanência nos Estados Unidos”. Sem qualquer emoção ou nostalgia, como ele próprio consignou em sua autobiografia, pôs à venda seu estúdio, sua mansão e seu iate.
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BIBLIOGRAFIA:

PARTE 2 deste artigo

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5 comentários:

  1. Espero ansiosa a segunda parte, Bernardo. Admiro muito esse homem notável! Abs

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  2. Bernardo, mais um texto maravilhoso, ilustrativo, e que trata de uma das mais fascinantes personalidades que o mundo conheceu. Chaplin é adjetivo. E, para variar, era uma das paixões de meu pai. Como você vê, amigo, temos mesmo, muita coisa em comum. Um abração da Caminada

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  3. Os americanos e seus vexames. Quem tem telhado de vidro, não deve atirar pedras... mas esse período da história mundial é mesmo cheio de aberrações. Mas o planeta é um só. Não importa para onde mandem os camaradas, eles continuarão aqui, sempre bem perto de nós.
    Mui grata pela leitura.

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  4. Excelente narrativa. Merece uma divulgação mais intensa. É premente desmascarar esses perseguidores hediondos que se intitulam defensores da liberdade e da democracia, quando, em verdade, impedem o evolução social, e obram para perpetuar o o império financeiro que os patrocina. Essa maldita "imprensa amarela" continua forte espalhando suas mentiras e sufocando a verdade, mormente aqui no Brasil. Viva para sempre em nossos corações e mentes, grande Charles Chaplin!

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