terça-feira, 22 de maio de 2018

In Commune Dicenda



1 - Ver lulopetistas reclamando do aumento da gasolina é o mesmo que nazistas reclamando do holocausto. Sei perfeitamente que o que caracteriza um lulopetista é 1) a burrice, 2) transformar políticos em ídolos e gurus espirituais, 3) a incapacidade de admitir os (múltiplos) erros desses mesmos gurus, até quando são de uma obviedade que chega a enojar, e 4) defendê-los não tendo qualquer razão, não importando o tamanho do mico. Mas imaginei que isso teria limite. Não tem. O que impressiona não é mais a mentira, e sim o ridículo a que o lulopetista está disposto a chegar, pregando para sua igrejinha do Facebook.

2 - A cena deprimente de Nicolas Maduro saudando e gesticulando para o absoluto vazio me fez lembrar o discurso de posse de Trump, feito para 1/4 do público que compareceu à posse de Obama. Mas, é claro, segundo Trump havia "um milhão e meio de pessoas". Gostaria imensamente que a direita brasileira, tão desavisada e tão raivosa, compreendesse que Trump não passa de um Lula da direita. Enquanto o brasileiro abusou da corrupção e dos programas assistencialistas para fidelizar seus currais eleitorais, o americano afaga os bilionários de cujas burras virá o dinheiro que sustentará suas campanhas e sua família. Se a imprensa descasca seus desmandos, o brasileiro fala em PIG, o americano fala em Fake News. Perseguido judicialmente por seus desmandos, o brasileiro diz que a PF é corrupta, o americano reclama que o FBI colocou um espião em sua campanha. No momento em que o Brasil começou a naufragar o brasileiro pôs a culpa em FHC; não importa que acusação for feita ao americano, ele responderá acusando Hillary Clinton.

Ambos adoram dizer que são vítimas de golpes; o brasileiro, hoje preso, berrou, histérico, depois de ver sua anta apeada do poder em um processo inteiramente legítimo e constitucional, e o americano está esperneando, desesperado, porque suas conexões russas estão cada vez mais claras e comprovadas. Ao mesmo tempo o brasileiro e sua claque aplaudem a eleição de fancaria do vizinho Maduro, assim como o fato de Xi Jinping ter decretado que seu mandato não terá fim foi recebido pelo americano com o mimoso comentário: "I think it's great". A grande defesa de ambos é o ataque; o único argumento de ambos é tentar desqualificar o adversário; ambos deram um jeito de aboletar a família toda em cargos aos quais jamais chegariam por mérito; ambos combinam uma esperteza sub-reptícia com a mais crassa ignorância, e, por fim, ambos se escoram na popularidade obtida junto a um público intolerante, estúpido e vazio. Com o acréscimo de que Trump sequer foi eleito pelo voto popular. Só assomou à Casa Branca por causa da entidade mais vetusta, obsoleta e corrupta da república norte-americana: o colégio eleitoral.

3 - Lula já contou com o apoio dos maiores nomes da intelectualidade brasileira; perdeu esse apoio na medida em que enlameou seu nome, seu passado e seu partido. Hoje está cercado de uma caterva que inclui nulidades como Crazy Hoffman (obrigado, Ricardo Rangel), Lindinho, uma idiota do PCdoB com cara de paisagem, um carrapato desses movimentos ditos "sem-teto" e mais meia dúzia de cafajestes que, como diria o saudoso Luis Martins, "a penitenciária esqueceu". Trump se cercou da escória mais reacionária e fanática religiosa que o partido republicano poderia fornecer; macróbios como Scott Pruitt, Michael Cohen, Jeff Sessions, Sarah Sanders, Ben Carson, Jared Kushner (genro de Trump!), Kellyanne Conway, o vice e beato ensandecido Mike Pence e toda a galera sórdida da Fox News, espécie de Brasil 247 + GGN + Mídia Ninja, dos Estados Unidos. Os vexames a que nos acostumamos com Lula e Dilma são os vexames que os norte-americanos de bem tem que passar hoje, com Trump.

José Padilha cantou a bola em 2016, no Globo: "As duas narrativas são super-simplificações da História econômica e não resistem a um minuto de reflexão séria. Acontece que tanto os socialistas de Lula quanto os conservadores de Trump são incapazes de pensar criticamente a respeito de suas próprias crenças; têm em comum uma profunda desonestidade intelectual".

4 - A campanha presidencial deste ano é a tenebrosa escolha daquele que é menos pior. Lula - graças a Deus - é carta fora do baralho. Como bom populista, não permitiu que figura nenhuma do partido crescesse enquanto ele estava por perto. Hoje se fala de ninguém menos do que o Sr. Ciclofaixa, Fernando Haddad. Só por Deus. O homem teve 16% em sua tentativa de reeleição em São Paulo. Se bem que um partido que conseguiu eleger Dilma já provou que consegue eleger um poste. Só não sei se depois de tudo o que aconteceu, ainda conseguirá repetir o feito. Sobre linhas assessórias do PT (PSOL, PCdoB, etc.): não se elegerão. Farão barulho, chatearão, agitarão bandeiras vermelhas, cansarão nossos ouvidos e nossa paciência com sua retórica habitual de "burguesia", "golpe", "classe dominante", blábláblá, farão seu pé-de-meia e desaparecerão nas sinecuras legislativas de seus próprios estados.

Joaquim Barbosa já anunciou que não vai se candidatar, mas enquanto houve especulações, suas declarações foram decepcionantes. É, sem embargo, um homem digno. Talvez o melhor seja que não entre em uma arena tão imunda e sem escrúpulos como a política.

Marina Silva: síndrome de Estocolmo. Enquanto não fizer terapia para se desintoxicar de Lula e do PT, não passará daquilo que sempre foi: uma petista light.

Álvaro Dias: conseguiu um distanciamento higiênico dos tucanos mas a plumagem ainda aparece. Confio desconfiando.

Ciro Gomes: ridículo. Um completo desequilibrado. E assim como Lula, destruiu seu próprio passado trocando de partidos e de ideologias como quem troca de roupa. Sua imagem acarinhando e sendo acarinhado por ACM nunca será esquecida.



Geraldo Alckmin: cometeu muitos erros - há problemas em São Paulo que efetivamente já poderiam estar resolvidos, depois de tantos anos de governo - e está sendo chamuscado por investigações. Também me desagrada o fato de que figuras condenadas ou em vias de serem condenadas, dentro de seu partido, ainda não foram simplesmente desligadas do PSDB. O povo honesto não aceita que bandidos sejam transformados em heróis, como faz o PT, mas também não é inteiramente republicano varrê-los para debaixo do tapete e permitir que permaneçam no partido, e até em cargos de direção, como é o caso de Azeredo. Geraldo, que vem de origem humilde e carreira política transparente, acaba como representante involuntário de uma política que está entrando em extinção.

Malgrado seus defeitos, é de longe o mais preparado, e enquanto não houver um indiciamento, não aceito o argumento de corrupção. É meu candidato.

Henrique Meirelles: é um economista competente e um homem de gabinete. Mas traz o estigma de ser ministro de Temer, e não consigo imaginar gente boa compondo seu ministério.

Rodrigo Maia: zero ao infinito. É figura que só existe porque passamos pela turbulência do impeachment. Ou seja, é aquela oferenda que o mar revolto devolve à praia.

Michel Temer: vou chamar o van Helsing e já volto.

Jair Bolsonaro: sem comentários. Não votarei JAMAIS em uma pessoa tão despreparada, tão carente de serenidade e de tolerância. Tem todos os defeitos de Trump e nenhuma das (pouquíssimas) qualidades. E assim como o americano se dedica a desfazer o que seu antecessor fez de bom, por puro despeito, Bolsonaro já deu tristes demonstrações de que não há avanço social e humano que não vá regredir, caso ele seja eleito. É o Stédile da direita.

João Amoêdo: não sei nada sobre ele.

5 - Sobre o casamento de uma atriz desconhecida com um sujeito que é o QUARTO na linha sucessória de uma monarquia que vive de seu passado, eis o que tenho a dizer: cri cri cri...

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