Capa da "Manchete" anunciando a vitória de Jânio no pleito de 22 de março de 53 |
Jânio acabava de tomar posse na prefeitura de São Paulo depois de memorável campanha (a célebre campanha do "Tostão Contra o Milhão") e vinha demonstrando, a cada ato, total independência dos partidos e compromisso único com o povo. Isso significava romper a pauladas uma estrutura de corrupção montada por Adhemar de Barros desde 1947. Neste texto da "Revista da Semana", vemos que as medidas moralizadoras de Jânio, com apenas um mês de mandato, vinham sendo compreendidas pela população e agradando em cheio os paulistanos.
Curiosamente, a leitura desse belo elogio, honesto e desinteressado, pois realizado fora do período eleitoral, me remeteu a uma única pessoa: o Ministro Joaquim Barbosa. Trechos como este, explicando que "quando surge no cenário da administração brasileira, um homem que tem a coragem moral de enfrentar a desordem e se apresenta com fortaleza de espírito capaz de pôr fim a certos hábitos de licenciosidades já crônicas, toda a nação fica perplexa no primeiro choque, seguindo-se um sentimento de entusiasmo renovador", dão a impressão que o artigo foi escrito ontem, descrevendo a reação dos brasileiros - horrorizados com a corrupção do PT - no momento em que Barbosa começou a mandar um por um dos mensaleiros para a cadeia.
Leiam. É pena que o texto venha sem assinatura.
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A PERSONAGEM DA SEMANA
Nada mais dignificante para um administrador público, nem mais precioso para a comunidade, do que a firmeza de caráter, a probidade funcional dentro dos preceitos da lei. Todos sabemos como os nossos homens públicos cedem às injunções partidárias, a empenho de amigos, a influências superiores, infringindo dispositivos legais, esquecendo que a coisa pública não é propriedade de quem governa, mas sim, um direito do povo, em benefício da ordem geral. Se as leis são manejadas ao sabor de poderosos do dia, subordinadas ao arbítrio dos que estão na posse do poder, então a comunidade descamba, desastradamente, para a anarquia, desaparece a disciplina administrativa, e a política desce à degradação dos conventilhos entre compadres, com geral desmoralização pública.
Joaquim Barbosa |
Pois esse homem é hoje o Sr. Jânio Quadros, cujas atitudes na prefeitura de São Paulo só merecem o apoio irrestrito de todos os brasileiros. O chefe do executivo do município de São Paulo, embora pertença a um partido político, como administrador, não compreende que sua função fique subordinada a interesses que não sejam os do povo de sua terra. Homem que se notabilizou pelas atitudes enérgicas, tem-se imposto à admiração do país, como um caráter inquebrantável, sobrepondo a tudo, a disciplina e a moral do seu governo.
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