segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Anna Friel: o desperdício de uma atriz – Parte 1


O processo pelo qual um ator ou uma atriz se tornam queridos do público é misterioso. Por que notórios canastrões protagonizam filmes extraordinários, que nem a falta de talento deles consegue estragar? Por que um sensaborão como Daniel Day Lewis conta com dois oscars e verdadeiros gênios morreram sem recebê-lo? Por que gente insignificante recebe mais de 20 milhões de dólares por filme? Por que nulidades são chamadas para protagonizar filmes de diretores como Oliver Stone e Martin Scorsese?

Ao mesmo tempo, atores e atrizes extraordinários vêm e vão, deixando no ar, perceptível a poucos, o grito silencioso de quem está sendo mal-aproveitado e desperdiçando um talento sólido em bobagens das quais o público foge. Pior: por vezes empregam todo seu talento em trabalhos excelentes, largamente aplaudidos pela crítica, e ainda assim o sucesso profissional e a fama popular os eludem.

Algumas vezes é o azar, outras é a escolha equivocada de papéis, aqui e ali vemos artistas que têm sua reputação tisnada por uma vida pessoal errática e, por fim, aqueles que têm os piores e mais obtusos empresários. A atriz inglesa Anna Friel é vítima de todos os exemplos acima. Há uns dez anos assisti algumas cenas da adaptação de Michael Hoffman para o Sonho de Uma Noite de Verão, e o detestável “americanês” de Michelle Pfeiffer me irritou tanto que eu nem reparei na linda atriz que interpretava Hérmia. Era Anna, com 23 anos, em uma de suas tentativas de galgar os degraus da fama hollywoodiana. Não foi até 2007, entretanto, quando ela recebeu o papel principal no seriado da ABC, Pushin Daisies, que descobri sua existência.

Anna nasceu em Rochdale, Lancashire, em 1976. Com 15 anos começou a fazer papéis pequenos em séries da TV inglesa, como G. B. H., Coronation Street, Emmerdale Farm e Medics. Em 93, aos 17 anos, veio sua primeira grande oportunidade: o papel de Beth Jordache na novelinha Brookside – uma idiotice extremamente popular entre os adolescentes, espécie de Malhação inglesa – que entrava em seu décimo-primeiro ano de existência.

O beijo lésbico de Anna
na novelinha inglesa Brookside, em 93

Sua personagem era o cerne da lesbian teen que Manoel Carlos transformaria em coqueluche no Brasil, anos mais tarde, em uma de suas novelas (nem lembro qual, pois são todas iguais) sobre a fútil burguesada carioca. O fato criou sensação na Inglaterra thatcheriana do início dos anos 90, e quando Beth Jordache deu o primeiro beijo lésbico da televisão inglesa, naquele ano de 93, Anna ficou instantaneamente famosa. Pode-se dizer que já começou com o pé esquerdo, pois sua fama acabou chegando pela controvérsia do beijo lésbico, e não por seu talento de atriz.

Filmografia Comentada

Ela continuou no papel até o fim de 1995, quando se cansou e foi tentar outras coisas. Seus primeiros trabalhos pós-Brookside foram até alvissareiros. Em 96, aos 20 anos, a fim de exorcizar a imagem de lésbica-mirim, Anna recebeu e aceitou o convite para protagonizar um dos episódios da série de terror produzida pela HBO, Tales from the crypt.

Tales From the Crypt (1996)

O seriado existia desde 1989, era baseado nas histórias de terror de um gibi com o mesmo nome, publicado na década de 50, e tinha episódios de meia hora apresentados por um divertido corpo em decomposição chamado Crypt Keeper. A série ficou famosíssima e ao longo dos anos chegou a contar com a participação especialíssima de gente como Patricia Arquette, Timothy Dalton, Kirk Douglas, Whoopi Goldberg, Teri Hatcher, Demi Moore, Brad Pitt, Christopher Reeve, Martin Sheen, Michael J. Fox, Tom Hanks, Kyle MacLachlan e Arnold Schwarzenegger. Também na direção e produção estiveram incluídos ocasionalmente nomes como Richard Donner, Robert Zemeckis, Joel Silver, David Giler and Walter Hill.

Anna, Imelda Staunton
 e Anthony Andrews

O episódio do qual ela participou foi o décimo, da sétima e última temporada da série. Chama-se About Face (expressão que denomina uma mudança diametral de atitude, também significando a movimentação de 180° de um soldado, da direita para a esquerda ou vice-versa, em uma marcha, e é compreendida somente no fim do episódio) e trata de um padre devasso – o ótimo Anthony Andrews – que engravida uma empregada. Ela morre dando à luz gêmeas que 16 anos depois vão atrás do padre, em busca do reconhecimento. Anna interpreta as duas e embora estivesse com 20 anos, está com a mais adorável cara de adolescente. Faz um trabalho excepcional como as gêmeas antípodas Angelica e Leah. A primeira é doce, compreensiva e deseja esquecer o passado e estabelecer uma ligação sincera com o pai.

Anna, como a horrenda gêmea Leah

A segunda é uma fanática religiosa, revoltada, e, como se não bastasse, é horrenda e parece ter seu corpo todo em carne viva. A maneira como o padre vai conseguir equilibrar sua atividade religiosa e suas bandalheiras, agora que mora com as duas filhas é o mote do episódio, que tem 25 minutos e foi ao ar em junho de 1996.

Um detalhe interessante é a participação, sempre competente, de Imelda Staunton – no papel da companheira que faz vista grossa ao mau caráter do padre – que já era uma atriz reconhecida na Inglaterra desde a década de 80, mas alcançou fama mundial interpretando a grotesca Dolores Umbridge no filme Harry Potter e a Ordem da Fênix.

Cadfael (1996)

No mesmo ano (e ao mesmo tempo, ao que parece), Anna foi convidada a participar de um episódio da série inglesa Cadfael. Cadfael é o protagonista de 20 livros escritos pela inglesa Edith Pargeter (1913/1995, que como autora de Cadfael, se assinava com o pseudônimo de Ellis Peters). Monge galês da ordem dos beneditinos, o Brother Cadfael tem um quê de detetive e empenha-se em resolver os mistérios que assolam o mundo espiritual da Inglaterra de sua época, o século XII. Em 1995, assim que Pargeter concluiu o vigésimo livro sobre o monge (tendo lamentavelmente morrido em seguida), a ITV inglesa resolveu produzir uma série televisiva com base nos livros. A escolha do protagonista – Derek Jacobi – não poderia ter sido mais feliz. Ator shakespeariano com mais de 40 anos de experiência, Jacobi é um artista exemplar, consumado, e dá brilho singular ao personagem Cadfael.

Anna participou do terceiro episódio da segunda temporada, intitulado A Morbid Taste for Bones ("Um gosto mórbido por ossos"). Na história, um dos fanáticos do mosteiro de Cadfael começa a ter visões da Santa Winifred, o que leva os monges a procurar a vilazinha de Gwytherin – onde a santa nasceu, viveu, e se encontrava enterrada – na esperança de transladar os ossos dela para o mosteiro beneditino. Lá, entretanto, encontram a oposição ferrenha dos locais, liderados pelo Lord Rhysart, que não admite que a santa saia de lá. Rhysart é também o pai de Anna – Sioned – a quem sonha ver casada com um bobalhão qualquer da vila, contra a vontade dela, que é apaixonada por outro bobalhão.

Anna e Derek Jacobi

A trama de Anna não sairia disso se o seu pai não fosse assassinado logo na primeira noite dos beneditinos em Gwytherin. E é a partir daí que Cadfael põe em prática seus dotes de detetive. Em sua inexperiência, Anna se sai razoavelmente bem e o episódio foi ao ar em agosto de 1996, dois meses depois de Tales from the crypt. Ao contrário das séries dramáticas tradicionais, Cadfael não tinha 22 ou 24 episódios por temporada; a primeira teve 4 episódios, e as três temporadas seguintes tiveram apenas três, cada. Também não tinham a duração tradicional; as séries de drama, em geral têm 45 minutos por episódio. Cada episódio de Cadfael tinha um hora e quinze minutos.


Talvez por isso – ou porque, como sempre, aquilo que é inteligente demais não é bem deglutido pelo intelecto limitadíssimo do público de televisão – a série não foi até o vigésimo livro, estacionando no décimo-terceiro. Críticos da série observam que 75 minutos ainda não eram suficientes para encapsular o universo criado por Pargeter, e que a adaptação da ITV acabava "superficializando" as tramas. Seja como for, a série era boa e seus adeptos ressentem-se de seu fim abrupto até hoje. Sensação com a qual, como se vê, os admiradores de Anna tiveram que aprender a lidar desde logo. A carreira dela poderia ter decolado já naquele momento, aliás, não tivesse ela tomado tantas decisões erradas, pouco depois.

The Stringer (1998)

O fim de 96 e o início de 97 Anna passou trabalhando incansavelmente. Crua, a fim de aumentar sua experiência e diversificar seus canais de divulgação profissional, ela embarcou em dois projetos capitaneados por diretores independentes.

O primeiro foi a obscura produção anglo-russa The Stringer, do diretor polonês Pawel Pawlikovski. Filmado em Moscou e em Varsóvia, o filme conta a história do jovem russo Vadik (Sergei Bodrov Jr.) que gosta de filmar ocorrências cotidianas como casamentos e festas, e um dia filma um grupo de rebeldes incendiando um troleibus. Crente de que aquilo teria algum valor jornalístico, leva a fita à agência da Reuters que existe por lá, e a submete à editora de jornalismo, Helen (Anna), que descarta a fita mas lhe dá um cartão para que a procure, se filmar algo importante.

Sergei Bodrov e Anna

Apaixonado pela editora, o rapaz começa a correr atrás de notícias para poder vê-la novamente (daí o título Stringer, que na gíria inglesa significa alguém que trabalha como free-lancer para uma empresa jornalística) e acaba travando contato com um candidato à presidência, Yavorsky (Vladimir Ilyin), um político excêntrico, agressivo e louco por notoriedade. Segundo se diz por aí, o filme capta com alguma competência o clima relativamente anárquico da Rússia pós-debacle da URSS, em plena era Yeltsin. Porém, conquanto fosse um diretor razoável de documentários, Pawlikowski na época ainda não tinha qualquer domínio na direção de um longa de ficção, e essa falta de traquejo fica patente no filme. Começa pela escolha do protagonista, o superlativamente péssimo Bodrov Jr. (quase me sinto mal falando assim do garoto, que morreu quatro anos depois, aos 31 anos, em uma avalanche, quando dirigia seu segundo filme), que tem cara e voz de um perfeito retardado mental. Continua com a sub-utilização de Anna, cujo papel é mínimo, sem graça e só serve para mostrá-la semi-nua ou em cenas eróticas insossas com Brodrov.

O filme ficou mais de um ano na prateleira e só teve sua estréia em Cannes em maio de 98. A reação foi morna e o filme se perdeu para o grande público em meio à burocracia da distribuição. Hoje está esquecido e não creio que foi sequer lançado em DVD. Anos depois, Anna disse o seguinte sobre filmar na Rússia: “Tive que me virar completamente sozinha por oito semanas vivendo em um daqueles blocos stalinistas de Moscou, com caras da Máfia ligando pra mim, me pedindo sexo”. Infelizmente, é só o que se poderia pedir dela, num papel tão medíocre. Uma das críticas ao filme no IMDB vai direto ao ponto e revela a fama que Friel infelizmente granjeara entre os telespectadores, quando afirma que “talvez isto [o filme] seja uma vingança de Friel contra todos os adolescentes que a têm assistido em coisas como esta só para vê-la nua/ beijar uma garota/ mostrar a bunda e etc., fazendo-os assistir um pobre filme russo só para ver um pouco de nudez!”


Com um protagonista decente, um ritmo mais dinâmico e um desenvolvimento melhor do papel de Anna, onde seu oportunismo na sedução do rapaz, para conseguir mais notícias sobre Yavorsky, fosse bem explorado, The Stringer não seria um filme ruim. A história é interessante e tanto Anna quanto Ilyin são ótimos atores. Também merece destaque a ótima trilha sonora do polonês Zdzislaw Szostak.

The Tribe (1998)

De volta da Rússia, no início de 97, e ainda desejosa de trabalhar com diretores alternativos, sem nomeada, mas respeitados no meio, Anna começou a trabalhar em The Tribe, roteirizado e dirigido pelo inglês Stephen Poliakoff. Ao contrário de The Stringer, porém, onde Anna representava o único elemento ocidental do filme, The Tribe tinha um elenco de estrelas inglesas de médio-porte. O filme parte de uma premissa interessante: é a história de Jamie, um executivo mauricinho (Jeremy Northam) que recebe a incumbência de despejar um estranho grupo de pessoas que mora em uma área destinada à construção de um condomínio de luxo. No processo, ele descobre que os habitantes do local estão longe de ser uma seita de fanáticos religiosos ou uma reles turba de desocupados, e são, de fato, uma "tribo" de hippies pós-modernos, meio góticos, todos lindíssimos e sexualmente livres, que se sustentam com a venda de artigos eletrônicos de última geração, contrabandeados.

Anna e Jeremy Northan

E é lógico que Jamie também fica deslumbrado com a líder do grupo, Emily (Joely Richardson) e com a inquieta Lizzie (Anna), que em seus momentos de laser divide os lençóis com outro membro da tribo, Adam (Jonathan Rhys-Meyers, que aos 21 anos, tinha ainda mais cara de mixê do que hoje). Aliás, assisti esse filme esperando o tão comentado menage a trois de Anna com Northam e Meyers. Foi grande minha surpresa, portanto, quando percebi que a cena é boba, curta, brochante e poderia ter sido simplesmente sugerida, sem a necessidade de mostrar os três espremidos em uma caminha.

O insulso menage a trois de Anna, Northan
 e Rhys-Meyers em The Tribe

Apesar de tudo, e por incrível que pareça, eu gostei do filme. Ele é pretensioso, assim como o diretor, e a trama é fundamentalmente tola, mas em muitos aspectos essa temática da tribo gótica – em que as mulheres são lindas e liberadas, e imagina-se que as cenas de sexo serão explicitas e no fim são bobinhas e poderiam passar tranqüilamente em horário nobre – faz lembrar um pouco a estética cinematográfica dos anos 80, e não se pode assistir como se fosse algo cru e realista. O trio de protagonistas – Northam, Joely e Anna – está muito bem afinado e as duas, particularmente, estão extraordinárias e têm um embate pra lá de memorável no fim.

Anna e à direita, Joely Richardson e Jeremy Northan

É uma pena que Poliakoff tenha sido tão burro e sem qualquer visão de sua própria obra, para não compreender que o filme como um todo seria ofuscado, e lembrado eternamente apenas por aquele insulso menage a trois de dois minutos.

Como alguém disse brilhantemente no fórum de discussão do filme, no IMDB, "se o roteiro e/ou o diretor fossem um pouco melhores, talvez não precisássemos ter seguido por esse caminho...". Hoje o filme é visto sob uma lente mais complacente do que aquela com que foi julgado na ocasião em que foi transmitido pela primeira vez na TV, em junho de 1998. Não se pode dizer, porém, que tenha trazido qualquer benefício à carreira dos protagonistas. Pelo contrário; apenas ajudou a fortalecer a imagem de Anna como uma atriz para papéis picantes, onde há nudez ou sexo. E quanto a Poliakoff, ele me faz lembrar alguns diretores brasileiros de cinema; são respeitadíssimos mas ninguém sabe ao certo porquê.

The Land Girls (1998)

Em meados de 97 houve um salto apreciável de qualidade e Anna foi da tribo gótica para a Segunda Guerra. The Land Girls é baseado no livro homônimo da escritora inglesa Ângela Huth e conta a história de três mulheres alistadas voluntariamente no que se denominava The Women Land Army, grupo de mulheres que se oferecia para trabalhar em fazendas, em todo tipo de serviço, enquanto os homens estivessem na guerra. Stella (Catherine McCormack, ainda gozando da curta fama que lhe rendeu a participação em Brave Heart, de Mel Gibson, três anos antes) é a mais ajuizada e está noiva de um soldado em combate; Rachel Weisz, que se tornou conhecida dois anos antes por coadjuvar Liv Tyler no Stealing Beauty de Bernardo Bertolucci, é a romântica e puritana Ag, ainda virgem aos 26 anos, e Prue (Anna) é seu exato oposto; espevitada, atrevida, engraçada e liberada sexualmente. As três vão para a mesma fazenda, onde moram um casal de meia-idade e o filho (Steven Mackintosh, ator mediano que gozou de prestígio durante cinco minutos, na Inglaterra), frustrado e infeliz por ter um problema cardíaco que o impede de ser piloto da Força Aérea Britânica e lutar por seu país.

Não conheço o livro (relativamente famoso na Inglaterra), mas acredito que o filme tem duas grandes falhas: em primeiro lugar o roteiro idiota e superficial de Keith Dewhurst e David Leland, este último, também diretor do filme. Em segundo, a escolha do anti-galã Mackintosh para o papel de Joe.

Catherine McCormack e Steven Mackintosh

(spoilers) Pálido e raquítico, ele tem uma noiva, mas é seduzido por Prue logo no começo. Até aí não há grande absurdo, considerando a tendência de Prue para casos inconseqüentes. Em seguida, vendo que Ag começa a namorar um sujeito mas está em pânico sobre o que pode acontecer entre os dois, já que é inteiramente ignorante em relação a sexo, Prue recomenda que ela transe com Joe. Difícil engolir a lindíssima Rachel Weisz com uma lombriga como Mackintosh, além do que se poderia questionar a inconveniência dela perder a virgindade antes do casamento, sendo recatada como é. Em todo caso, como anti-galã, aceita-se que ele tenha uma noiva insípida, um caso com a promíscua Prue e uma transa didática com Ag.

McCormack, Anna e Weisz em cenas de The Land Girls

O que realmente não convence é a paixão fulminante que Stella desenvolve por ele. Tudo acontece aos trancos e barrancos, sem maior aprofundamento, e de uma hora para outra ela deixa de amar seu noivo e se apaixona por Joe. Os diálogos românticos entre ambos (sobretudo o da escada) não são apenas cretinos; são inteiramente falsos, não há química entre eles, não há uma única faísca de atração. Une-se a pobreza do roteiro com o imenso equívoco de escalar Mackintosh.para esse papel.

O filme era veículo para McCormack, na época a atriz que detinha maior fama entre as três. A cena mais dramática, entretanto, é de Anna, quando recebe a notícia de que seu marido morreu no dia seguinte ao casamento deles. Na banheira, quando chora e lamenta a morte do marido junto às companheiras, o que poderia ser uma chance para que ela e as outras duas brilhassem, transforma-se em uma choradeira sem graça ornada de frases piegas e manjadas. Uma pena. Ainda assim, mesmo que o declive trágico faça com que o filme se perca, do meio para o fim, The Land Girls é perfeitamente assistível. Estreou no festival de Sundance em janeiro de 98 e na Inglaterra em setembro. O que não se pode deixar de comentar é o destino dos quatro: McCormack e Mackintosh, os dois protagonistas, estão hoje praticamente esquecidos; aos 38 e 43 anos respectivamente, trabalham quase que exclusivamente em filmes e séries menores, na TV inglesa.


Rachel Weisz, a mais apagada do filme, recebeu sua grande chance no ano seguinte, com A Múmia, e hoje, aos 40 anos, é uma atriz do primeiro time hollywoodiano. Ganhou o Oscar de atriz coadjuvante pelo Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles, e mais uma lista infindável de prêmios por esse e outros filmes.

Outra curiosidade é que em fevereiro de 2010, 16 anos depois de escrever The Land Girls, Ângela Huth lançou uma continuação, chamada Once a Land Girl. Desta vez, a protagonista é Prue. Teria a autora carinho especial pela fogosa coadjuvante do primeiro livro ou estaria ela simplesmente vislumbrando mais uma adaptação cinematográfica? De uma forma ou de outra, é difícil imaginar Anna, hoje com 34 anos, voltando ao personagem. Especialmente porque a partir de The Stringer e The Tribe, e na seqüência, com The Land Girls, a jovem linda, carente e sexualmente liberada passaria a ser um desagradável estereótipo em sua carreira. E que ela, como sempre desavisada na escolha de seus papéis, nada faria para impedir.

Our Mutual Friend (1998)

Seu último trabalho de 1997, porém, foi muito bom. A BBC e a CBC (Canadian Broadcasting Company) se uniram para produzir uma minissérie baseada no romance Our Mutual Friend, de Charles Dickens. Para transformar o livro em roteiro convocaram a relativamente desconhecida Sandy Welch, e a direção foi entregue a outro nome pouco familiar, Julian Farino (hoje dirigindo séries como The Office, Entourage e etc.). A minissérie tem seis horas, divididas em quatro capítulos, e foi ao ar pela BBC em janeiro de 1998.

Our Mutual Friend parece ser uma crítica de Dickens às convenções da sociedade inglesa mais purista e preconceituosa do século XIX. Uma das primeiras cenas da minissérie mostra as conseqüências de uma união meramente oportunista, na festa de casamento de um homem e de uma mulher que só se casaram porque acreditavam que o outro era rico. Horas depois de casados descobrem que ambos são paupérrimos e que caíram na conversa fiada de um amigo. A história, porém, só começa mesmo quando um pescador encontra num rio o corpo que se supõe ser de John Harmon, jovem que viajava a Londres para receber a imensa fortuna deixada por seu pai. Além da fortuna, o jovem também receberia uma esposa, que o pai escolhera para ele. Morto o jovem Harmon – como se crê, a princípio – a fortuna vai para Nicodemus Boffin (Peter Vaugham), um modesto e antigo funcionário da pedreira que pertencia ao velho Harmon. Eis a segunda crítica, nos comentários desairosos e condenatórios que são feitos quando corre pela sociedade a notícia de que um sujeito sem qualquer posição social enriquecera da noite para o dia.

Anna, Peter Vaugham e Pam Ferris
(spoilers) Boffin se mostra generoso e resolve procurar a moça que estava prometida a John Harmon, e que ficara a ver navios com a morte do jovem. Oferece à moça – Bella Wilfer (Anna) – que vá, como sua protegida, viver com ele e com a esposa (Pam Ferris). Ela, que odiava sua pobreza e era obcecada por o dinheiro, aceita e vai morar na opulenta mansão dos Boffin, onde passa a freqüentar as mais ricas e badaladas festas da sociedade. Também desenvolve um convívio com o secretário dos Boffin, um jovem chamado John Rokesmith (Steven Mackintosh). O secretário, como se vê logo no segundo capítulo, é na verdade John Harmon, e o rapaz que morreu com seus documentos era um companheiro de viagem. Juntos, haviam bolado um plano (pra lá de rocambolesco) de que chegando a Londres, aproveitariam a semelhança física de ambos e trocariam de identidade, o que daria ao verdadeiro Harmon algum tempo, que ele utilizaria espionando sua futura esposa, Bella, a fim de descobrir se ela era virtuosa ou não. O companheiro de viagem, no entanto, trai Harmon e se mancomuna com vigaristas do navio com quem acaba se desentendendo pouco depois. Ambos são espancados e jogados para fora do navio. Harmon se salva e o companheiro morre, carregando sua identidade. Passando-se por Rokesmith, Harmon arranja um emprego com os Boffin, podendo, dessa forma, seguir seu plano original de ficar por perto para observar Bella.

Anna e Keeley Hawes

No meio tempo, Mortimer (Dominic Mafham), procurador do velho Harmon, e seu amigo Eugene (Paul Macgann), se interessam pelo caso e conversam com o pescador, Gaffer Hexam (David Schofield), que encontrou o corpo do suposto Harmon. Este tem um casal de filhos e a moça, Lizzie (Keeley Hawes), fascina Eugene, que resolve providenciar um tutor particular para ela. Só que a moça manda o irmão Charley (Paul Bailey) estudar em um internato e em uma das visitas que ele lhe faz, tempos depois, leva seu professor, que desenvolve uma paixão fulminante por Lizzie. É o terceiro vértice da crítica de Dickens; Lizzie é uma moça pobre e sem qualquer perspectiva de subir na vida pelo casamento. Seus pretendentes são Eugene, que tem berço mas não tem dinheiro, e o professor Headstone, que tem uma posição social respeitável mas é desequilibrado e não conquista a moça. Neste caso é brilhantemente desenhado o personagem do irmão Charley, que deixa de ser um reles ignorante e se torna um rapaz instruído, graças à irmã, ao mesmo tempo em que é contaminado por todo o moralismo da sociedade e acaba rejeitando a irmã por ela não aceitar a proposta nupcial do professor.


A trama se desenvolve na mudança que a riqueza vai operando no caráter da frívola Bella, so trivial, so capricious, so mercenary, and yet, so beautiful, nas palavras de Harmon. Inicialmente deslumbrada com a riqueza e determinada a se casar com o pretendente mais abonado, ela aos poucos vai percebendo o absoluto vazio daquela vida e passa a desejar um amor verdadeiro. Boffin, por sua vez, vai vivendo distinta e generosamente, embora tenha que enfrentar chantagens de dois vigaristas – Silas Wegg (Kenneth Cranham) e Venus (Timothy Spall) – que encontram enterrado na pedreira um segundo testamento do velho Harmon, onde toda sua fortuna é deixada para a Coroa. E Lizzie vive seu inferno particular, contemplando a impossibilidade de casar-se com Eugene, que possui um status social incompatível com o dela, e tendo que rejeitar as investidas psicóticas do professor Headstone, que não se conforma em ser rejeitado por uma plebéia e conta com a ajuda do mau-caráter Rogue Riderhood (David Bradley) para sabotar quaisquer planos amorosos que a moça possa cultivar com Eugene.


Our Mutual Friend é um trabalho excepcionalmente bem feito pela BBC, e tem seu valor ampliado por um elenco excelente. Peter Vaugham e Pam Ferris estão ótimos no simples e benevolente casal Boffin. Paul Macgann empresta o desapego necessário ao entediado Eugene, assim como Keeley Hawes estampa fragilidade e perseverança na medida certa à sua Lizzie. Steven Mackintosh tem aqui a oportunidade de expiar seus pecados de The Land Girls. O retraído e circunspecto Rokesmith lhe cai como uma luva e transforma todas as suas deficiências em artifícios para a composição de seu personagem. Bella não cai de amores por ele porque sim, como ocorre com Stella e Joe em The Land Girls; ela atravessa um processo árduo de realização e arrependimento até se dar conta de que Rokesmith é o homem que procura. O público acompanha essa transição e torce pelos dois no fim.

David Bradley, David Morrisey e Kenneth Cranham
A minissérie, entretanto, pertence a quatro personagens: primeiramente Bella, soberbamente interpretada por Anna. Não há excessos, não há obviedade; sua personalidade ao mesmo tempo mimada e ajuizada é cativante e vai do cômico ao dramático com facilidade. Ela é mercenária apenas da boca para fora; sua sanha pelo dinheiro é somente o ímpeto adolescente de experimentar aquilo que nunca esteve a seu alcance e a obsessão com o dinheiro arrefece naturalmente, depois de saciado seu desejo de sair da pobreza. Em segundo vem David Morrisey, como o atormentado professor Headstone. Nunca vi talento em Morrisey (que por sinal enterrou sua própria carreira na dantesca seqüência de Basic Instinct) mas não resta dúvida de que este foi um grande trabalho. Sua tensão chega a ser palpável, de tão real, a cada conversa que tem com Lizzie, e embora ele não passe de um pobre diabo cujo poder se encontra inteiramente nas aparências, não há como não sentir uma certa pena vendo a profundidade da miséria emocional que se apodera dele com a rejeição da moça.

Timothy Spall, Kenneth Cranham, Anna, Steven Mackintosh, Martin Hancock,
 Pam Ferris e Peter Vaughan

Anna e Steven Mackintosh

Por fim, os dois vilões: David Bradley (hoje mundialmente conhecido como o carrancudo Argus Filch dos filmes de Harry Potter) perfeito como Rogue, comparsa nas maldades de Headstone, e Kenneth Cranham, o perneta Wegg, que tenta chantagear Boffin de todas as maneiras. A minissérie teve nove indicações ao Bafta. Ganhou em quatro categorias menores e perdeu na categoria de melhor ator, Timothy Spall, que trabalha efetivamente em quatro ou cinco cenas, tem atuação apagada e não precisava ser indicado. É lamentável. Como ensemble, todo o elenco merecia ter sido premiado. Anna adentraria o ano de 1998 em uma nova co-produção da BBC, desta vez pulando de Dickens para Stevenson.

St. Ives – All for Love (1998)

Embora tenha sido produzido pela Miramax, em parceria com a BBC e mais um punhado de pequenos estúdios ingleses e franceses, não saberia dizer se St. Ives (também referido como All for Love) alguma vez foi exibido na telona. Pode ser que sim, já que o elenco traz craques que não fariam um filme para televisão simplesmente pelo prazer. Seja como for, não chegou a marcar época, no cinema ou na TV.

A história é livremente baseada no livro St. Ives: being the Adventures of a French Prisoner in England, do escritor escocês Robert Louis Stevenson (1850/1894). Como o célebre criador de Jekyll e Hyde morreu sem terminá-lo, o texto foi concluído três anos mais tarde por seu colega inglês Arthur Quiller-Couch. Trata-se de um livro de memórias narrado em primeira pessoa pelo soldado do exército napoleônico Jaques Keroual de St. Ives, e conta suas peripécias como prisioneiro na Inglaterra, sua fuga da cadeia, seu romance com a inglesa Flora Gilchrist e desvenda seu misterioso passado aristocrático.

O filme é razoável, mas tem-se fortemente a sensação de uma bela oportunidade perdida. O grande ponto negativo é a direção, quadrada e simplista, quase incompetente. O diretor Harry Hook tinha apenas 37 anos na época e trazia no currículo um ou dois filmes de repercussão nula, estando, portanto, totalmente despreparado para encarar o que poderia ter sido um épico romântico e engraçado, no estilo de qualquer um dos filmes baseados em livros de Jane Austen.


A escolha do francês Jean Marc Barr para interpretar o protagonista foi um daqueles erros que comprometem a produção como um todo. St. Ives é um personagem maravilhoso porque mistura o seu heroísmo de soldado, seu charme e um poder nato de sedução, com o fato de que é desajeitado, meio palhaço, divertido e irônico. Há uns 20 anos, esse papel teria caído como luva em Mel Gibson ou em Tom Selleck. Jean Marc Barr não transmite nenhuma dessas qualidades, além de ficar dolorosamente claro que seu cabelo é, de fato, uma peruquinha muito safada.

Jean Marc Barr: um homem e sua peruca

Lamentavelmente, o extraordinário elenco é desperdiçado. O timing da comédia é falho e a dupla cômica formada pelos competentíssimos Richard E. Grant e Miranda Richardson acaba não tendo espaço para brilhar como deveria. Jason Isaacs (outro que o mundo inteiro hoje conhece como Lucius Malfoy, dos filmes de Harry Potter) é irmão de St. Ives, e também poderia ter desfrutado de grandes momentos na disputa pela herança do avô, que não é ninguém menos do que o velho Michael Gough – o mordomo Alfred dos filmes do Batman – em prazeroso refrigério de suas inúteis pontas hollywoodianas.

Anna interpreta Flora, o interesse amoroso de St. Ives. Sua escalação, ao contrário do que ocorre com Barr, foi perfeita. Eis, a título de curiosidade, a magnífica descrição feita por Stevenson (St. Ives na primeira pessoa), para a entrada de Flora na cadeia inglesa, onde os presos se reuniam semanalmente em uma espécie de mercado, vendendo pequenas peças de carpintaria feitas por eles mesmos, a fim de angariar alguns trocados:

There was one young lady in particular, about eighteen or nineteen, tall, of a gallant carriage, and with a profusion of hair in which the sun found threads of gold. (...) She had an air of angelic candour, yet of a high spirit; she stepped like a Diana, every movement was noble and free. (...) Her hair blew in the wind with changes of colour; her garments moulded her with the accuracy of sculpture; the ends of her shawl fluttered about her ear and were caught in again with an inimitable deftness. You have seen a pool on a gusty day, how it suddenly sparkles and flashes like a thing alive? So this lady’s face had become animated and coloured; and as I saw her standing, somewhat inclined, her lips parted, a divine trouble in her eyes, I could have clapped my hands in applause, and was ready to acclaim her a genuine daughter of the winds.

Anna, Richard E. Grant
 e Miranda Richardson

Em qualquer momento, poderíamos imaginar que Stevenson está descrevendo a própria Anna. Ela realmente resplandece a cada entrada, e os 30 segundos em que canta para St. Ives valem pelo filme todo. A estréia foi na França, em outubro de 98 e na Inglaterra em junho de 99. St. Ives é entretenimento leve e assiste-se com algum prazer pela presença de Anna, Miranda, Richard Grant, Jason Isaacs e Michael Gough. Mas imagina-se com a maior tristeza o que teria sido este filme nas mãos de uma dupla como Ismael Merchant e James Ivory, ou Ang Lee e Emma Thompson.

O ano de 1998 pode não ter sido o mais profícuo, mas foi o mais prolífico, profissionalmente, para Anna, até hoje. Ela foi da União Soviética contemporânea, com The Stringer, até uma tribo gótica em The Tribe, fez um pit stop na segunda guerra, com The Land Girls, e varejou o século XIX com Our Mutual Friend e St. Ives.

A Midsummer Night's Dream (1999)

Em 1999 o diretor americano (nascido no Hawai) Michael Hoffman decidiu levar a peça Sonho de uma noite de verão para o cinema, o que não acontecia, efetivamente, desde a montagem clássica de 1935, dirigida por William Dieterle e Max Reinhardt.

Sendo Shakespeare objeto de minha veneração há muitos anos, fugi desse filme desde sua estréia, assistindo-o apenas recentemente, quando soube que Anna fazia parte do elenco. E confesso que não desgostei. A mistura de atores ingleses - experimentados em Shakespeare, conhecedores de sua obra e à vontade com seus famigerados pentâmetros iâmbicos - com americanos e seu inglês anasalado e de erres incompatíveis com o léxico do bardo, costuma ser desastrosa, e foi uma das razões para eu ter evitado assistir antes, mas neste caso o resultado não chega a ser ruim. O elenco é extremamente irregular, não resta dúvida. O filme, porém, não sendo nenhuma maravilha, é melhor do que eu pensava.

Calista Flockhart, Christian Bale, Dominic West e Anna

O atores às voltas com a montagem de Píramo e Tisbe não têm um timing dinâmico de comédia (armadilha habitual para peças cômicas levadas à telona), mas estão razoavelmente divertidos. Kevin Kline é um bom Nick Bottom, Roger Rees traz seu conhecido talento para Peter Quince, e o então jovem Sam Rockwell se sai bastante bem como Flute. Entre os casais românticos, David Strathairn e Sophie Marceau estão deslocadíssimos e sem a mínima graça como Teseu e Hipólita. Anna está maravilhosa e perfeita como Hérmia; também competente é o Lisandro de Dominic West. Já Christian Bale só impressiona por sua acidentadíssima dicção e não convence como Demétrio. Não esperava dizer isso, mas Calista Flockhart foi uma ótima Helena e suas cenas com Anna são a melhor coisa do filme.


Michelle Pfeiffer, Kevin Kline (acima), Stanley Tucci e Rupert Everett

Na floresta, o nível cai dramaticamente. Stanley Tucci é um bom ator, mas seu Puck não tem absolutamente nada a ver com o personagem da peça, seja no físico ou na personalidade. Rupert Everett também está completamente perdido como Oberon. Juntos, parecem dois gogo boys e estão mais para um filme sobre Sodoma e Gomorra do que para Shakespeare. Resta Michelle Pfeiffer, péssima como Titânia. Seu inglês é o mais americano de todos, sua familiaridade com os versos shakespearianos é nenhuma e ela recita as falas como uma aluna canastrona de teatro. Não bastasse isso, a química – interpretativa e sexual – entre ela e Rupert Everett é zero, além dela parecer bem mais velha do que ele.


De qualquer forma, é um filme agradável, um texto de Shakespeare e um excelente trabalho de Anna, que pelos dois anos seguintes não faria nada memorável, até voltar à tona com Me Without You, em 2001.
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2 comentários:

  1. Bernardo meus parabéns pelo excelente post sobre a Anna.
    Eu participo da sua comunidade no Orkut e como você também acho um disperdicio uma atriztão talentosa, cheia de excelentes filmes nas costas ficar na sombra de atores de "baixa" qualidade.
    Ás vezes me pergunto o que Reese Witherspoon, que a queria Anna não tenha?
    Outr dia assisti o Me Without You e me encantei como Michelle Willians e Anna fizeram do filme grandioso.
    Assisti Bathory que me deixou de boca aberta com atuação dela.
    Infelismente não assisti tantos filmes da Anna, pois não acho muitos com legenda, meu inglês é fraco.
    Mas ainda tenho esperanças que essa atráz que além de linda e talentosa, tenha sua fama merecida.
    Até os fãs sites dela anda desatualizados. =(
    O último trabalho dela que eu vi foi um clipe Manic Street Preachers - (Its Not War) Just The End Of Love.
    Vou ficar na torcida para que isso mude pra ela, realmente ela não merece ficar em sombra nenhuma e com filmes bobos.

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  2. Nas próximas partes comentarei os filmes citados por você, como Bathory e MWY. Entretanto, não posso concordar que ela esteja "cheia de filmes excelentes nas costas". Na verdade acredito que ela esteja cheia, mesmo, é de filmes PÉSSIMOS nas costas, e que suas más escolhas profissionais sejam um dos motivos dela permanecer relegada ao segundo time hollywoodiano, e às vezes nem isso. Abraços, obrigado por escrever.

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