segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Minestrone Cultural XI


Da série "Historical footage made in Brazil":


1931 - Temer seduz sua primeira mulher. (20/10/2017)

THE KINGDOM OF DREAMS
AND MADNESS (2013)

Não, não é um documentário sobre a história do Ghibli. Fui assistir pensando que era, mas já nos primeiros quinze minutos me dei conta de que se trata, na verdade, de um documentário sobre o processo de criação do último filme escrito e dirigido por Miyasaki, "Kaze tachinu".

A diretora Mami Sunada acompanha Miyasaki em sua rotina diária, de seu atelier particular aos estúdios do Ghibli, onde ele trabalha sem parar nos storyboards do filme. O que se vê é o retrato da simplicidade fundamental do gênio. Miyasaki fuma o dia inteiro, brinca com todo mundo, tira sarro do ator que dubla o personagem Jiro, faz questão de acompanhar a ginástica coletiva a que são, ocasionalmente, submetidos os desenhistas, e expende, aqui e ali, seus pontos de vista sobre o mundo e a humanidade. Tudo permeado pela relação de Miyasaki com a história de "Kaze tachinu", cujo protagonista, Jiro Horikoshi, engenheiro aeronáutico responsável pelo design dos aviões utilizados pelo Japão na segunda guerra, é de certa forma baseado em seu próprio pai.

Interessante é também o personagem oculto, Isao Takahata, que produzia ao mesmo tempo, em outro estúdio do Ghibli (provavelmente porque o mesmo estúdio não comportaria dois polos tão contrários, ou tão semelhantes) o seu "Kaguyahime no monogatari", lançado dois anos depois. Descobrimos que o ausente Isao - que só aparece em imagens de arquivo - não é apenas o sócio de Miyasaki no Ghibli, mas seu inimigo querido, seu antípoda criativo e também seu alterego. Miyasaki não economiza elogios ou críticas ao velho mentor.

Ao mesmo tempo vemos o responsável pela parte administrativa do estúdio, Toshio Suzuki, desdobrando-se em quatro para poder atender as demandas, pedidos, exigências, e, em geral, as idiossincrasias dos dois grandes criadores.

Recomendo, porque como já disse anteriormente, recomendo TUDO que seja relacionado a esse grande gênio. Mas gostaria que o documentário fosse sobre sua obra, e não sobre apenas um filme. (30/10/2017)

ATOMIC BLONDE (2017)

Como ocorre hoje em dia com a maioria dos filmes de Hollywood, soube do lançamento de Atomic Blonde acidentalmente. Nos primeiros minutos, com a linguagem de video clipe e aquele mundo bem babaca de HQ em que todos são vilões malvados e vivem fumando, bebendo, trepando ou de ressaca, temi pelo que seriam as próximas duas horas. Mas acabei gostando. É um filme de ação despretensioso. Charlize é uma mistura de Jack Reacher e John Wick. Está excelente como sempre.

Um ponto negativo (pelo menos para mim): O filme está apinhado de uma dúzia das mais óbvias e clichezíssimas referências musicais dos anos 80. Não me agrada. Mesmo erro crasso da segunda temporada de Stranger Things. Trilha sonora dos anos 80 que não representa os anos 80 dedicada a quem não viveu os anos 80. (08/11/2017)

THE WIZARD OF LIES (2017)

Barry Levinson, que já dera inesperada bola dentro dirigindo Al Pacino no papel de Jack Kevorkian no ótimo "You don't know Jack" (2010), acerta novamente, desta vez com Robert De Niro no papel do famigerado "ponzi schemer" Bernie Madoff.

Arrepiante. Conhecia a história muito por cima e fiquei estarrecido ao conhecer os destinos e as ramificações das barbaridades cometidas por Madoff. É uma tragédia moderna das mais ricas e teria enchido de orgulho o italiano Carlo Ponzi (1882/1949), um dos inventores do esquema de fraude que beneficiou Madoff. E de quebra revemos Michelle Pfeiffer, depois de anos e anos, que aparece muito bonita aos 59 anos, no papel da esposa de Madoff, Ruth (que na realidade tem 76 anos).

Recomendo. (11/11/2017)

THE PASSION OF JOAN OF ARC (1928)


Que filme magnífico.

Maria Falconetti é um anjo. O filme de Dreyer é uma ode ao rosto de Falconetti. E seu rosto é uma sinfonia de sofrimento, lamentos e tristeza.

A cópia original foi exibida em 1928, o filme levantou um oceano de mimimis da igreja, dos franceses, dos ingleses, da puta que o pariu. Para piorar, os originais sumiram. Durante cinco décadas o público teve que se contentar com cópias cortadas, que utilizavam takes descartados, enfim, uma lamentável colcha de retalhos. Em 1981 uma cópia em perfeito estado foi encontrada inteiramente por acidente no armário de um hospital psiquiátrico em Oslo, na Noruega.

Graças a essa cópia podemos reverenciar o talento de Dreyer e o maravilhoso talento de Falconetti per omnia secula seculorum. (13/11/2017)

CALIFORNIA GIRLS



O problema de filmes e séries que tentam retratar a vibe da década de 80 é que fazem tudo de uma maneira fake, glamourizada, pasteurizada, e perdem o foco daquilo que de fato caracterizou aquela época.

Eu morava nos Estados Unidos quando David Lee Roth saiu do Van Halen. As primeiras gravações solo de Dave foram regravações de músicas antigas, caso de California Girls, lançada pelos Beach Boys na década de 60. Não preciso dizer nada, a não ser que todos as suas releituras - até mesmo para That's Life, de Frank Sinatra - são melhores do que os originais.

Para os amantes da década de 80: ISTO é a década de 80. Não o que se vê em Stranger Things, Atomic Blonde e etc. Desde a introdução longa e desnecessária até as mulheres com seus cabelos bufantes e seus corpos maravilhosamente naturais (com exceção da mulher bombada, uma raridade naquela época em que os anabolizantes ainda não haviam viralizado nas academias), as roupas hilárias de Dave e todos os turistas estereotipados (que provocariam uma síncope na patrulha do PC).

Saudade. (19/11/2017)

EVA TODOR (1919/2017)

Com Eva, em 1990

Embora chamada incorretamente de Eva "Tudor" por muita gente, o sobrenome escolhido por Eva era "Todor", e não havia como enganar-se; seu sobrenome original era "Fodor" e ela não perdia oportunidade de fazer piada sobre a desgraça que teria sido deixar o nome, tal qual constava em sua certidão húngara de nascimento.

Bailarina do curso de Maria Olenewa no Teatro Municipal do Rio, Eva contava apenas 14 anos quando conheceu e casou-se com o revisteiro Luiz Iglesias. Por sua mão estreou no Teatro Recreio, na companhia dos craques e já veteranos Oscarito e Aracy Côrtes. A revista era Há uma forte corrente, de Iglesias e Freire Junior. Nesse espetáculo Aracy lançou o samba "Na Batucada da Vida", de Ary Barroso e Luiz Peixoto. Um verdadeiro batismo de fogo. O ano era 1934.

Reconhecida por seu talento excepcional, não demorou para que Eva tivesse sua própria companhia, assim como Dulcina, Bibi e as maiores atrizes da época, e a mantivesse durante quase 20 anos. "Eva e seus artistas". Espraiou repertório, brilhou no drama e na comédia. Sucesso atrás de sucesso. Prêmios e mais prêmios. Os ingressos de suas temporadas eram disputados a tapas nas bilheterias do Rio e São Paulo. Incentivou, inspirou e lançou inúmeros autores, atores e atrizes.

Entre teatro e TV, Eva teve 80 anos de carreira. Assim como Bibi, é passado e presente ao mesmo tempo. Conversar com ela era estabelecer uma linha direta com a Praça Tiradentes. Com Aracy, Alda Garrido, Carmen Miranda, Margarida Max e todas as rainhas do Teatro de Revista.

Uma imensa dama do teatro. E uma mulher doce, amável e inteligentíssima.

Deus a tenha.

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A bailarina Eva, aos dez anos
Considerando que o Brasil é o país nº1 da falta de memória, não espero que as gerações atuais saibam o que essa mulher representou para o nosso teatro. Mas  pelo amor de Deus  será possível que nem os jornalistas PAGOS para ter essas informações conhecem Eva??

Estou vendo todas as notícias sobre ela localizando sua estréia - graças ao erro de sites como a Wikipedia e o Itaú Cultural, evidentemente, porque não se espera que esse bando de ignorantes faça pesquisa em qualquer lugar que não seja um site que já fez a pesquisa por eles - na peça Quanto Vale uma Mulher, de Luiz Iglesias. ERRADO! Erro crasso e preguiçoso, devido á falta de pesquisa.

Segundo noticiado por seus pais aos jornais no fim da década de 20, quando Eva, aos 9 anos, começou a fazer sucesso como bailarina mirim, ela estreou na Ópera Real de Budapeste como bailarina com apenas 4 anos. Já no Brasil, teve dois recitais de dança amplamente divulgados pela imprensa, um no salão nobre do Correio Paulistano, em outubro de 1929, e outro no Teatro Municipal de São Paulo, no mês seguinte.

Matérias do Correio Paulistano e da Gazeta sobre as apresentações de Eva
no salão nobre do CP (10/10/1929) e no Municipal (13/11/1929)

De 1929 até 1932 veremos Eva em um ou outro evento beneficente em São Paulo. É a provável data de sua mudança para o Rio, quando começou a dançar com Olenewa. Imagina-se que Iglesias a tenha visto dançar por volta de 1933, pois vamos vê-la no Teatro Recreio desde o início de 1934. No dia 3 de janeiro há release, no Correio da Manhã, de um espetáculo com as músicas do carnaval vindouro (o "grito de carnaval", muito famoso à época) chamado Cae Cae Balãode Iglesias e Freire Junior, que anuncia grande elenco, encabeçado por Oscarito e Aracy Cortes, "e a vedeta Eva Todor, um encanto de atriz que deslumbrará o Rio de Janeiro".

Aparentemente o nome Cae Cae Balão foi limado de última hora e o espetáculo entrou em cartaz com o nome de Há uma forte corrente. Essa foi a estréia de Eva. 11 de janeiro de 1934.

Correio da Manhã, 3 e 9 de janeiro de 1934

Correio da Manhã, 11/01/1934
A verdadeira estréia de Eva

Quanto vale uma mulher estreou só no fim de setembro, no Carlos Gomes, com Aurora Aboim e Rester Junior nos papéis principais, e um grande elenco que incluía os pais de Dulcina, Átila e Conchita de Moraes, Mário Salaberry, o cômico Mesquitinha, as atrizes Hortênsia Santos, Cora Costa, Maria Costa e Norma Geraldy, entre outros coadjuvantes. Eva sequer estava no elenco!

Mais pesquisa, "jornalistas", e menos wikipedia. (10/12/2017)
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FEUD (2017)


"Feud" tem oito capítulos e fala sobre a inimizade de Bette Davis e Joan Crawford durante o período em que filmaram "What Ever Happended to Baby Jane" e em seguida "Hush Hush Sweet Charlotte", ambos com a direção de Robert Aldrich. O fio condutor da trama é um suposto documentário que estaria sendo produzido no fim da década de 70, sobre Bette e Joan, com depoimentos de amigas e contemporâneas como Olivia de Havilland e Joan Blondell. Com Susan Sarandon (idêntica) no papel de Bette e Jessica Lange (razoavelmente parecida) no papel de Joan, a série é impecável em termos técnicos. É muito bem feita, as recriações de cenários, a época, o elenco é brilhante, tudo é muito bom.

Mas os elogios param por aí. Para quem não tem idéia de quem são Davis, Crawford e o resto das celebridades reais mostradas na série, é uma história interessante. Lavagem de roupa suja nível hard. Quem conhece os personagens, suas carreiras e suas histórias, porém, fica com um gosto de EXPLORAÇÃO nível hard, na boca. Há tempos li "Ruy, o Homem e o Mito", de Raymundo Magalhães, sobre Ruy Barbosa. A sensação que tive é de que o autor - um notório oportunista, sem qualquer preocupação sobre a veracidade das informações que recheiam seus livros - juntou toda e qualquer história sobre Ruy, desde fofocas e anedotas até maldades, puras e simples, sem sombra de confirmação, e enfeixou-as em um livro. Lançou-o pela polêmica que causaria e as vendas subseqüentes, sem ter o mais ínfimo compromisso com a verdade.

Penso exatamente o mesmo de "Feud". Bette e Joan não se bicavam. Uma inimizade perfeitamente comum em Hollywood, entre atrizes do primeiro time daquela época de ouro. Aí juntam-se a isso dois ou três episódios mais ou menos importantes (como a cerimônia do Oscar de 1963 ou o abandono do set de Joan em "Hush Hush"), os livros sórdidos de parentes ressentidos, a maledicência de meia dúzia de escritores sem quaisquer predicados e os roteiristas espremerão isso até encher oito capítulos de cinqüenta minutos.

Bette e Joan
Zeta Jones (assim como o Jack Warner de Stanley Tucci) não se parece nem um pouco com Olivia De Havilland mas é talentosa e não compromete. O problema é o roteiro, um dos calcanhares de Aquiles da minissérie. Como Havilland não foi sequer sondada para ajudar na elaboração da personagem - pela razão óbvia de que jamais participaria de uma série feita com o fito único e exclusivo de ganhar audiência enxovalhando a imagem de duas atrizes que não estão mais vivas para se defender - os roteiristas dispensaram-lhe o mesmo tratamento dispensado às atrizes já mortas: deram asas à sua imaginação e abusaram tanto de invenções e de clichês que em certo momento não se acredita em mais nada do que dizem os personagens. Resultado: a grande Havilland, hoje com 101 anos, emitiu comunicado condenando a série com veemência e processou os produtores pela utilização indigna e não autorizada de sua imagem.


Porque tudo em "Feud" são clichês e meias verdades. É uma minissérie de Maria Adelaide Amaral. Um rumor vira um fato, um tique vira um hábito, uma exceção vira regra. Hedda Hopper era uma colunista imoral e gananciosa, é bem sabido; então ela vira a perversa mentora intelectual de toda uma trama sub-reptícia envolvendo o Oscar e seus ganhadores, como se ela ainda retivesse esse tipo de poder com quase 80 anos, em fim de vida e de carreira. Jack Warner tinha 70 anos quando tudo isso aconteceu, mas no filme é um fanfarrão estúpido, cruel e chauvinista, como se tivesse 40 anos e seu estúdio ainda fosse um dos pilares de Hollywood.

O "roast" de Bette no programa de Dean Martin é mostrado de forma debochada e falsa, como se fosse algo constrangedor e de baixo nível. Na verdade era um programa de comédia da melhor qualidade e que reunia os maiores artistas norte-americanos (está na íntegra no Youtube para quem quiser ver). É hoje um clássico da TV. Junto à Bette, naquele dia, estavam, entre outros, Vincent Price e Henry Fonda.

O ótimo Victor Buonno é exposto como homossexual e mostra-se sua prisão em um cinema gay de Hollywood; se verdadeiro, era fato que os produtores não precisavam exumar e na série isso é feito simplesmente para chocar, sem que tenha a mais remota relevância na história.


Os diálogos de Bette e Joan - que nunca aconteceram e são criação exclusiva dos roteiristas - são furados, falsamente confessionais e falsamente sentimentais. Quando Joan diz que ser linda era ótimo e nunca suficiente e Bette lhe responde a mesma coisa sobre ser talentosa, é apenas ridículo. É fake. Há cena praticamente igual no constrangedor "The Mirror has two faces" em que Barbra Streisend pergunta à mãe, interpretada por Lauren Bacall, sobre como era ser tão linda.

Ridícula também é a conversa final entre Bette, Joan, Hedda e Jack Warner. Dá-se a entender que até a morte Joan esperou uma reconciliação e isso objetivamente não é verdade. É um exagero absurdo da importância que as atrizes tinham na vida, uma da outra. Meses antes de morrer, Bette foi ao programa de David Letterman e este lhe perguntou sobre Joan; Bette respondeu calmamente que a relação das duas era profissional. Não estava dourando a pílula; com efeito, não havia o que responder. Talvez meia dúzia de picuinhas ou fofocas sobre Joan nos anos 30, ressentimento por ela ter recebido o Oscar de Anne Bancroft e acabou.

Na mesma linha, a relação de Bette e Joan com os filhos é exagerada, a relação com os amantes é exagerada, com os amigos, com todos. O sofrimento é exagerado, o drama é exagerado. Tudo é desproporcional. Tudo ultrapassará o limite da verdade objetiva e entrará deslavadamente na ficção. Ou na invencionice.

Linda e sexy: Joan Blondell
A maravilhosa e hoje tão esquecida Joan Blondell, muito bem interpretada por Kathy Bates, poderia ser um dos grandes personagens mas é figura decorativa. No início dos anos 30, quando Hollywood pertencia à Garbo e à Norma Shearer, Blondell surgiu como uma segunda "It" girl. Enquanto as duas outras esbanjavam beleza e elegância, Blondell era safada, aparecia de calcinha ou nua em seus filmes, na cama, na sala, na banheira; era divertida, gostosa, atrevida, colecionava namorados e escandalizava o público mais pudibundo (só nos filmes, mesmo, porque em sua vida pessoal era séria e reservada). Era a "pre-code queen", em referência ao código de moral instituído por William Hays logo depois, que censuraria os filmes considerados "imorais". Blondell era na época o que se poderia chamar "a primeira atriz do segundo escalão da Warner". Teve seu fastígio pouco depois do surgimento de Crawford e pouco antes de Davis, que chegou a ser sua coadjuvante. A série poderia ter aproveitado melhor essa circunstância, mostrando-a não apenas como uma velha palpiteira mas como alguém que conhecia muito bem as duas, conhecia toda a indústria, foi indicada a um Oscar e viveu intensamente aquele período, muito mais do que Olivia De Havilland, que só apareceu como coadjuvante em 1935, quando Crawford, Davis e Blondell já estavam no auge.

Se o propósito da série não fosse jogar no ventilador tudo o que se disse até hoje sobre as duas, seja verdade ou a mais rematada mentira, os produtores poderiam ter criado uma obra-prima de reconstrução de uma época. Tinham o dinheiro e o elenco para isso. Infelizmente optaram por caminho oposto.

Em suma: para quem não sabe quem são as pessoas retratadas, é uma série interessante com um roteiro ruim. Para quem conhece as atrizes, suas vidas e suas carreiras, é pura apelação. Baixaria de alto coturno. (18/12/2017)

A BILL OF DIVORCEMENT (1932)

Baixei pensando que era uma comédia e imaginei boas risadas com o bonachão e beberrão John Barrymore, um dos maiores atores norte-americanos, um dos piores alcoólatras da indústria cinematográfica e, de quebra, avô de Drew Barrymore.

Me enganei redondamente. O que acabei assistindo foi o primeiro filme de Katharine Hepburn. Um drama no qual foi dirigida pelo craque George Cukor e contracena com Barrymore, Trata-se da história de um homem que passou quinze anos em uma instituição psiquiátrica porque a neurose de guerra desencadeou nele um processo hereditário de demência. Ele melhora, por fim, e quando volta para sua casa - sem avisar - percebe que as coisas mudaram muito.

Kate era nova e inexperiente. Fala aos gritos, como um ator de teatro que não aprendeu a modular a voz. Mas o talento está todo ali, maciço e bruto, apenas esperando para ser polido. Barrymore faz seu pai e é espetacular. Aos 50 anos, está envelhecido, inchado e mesmo assim continua bonito e comove em cada cena que aparece. Como é bom quando um diretor sabe tirar de um ator aquilo que ele tem de melhor. Cukor fez isso com Barrymore.

Uma estréia assim não é para qualquer um. Kate realmente começou com o pé direito.

Recomendo. (20/01/2018)

PROFESSOR MARSTON AND
THE WONDER WOMEN (2017)

A excelente Bella Heathcote

Pensei que veria um filminho bobo, com todos os clichês do mundo sobre a criação de um personagem de quadrinhos. Foi o contrário. A personagem Wonder Woman é resultado de anos de estudo e experiências pessoais de seu criador. Por isso tem, surpreendentemente, estofo psicológico tão espesso e tão denso. Ela é, na essência, precursora e arquétipo do moderno feminismo.

À parte o roteiro imperfeito, por vezes piegas, por vezes raso, é um ótimo trabalho, com algumas cenas bastante memoráveis. O trio protagonista - Luke Evams, Rebecca Hall e Bella Heathcote - é competente e afinado.


Recomendo. (21/01/2018)

VALSA PARA BRUNO STEIN (2007)

Bruno Stein (Walmor) vive com sua velha esposa em um sítio onde ocupa seu tempo com a fabricação de tijolos artesanais e a escultura. Lá também vivem o filho Luis e a nora Valéria (Ingra Liberato), e as três filhas deles. Luis, no entanto, está sempre na estrada, o que ultimamente vem causando frustração e solidão à Valeria. Bruno, por sua vez, não sabe como se comunicar com as mulheres da família e tenta extravasar suas emoções na escultura. Ausências, diferenças e carências vão ebulindo e fazendo transbordar o caldeirão de sentimentos reprimidos de todos eles.

Um filme simples, delicado e despretensioso, com uma bela trilha sonora e interpretações excepcionais do grande e saudoso Walmor, e da linda e talentosa Ingra Liberato.


Recomendo. (24/01/2018)
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